Capítulo 48

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Repouso a tigela fumegante na mesa à minha direita, sentando na cama com cuidado e respirando pesado ao encarar pela milésima vez seu rosto pálido. Emma havia perdido o colorido na pele, o bronzeado e o corado em suas maçãs, quase como um cadáver.


Mas não perdeu um pingo de beleza e suavidade.


Após encontrá-la jogada na estrada, mudei a rota e vim para uma casa de campo em meu nome, mensalmente equipada caso algo aconteça e eu precise passar a noite fora. Com ela completamente desacordada, tirei suas roupas e dei-lhe um banho demorado, beijando e fazendo carinho em todos os seus machucados. Lavei seu cabelo com paciência, esfregando seu couro cabeludo e tirando tomo o vômito encrostado. Coloquei um camisão meu em seu corpo e vesti apenas um calção de dormir, deixando-a descansar enquanto preparava uma sopa.

E, agora, olhar para ela parece mentira, alucinação. Perdi a conta de quantas vezes pensei na possibilidade de Emma não estar viva, de ter sido cruelmente assassinada e jogada em algum barranco. Tê-la respirando em minha frente me faz querer beliscar meu braço, só para ter certeza de que não estou sonhando.

Passo delicadamente os dedos pelo seu cabelo ainda úmido, admirando a força que a loira carregava por baixo de suas evidentes olheiras. Inclino-me e esfrego a ponta de seu nariz no meu, beijando-o em seguida. Endireito a coluna e, com muito cuidado, arrumo seu travesseiro, fazendo com que sua cabeça ficasse o mais reta possível. Pego seu alimento, assopro o conteúdo e aproximo a colher já quente de sua boca semiaberta, impulsionando seu queixo e a obrigando a engolir a mistura com batata, cenoura e outros legumes. Ficamos nesse processo lento, eu e ela, como se nada nem ninguém existisse. A expectativa de vê-la abrir os olhos só cresce em meu peito, fazendo-me mirá-la de forma ainda mais atenta, buscando algum movimento ou início de despertar.

Depois de um bom tempo alimentando minha Emma, movo-a delicadamente para a esquerda e deito ao seu lado, colocando sua cabeça em meu peito e meu braço embaixo de seu pescoço. Meus dedos invadem seus fios, que cheiram a sabão, mexendo-se em um cafuné suave. Encosto meus lábios em sua testa e beijo sua pele, pensando quem poderia ter acabado com Swan dessa forma. Por qual motivo torturaram-na até morrer de desgosto da vida? Por que um processo lento e sofredor? Questionar tudo isso apenas me traz mais raiva, um sentimento ardente e urgente de matar quem quer que fosse.

A qualquer custo.

Ouço um grunhido embaixo de mim, acompanhado de um movimento lento e dolorido dos ossos de minha amada. A alegria invade meu coração e seguro seu rosto com a mão, procurando um vestígio de despertar.

- Emma? Emma, meu amor, você me ouve? – escorrego um pouco mais na cama, ficando à sua altura e podendo ver suas pálpebras mexerem-se de forma preguiçosa. – Swan? – acaricio sua bochecha e beijo seus lábios suavemente. Seus dedos encontram os meus em seu maxilar enquanto seu cenho se franze ao abrir com dificuldade suas janelas. E, então, ainda um pouco atordoada, ela mira-me, inicialmente com indiferença, como se estivesse processando tudo. Porém, aos poucos, vejo suas orbes brilharem com lágrimas:

- Killian... – seu queixo treme e a loira abraça-me com a força que lhe resta, respirando fundo e falhado. Seguro-a com saudade e também permito o choro vir, molhando ainda mais seu couro cabeludo. Depois de alguns segundos, Emma levanta a cabeça e encosta nossos lábios, fazendo-nos gemer de saudade. Não é um beijo invasivo, muito menos apressado. Com muita calma, exploro os cantos de sua boca que nunca esqueci, sendo arrebatado por um sentimento de nostalgia que voltou a ser presente. Sinto seu gosto doce e viciante e mais lágrimas saem de meus olhos, enquanto meu peito dói em tamanha emoção. Esfrego meu nariz no dela e encosto nossas testas. – Você é real? – ela questiona, apertando meu braço com veemência. Rio e seguro sua mão, entrelaçando nossos dedos:

- Sou sim, meu amor. Eu estou aqui. – dou um longo suspiro. – Senti tanto a sua falta. Tanto medo. De nunca mais te ver, te tocar, sentir, beijar... – vou pontuando e tocando seu rosto com meus lábios. Um riso frouxo sai de sua boca. – Eu prometo nunca, nunca mais deixá-la sozinha. – Emma nega com a cabeça e toca minha bochecha:

- Não foi culpa sua. – levanto uma sobrancelha e olho para baixo:

- Não é o que seu pai acha... – sussurro, mas, obviamente, ela me ouve. Swan franze o cenho:

- Como assim? O que ele lhe disse? – fecho as pálpebras e solto o ar, acariciando seu maxilar com o indicador:

- Que eu sou o causador de todo o sofrimento de sua vida. – percebo seu olhar tornar-se frio. – Que, se você não me conhecesse, seria muito mais feliz. – Emma traça minha testa com seus dedos:

- Não acredite em uma vírgula do que ele te disse. – ela aproxima-se. – Você me salvou, lembra? – assinto e beijo seu nariz. – Me salvou há quatro anos e agora. Sem você eu estaria perdida. – suas palavras causam um arrepio em mim e sorrio, colando ainda mais nossos corpos:

- Ah, Swan... Estou tão feliz que te tenho de volta. – ela pisca e umedece os lábios, passando as íris pelo quarto:

- Onde estamos?

- Em minha casa no campo. Ficaremos aqui por hoje e amanhã voltamos. – o silêncio reina por um momento, até que decido quebrá-lo. - Emma... – seus verdes voltam para mim. – O que aconteceu? Quem fez isso com você? – a loira engole seco:

- Cora e Rumple. – franzo o cenho. – Ela me raptou por causa de Milah. Não podia deixar que eu arruinasse o seu casamento. – arregalo as pálpebras:

- Ela sabe?

- Sabe e iria me matar. – trinco o maxilar:

- Nunca gostei dela... E o velho? – Emma dá de ombros:

- Não tenho certeza, mas acho que ele também tinha interesse nisso. Um acordo não sei. – cerro os olhos e seguro forte sua mão:

- Eu juro que se eu colocar os olhos nele, eu... – sua voz calma interrompe a minha:

- Você nada. Ele não vale a pena e não quero te perder. – abro a boca e levanto as sobrancelhas, brincando:

- Você confia tão pouco no meu potencial? – ela ri e bate levemente em meu braço:

- Não é isso. Sei que você daria uma bela lição nele, mas... – suspira. – Não quero correr esse risco. – solto seus dedos e acaricio sua bochecha:

- Fique tranquila, meu amor. Você nunca irá me perder.

- Promete?

- Prometo. 







E ai, mos! Quanta saudade! Todes bem? 

Sei que estou sumida, mas morta NUNCA! Voltei com mais um cap pra vocês. 

Tudo lindo e maravilhoso... Por enquanto hehe 

Besos, até mais! Amo vocês. 


Destino InfelizOnde histórias criam vida. Descubra agora