Capítulo 35

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- Qual você acha que está melhor? - Bea pergunta-me, mostrando duas maçãs bem maduras.

- A da esquerda. - digo em um fio de voz, colocando pra fora a mínima quantidade de ar possível. Ele levanta as sobrancelhas e faz um bico, considerando a observação e voltando a andar e pegar minha mão para enlaçar no interior de seu braço, como se fôssemos um casal feliz.

Quem me dera.

Depois da ameaça de quebrar cada canto de meu corpo caso eu ousasse olhar para Jones de novo, Bealfire as vezes age como se nada tivesse acontecido, elogiando-me constantemente e pegando na minha cintura com possessividade a cada oportunidade. E, de repente, grita comigo e bate em meu rosto, agarra meus pulsos e jura que vai me matar. Não faço ideia do que pensar ou o que se passa em sua mente, estou tão confusa que venho falando baixo, temendo uma explosão inesperada.



Temendo que ele cumpra sua promessa.




Não contei nada à ninguém, a não ser para Ella, que sei que valoriza um segredo. Não quero preocupar meu pai, Milah ou, ainda mais, Killian. Estou bem, meu marido coloca-me contra a parede todo dia, mas acredito que não passará disso, deve ser uma forma que ele encontrou de lidar com o ciúme dentro de seu peito. Em algum momento ele irá parar.

Bea diz que me ama.

Além disso, os hematomas não são tão ruins, nada que eu não consiga esconder com panos e farinha com água. Nada tão alarmante.

Acontece com toda esposa, não é?

Enquanto andamos e esbarramos na multidão, passo os olhos pelas cabeças e, por um momento, tenho a impressão de ver o homem que meu esposo mais odeia no momento. Pisco forte e balanço a cabeça, direcionando meu olhar novamente para o mesmo local e enxergando outra pessoa, o que me faz respirar fundo. Há alguns dias venho visto Jones e seus grandes olhos azuis, como se me perseguissem. Tem vezes que gosto de imaginar que é ele deitado ao meu lado na cama, um homem carinhoso, gentil, amoroso e querido, alguém que amo.

- O que foi? - miro o moreno ao meu lado, que contém o cenho franzido. - Você suspirou. - ele para de andar, começando a olhar-me da mesma maneira que ontem de noite e antes de ontem... E antes de antes de ontem. Minha íris encontra a sua por milésimos e, rapidamente, encaro meus pés, sentindo as pessoas reclamarem ao baterem seus ombros com os meus.

- N-Não foi nada. Perdoe-me, estava somente... - inicio a explicação, porém uma voz corta a minha.

- Emma! - levanto a cabeça e procuro a boca que me chama. - Aqui, Emma! - vejo um braço balançar no ar e logo identifico os cabelos grandes e negros de Milah. Arregalo as pálpebras e ouço Bealfire bufar.

- Impressionante... - ele solta e eu seguro-me para não rir.

- Querida! Que surpresa vê-la. - a morena abraça-me e e segura meus ombros, olhando meus braços, pescoço e rosto, como se procurasse algo. - Bealfire. - ela cumprimenta-o com a cabeça, que solta um grunhido em resposta. Milah suspira e revira os olhos sutilmente. - Bom, agora que lhe encontrei, eu estava pensando... Por que vocês não juntam- se a nós?

- À vocês? - pergunto, já sentindo a mão de meu marido tocar meu braço para puxar-me para longe.

- Eu e Killian estamos no restaurante aqui perto, vamos almoçar um assado. Podemos... - a voz cortante e masculina da roda atropela a doce e aveludada.

- Não, não podemos. Ainda temos coisas para comprar e vamos almoçar em casa, temos muito a fazer. - ele puxa meu pulso, mas a mão de Milah continuava em meu ombro e impede que eu saia do lugar.

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