Algumas semanas se passaram, semanas essas que foram as mais intensas de toda minha vida. Não que eu estivesse me enfiando em aventuras, mas viver um romance proibido não é fácil. Na verdade, nunca pensei que teria coragem algum dia para abrir-me de tal forma para alguém. Killian e eu só temos nos dado melhor, apesar do medo de meu pai nos encontrar em umas das quartas-feiras e das emboscadas em que ele me coloca. Houve um dia em que Jones resolveu levar-me à um lago, alegando que estava calor demais para ficar somente no chão. Com muita resistência, acabei aceitando depois dele prometer-me que nadaríamos e nada mais. Mesmo perdendo um pouco do juízo com seus olhos cor de céu em mim, ainda sou intitulada "a consciência" da relação e encarregada de dar bons tapas na cabeça daquele homem quando comentários maliciosos aparecem.
Sim, sei que não sou a correta da história, estou traindo toda a confiança e amizade que Milah depositou em mim e sinto-me o monstro mais horrendo da face da Terra quando lembro de seus braços calorosos, de nossas conversas e seu olhar acolhedor. Mas, sinceramente, não olhá-la todos os dias torna as coisas um pouco mais fáceis do que seriam se eu ainda convivesse ao seu lado, e tenho plena certeza de que não há desculpa para o que eu, o que nós estamos fazendo, a não ser uma gigantesca falta de consideração e uma paixão incontrolável.
Algo que estranhei muito foi a volta das cartas de Bealfire, que, desde da semana retrasada, vem contando-me de sua rotina e do quanto sente falta da minha companhia. Papai vê as encomendas, porém não diz uma palavra, lançando-me somente um olhar de "eu avisei". O filho do Senhor Gold continua interessado na última proposta que me fizera, alegando que queria que eu fosse à sua casa em algum momento, assim como esperava que pudesse visitar-me o mais cedo possível. Eu ainda não o respondi, não faço ideia do que responder, principalmente depois de recordar a forma como o tratei na vez anterior que nos vimos. Estou em uma delicada corda bamba, que se for movimentada demais para o meu Norte, afetarei Killian e, provavelmente, acordarei um monstro pronto para tacar o inimigo. E, se a linha carregar muito para o meu Sul, trará alguém que só pioraria a situação novamente, que me cortejaria e receberia o apoio do homem que tem maior influência na minha vida: David Nolan, também conhecido como meu querido pai.
Não espero ser amante do Jones para o resto da vida. Sei que, em algum momento, tudo isso vai acabar, mas esperava, pelo menos, um noivo mais tolerável. Já fico contente em saber que eu tive um amor na vida, que admirei e que fui admirada. Só não queria que terminasse logo.
Pensar em uma vida sem os olhos azuis parece-me tão estranho.
Papai sairia correndo atrás de Killian se ficasse sabendo, o mataria e depois a mim... E aí assassinaria ele de novo. A imagem de David com um machado, gritando inúmeros xingamentos na direção de meu amado me faz rir de vez em quando, mas também preocupa-me.
Gostaria que as coisas fossem diferentes, que fossem mais fáceis e que não envolvessem tantas pessoas. Eu não poderia, simplesmente, ter conhecido Jones antes? Bea não poderia ter se apaixonado por uma moça chamada... Não sei, Tamara? Por que diabos meu pai não simpatizou de forma alguma com quem eu quero, porém estufa o peito para falar de alguém que diz que odeia romances?
Que diz que minha melhor chance é ele mesmo.
E se Bealfire estiver certo? Irei passar o resto da vida sonhando com um casamento que não ocorreu, com uma vida perfeita que não é minha? Por Deus, Milah é uma maldita sortuda! Ela pode amá-lo, abraçá-lo, beijá-lo, formar uma família com Killian... Eu não.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Destino Infeliz
Любовные романыKillian Jones, filho de um grande Senhor, não tem problemas com casamentos arranjados, estava disposto a casar-se de bom grado com Milah, herdeira de um grande título, até que o destino resolve lhe pregar uma peça, mudando completamente seu foco. Ou...