Capítulo 29

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Brennan


Eu nunca fui o pai ideal, nunca me dei ao trabalho de ser. Claro, em público tentei sempre manter as aparências, principalmente quando Killian cresceu, porém, no fundo, ele era e ainda é um grande fardo. Até me empenhei em gostar de sua companhia e fingir que éramos bons amigos, mas então, quando tudo estava caminhando bem, o maldito resolve sair beijando e pegando no traseiro da loira sem sal.

Meu filho traz um pesar em meu peito, lembra-me de minha amada, Alice, que era o ser mais lindo de todo o universo. E toda vez que eu tomo coragem para mirá-lo, ele me vem com aqueles grandes olhos azuis, iguaizinhos aos dela. Tudo naquele garoto recorda-me da minha falecida esposa, pois Killian é produto do que fomos, do nosso eterno amor. Vou ao seu túmulo em seu aniversário de morte e nascimento, mas recuso-me a ir no dia do nosso casamento, as memórias são muitas e trazem muita dor. Se eu tentasse olhar seu nome gravado na pedra quando o calendário marca 26 de novembro, acredito que cometeria suicídio.

Já amei o garoto, uma vez, antes de perder meu bem mais precioso, no tempo em que nós três éramos felizes. Lembro-me de carregá-lo nas costas enquanto ele dizia:


- Papai, corre! Temos que alcançar a mamãe!


Foi o tempo mais glorioso de minha vida, e eu o perdi. O ponteiro andou tão rápido que não pude acompanhar, sendo deixado no número doze.

Logo depois que ela se foi, não direcionei a palavra ou o olhar para Killian por mais de uma semana, não conseguia não debulhar-me em lágrimas. Sei que a criança de dez anos precisava de apoio, porém eu tinha maior necessidade, eu que vivi tantos momentos com Alice, momentos que, agora, são somente lembranças.

Enquanto encho minha caneca com chá, penso a respeito da noite passada, do fato de eu estar certo. Quando Milah disse-me que meu filho havia entrado em um clube de conversa de quarta-feira, senti dó da pobre moça. Sei como minha cria odeia clubes, assim como não é chegado em conhecer tantas pessoas novas de uma só vez, o que deixou uma grande pulga atrás da minha orelha, uma coceira chamada Emma. Era perceptível a tensão dos dois, ainda mais depois que trocaram carícias mais íntimas, mas se tinha uma coisa que não poderia acontecer era uma paixão entre ambos.

Há muito tempo, antes mesmo de Killian nascer, contratei um simples homem para trabalhar em casa cuidando dos cavalos. Não era uma pessoa ruim, até conversamos algumas vezes, porém era mais do que desajeitado. Deixou mais de três cavalos fugirem e perdi quase todas as economias da família nisso, obrigando-me a demiti-lo. Ele ajoelhou-se, implorou-me para não mandá-lo embora, que tinha que ajudar a mãe em casa, mas nunca fui de fazer caridade. Por anos esqueci-me do nome que carregava nas costas, contudo, quando Senhorita Swan entrou nesta residência, não tive dúvidas ao ouvir o Nolan como seu último sobrenome.

Achei que mantê-la aqui não teria problemas, visto que é muito mais prestativa que seu pai, no entanto não perdeu chances quando meu filho começou a suspirar por seus olhos cor de esmeralda. Foi então que eu vi: não passa de uma interesseira, assim como seu antecessor, que fazia um péssimo trabalho, mas que ainda implorava por dinheiro. Não ligo se Killian está ou não saciando seu desejo por aí, só não admito que seja a filha do Senhor Nolan.

Venho pensando em um plano para acabar com isso desde que voltei semana passada, depois de saber do novo compromisso do garoto pela noite, querendo deixá-lo o mais longe possível dela. Foi então, que lembrei-me do simpático homem que veio para nosso baile de máscaras, assim que Milah e meu sucessor se casaram, chamado Senhor Gold. Conversamos por pouco tempo, porém foi o suficiente para contar-me sobre sua proposta de casar Emma com seu filho, Bealfire. Pela determinação e certeza que carregava nas palavras e nos olhos, passou-me total confiança de sua missão, deixando-me, até, inspirado. E é exatamente desse tipo de aliado que estou precisando, um que não meça esforços para cumprir o necessário. Entrei em contato com Rumple há alguns dias, marcando de ir à sua casa ainda hoje e trazendo-lhe um dos melhores acordos já vistos.

Destino InfelizOnde histórias criam vida. Descubra agora