- Oh, meu Deus! - tiro meus olhos do livro que estou lendo e encaro Milah sentada na cama, agora com a mão na barriga ainda pequena. Suas aulas foram canceladas naquela mesma semana, já que mudanças passaram a acontecer com a chegada dos 4 meses da gravidez, e me parece que essa é das grandes.- O que foi? Está sentindo dor? - levanto-me rapidamente da cadeira e sento em sua frente, colocando as mãos em seus quadris. Ela geme mais uma vez, mas, ao invés de exclamar sofrimento, minha esposa coloca minha palma onde estava a sua, olhando-me esperançosa. Fico alguns segundos parado, tentando perceber o que queria tanto me mostrar. Será que está afundando? O bebê está em risco? Tem duas crianças lá dentro?
- Milah, o que...? - paro de falar assim que sinto algo que deve ser seu pequeno cotovelo ou joelho em desenvolvimento. Abro a boca e miro seu rosto, que está coberto por lágrimas felizes. Solto uma risada nervosa e ajoelho-me na cama, com um pensamento latejando em minha mente:
Eu serei pai.
Já tinha certeza disso, porém parece-me que tudo ficou mais claro. Consigo ver ele ou ela em meu colo, indefeso, indefesa... Ah, nunca estive tão animado para ouvir um choro necessitado quanto agora, tão ansioso para conhecer um pequeno ser. Qual serão seus gostos? Será que gostará de comer como eu? Que cor será sua cor favorita? Será sorridente? Parecido ou parecida comigo? Com Milah? Como será por dentro?
Mal posso esperar para ter noites horrivelmente dormidas e acordar com olheiras fundas, desde que isso signifique que estarei ao lado do meu guerreiro ou da minha guerreira.
- Killian? - percebo que estava olhando fixamente para o chão do quarto e volto-me para minha esposa, assimilando esse primeiro contato. Seguro sua mão e sorrio, começando a chorar junto com ela. - Nosso bebê, Killy.- encaro sua barriga e abro suas pernas, deitando-me de bruços e descansando delicadamente a cabeça em seu ventre. Com o ouvido direito tento escutar algo, enquanto o esquerdo aponta para o teto. A risada de Milah preenche todo o espaço e seus dedos se perdem em meu cabelo, fazendo um cafuné.
Nesse momento, nada além da futura criança passa pela minha mente, nem mesmo Emma. É como se eu e esse serzinho estivéssemos nos conhecendo, mesmo que separados pela barriga da mãe. Fecho os olhos e sorrio ainda mais, pensando no momento que colocarei meus olhos nesse bebê, que ensinarei tudo o que sei, tentando passar o melhor sempre. Visualizar tudo isso, além de deixar-me ansioso e feliz, traz um certo medo também, visto que é minha primeira experiência como pai e convenhamos que eu não tenho a melhor referência de todas.
- Você será um ótimo pai, meu amor. Sei que vai. - ela diz baixinho, como se conseguisse ler meus pensamentos. Levanto a cabeça e pisco lentamente, olhando seu semblante feliz.
- Você também será um excelente mãe. - respiro fundo e, entre uma piscada e outra, vejo esse mesmo cenário com Swan, tanto romântico quanto casual. Assim que minha loira amada passa pelos meus pensamentos, abaixo minhas pálpebras e faço apenas um pedido aos céus:
Que eu tenha a chance de abraçar e amar minhas futuras crianças.
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A manhã seguinte marca dois dias até eu ver Emma novamente, até seu aniversário. Não lembro exatamente quando, mas foi em uma das nossas conversas sob a grande árvore do jardim que ela contou-me o dia que celebra a vida. Sorrio com essa lembrança, sentado em um dos bancos da frente da casa, enquanto mirava as folhas e maçãs desse nosso antigo ponto de encontro. A imagem de nós dois abraçados, chorando pela falta de nossas mães, pinta-se, assim como quando eu a enchi de cócegas, lemos e nos abrimos um para o outro.
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Destino Infeliz
RomanceKillian Jones, filho de um grande Senhor, não tem problemas com casamentos arranjados, estava disposto a casar-se de bom grado com Milah, herdeira de um grande título, até que o destino resolve lhe pregar uma peça, mudando completamente seu foco. Ou...