Destino Infeliz

Capítulo 25

Miro meu rosto no espelho e respiro fundo, percebendo a minha total mudança de energia. Meus cabelos estão um pouco desarrumados, minhas bochechas parecem pimentões e o verde dos meus olhos nunca esteve tão brilhante. 

Droga, Emma, acho que você está se apaixonando.

Encaro meus lábios vermelhos e os toco, ainda conseguindo sentir seu toque viciante. Sei que não beijei mais ninguém a não ser Killian, porém não preciso para saber que ele é a pessoa mais experiente com bocas nesse mundo. Consegue ser delicado e devastador ao mesmo tempo, fazendo-me perder qualquer tipo de raciocínio ou argumentação que estiver formando. Perco todas as forças quando me beija, não somente no lugar convencional. Quando acaricia meu pescoço e rosto com seu hálito, posso sentir as nuvens logo abaixo de meus pés, criando uma atmosfera inebriante e alucinante. Arrasto meus dedos até minha garganta, surpreendendo-me com a coloração normal de minha pele. 

Podia jurar que estava queimando. 

Abraço meus ombros e sorrio levemente, gostando da sensação de ser tocada e beijada como fui há alguns minutos, antes de Jones ir embora. Meu olhar cai em minhas mãos no início do esterno e logo meu sorriso se fecha, lembrando que outra mulher contém uma aliança na mão esquerda com seu nome. Meu coração, que estava tão tranquilo até agora, ganha um peso extra e sinto-me a pior pessoa do planeta. Consigo ver minha eu interior cruzar os braços e balançar a cabeça negativamente em repreensão. 

Estar longe de Milah ajuda, mas não é o suficiente, meu lado racional alerta-me a todo segundo da distância que eu devia tomar do esposo dela... Contudo, quando aqueles grandes olhos azuis encontram os meus e diz o que diz, com palavras e com o corpo, fazem-me perder o juízo e o bom senso. Killian deixa-me quase que cega, tirando de mim a possibilidade de defender até meus princípios. De uma forma engraçada, não acho isso ruim e um lado meu só tem vontade de jogar tudo para o alto e mergulhar de cabeça nessa paixão. 

Suspiro e encontro minha íris no espelho, percebendo que esse não é o momento para discutir internamente, visto que minhas pálpebras estão querendo fechar. Bocejo e limpo os dentes, aproveitando para "descansar os olhos" enquanto retiro a sujeira do meio dos ossos. Assim que termino e seco a boca em uma pequena toalha, ouço uma batida na porta. 

- Emma? Está acordada? - papai tenta girar a maçaneta, mas não obtém sucesso, já que virei a chave na fechadura há um tempinho. Antes que ele tentasse uma segunda vez, atravesso o quarto e e abro a passagem de madeira, encontrando seu cenho franzido. - Por que trancou a porta? - dou de ombros. 

- Mania. - faço minha melhor cara de despreocupação e casualidade. David levanta as sobrancelhas e, aparentemente, deixa essa passar. - Algo aconteceu? - balança a cabeça e abraça-me. 

- Não, só vim lhe dar boa noite. - sua mão esquerda vai à minha cabeça, enquanto a outra acaricia minhas costas ritmicamente, de forma familiar. Sorrio e abraço-o de volta, sentindo o calor de pai que só ele exala. Sua loção é suave, assim como o cheiro de sabonete, deixando claro que ele acabou de sair do banho. Seus lábios beijam minha têmpora. - Boa noite, meu anjo. - sorrio e beijo sua bochecha ainda com um pouco de creme pós-barba. 

- Boa noite, papai. Durma bem. - desvencilho-me do abraço e faço um carinho em seu rosto. Seus olhos azuis claro encaram-me e vejo dúvida passar por eles. - O que foi?