Acho que nunca dormi tão bem na vida inteira.
Meu rosto está enfiado no travesseiro macio, ainda despertando do sono mais tranquilo que tive em anos. Inspiro fundo e viro-me para o outro lado, espreguiçando lentamente, emitindo um som esquisito. Com os olhos fechados, começo a processar a nova manhã que se iniciava e a repassar os acontecimentos de ontem. O desespero de Milah invade minha mente, assim como Jones deitado na cama, impossibilitado de andar. Seus olhos em mim, seu maldito sorriso branco e o pedido... Ele não queria ficar sozinho.
Óbvio que não sou idiota de voltar a falar com Killian da mesma forma que antes, mas a forma como disse e o, aparentemente, real arrependimento me deixaram sem chão para sair dali batendo a porta. Ainda mais em sua situação, só de imaginar entrar em um colapso de noite e depois não mover-me mais, traz um arrepio na espinha. Não desejo isso à ninguém, nem ao aproveitador do meu patrão. Ele pode ter errado comigo, mas ainda é um ser humano e uma boa pessoa. Minha mãe sempre me disse para perdoar as pessoas, não só por elas, mas por mim. Carregar pesos demais só deixa a caminhada mais cansativa. Perdoar não quer dizer voltar a ser o que era antes, mas sim livrar a mágoa do coração.
Perdoe-me, mamãe, mas seus conselhos não serão seguidos por hora.
O que torna tudo pior, é que agora eu preciso vê-lo e cuidar do maldito, como se fosse um bebê frágil. Tenho tentado ser o mais neutra possível, não quero que pense que estou amolecendo para o seu lado. E isso tudo só me faz pensar que eu fui fraca por ter ficado no quarto com Jones, mesmo que sem dizer nada. Dei a entender que preocupo-me com seu bem estar, o que não é mentira, mas não quero que fique claro.
Deus, eu pareço uma adolescente falando.
Antes que eu pudesse levantar por vontade própria, ouço uma batida na porta de madeira, fazendo-me gemer ao ter de sair do colchão fofinho e aconchegante. Minha cabeça gira um pouco pela mudança brusca de ambiente e energia gasta, porém consigo pegar meu robe e amarrá-lo, abrindo a porta logo depois.
- Senhorita Swan, bom dia. - deparo-me com Albert em minha frente e coço os olhos, reprimindo um bocejo. - Perdoe-me por incomodá-la logo cedo.
- Albert, bom dia. Aconteceu algo?
- Oh, nada que precise correr, só estou aqui para avisar-lhe que a Senhora Jones saiu. - franzo o cenho.
- Saiu? Sozinha? Por que ela não me chamou? - ele sorri levemente.
- A Senhora Floyd, a mãe da nossa Senhora, veio pegá-la para resolverem assuntos familiares. Ela pretendia levar Senhor Jones também, mas nas condições em que ele se encontra, não havia como carregá-lo. E, respondendo sua última pergunta, a Senhora Jones disse que estava cedo demais para chamá-la e não queria atrapalhar seu sono. - levanto as duas sobrancelhas e respiro fundo.
- Então, terei o dia de folga? - digo brincando e sendo retribuída com um balançar de cabeça.
- Eu não diria "folga". Como lhe disse, nosso Senhor não foi com elas, o que o deixa em suas mãos. - abro a boca em um 'O', mas logo fecho os lábios, pensando no meu possível bafo e a falta de educação que eu estava tendo.
Ótimo, além de idiota virei babá também. Estava certa quando disse que Killian parecia um bebê.
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Destino Infeliz
RomanceKillian Jones, filho de um grande Senhor, não tem problemas com casamentos arranjados, estava disposto a casar-se de bom grado com Milah, herdeira de um grande título, até que o destino resolve lhe pregar uma peça, mudando completamente seu foco. Ou...