Capítulo 32

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- Ele não é muito chorão, só adora um colo, não é, pequeno Liam? - Milah declara, intercalando o olhar entre a loira na sua frente e o bebê. 



Se ela não acha nosso filho chorão, imagina se achasse. 



Faz apenas uma semana que a criança nasceu e já sinto-me exausto, acordando no meio da noite para niná-lo e acalmar seus berros desesperados. A ideia inicial era revezar, mas minha esposa tem estado tão cansada durante o dia, que o trabalho noturno sobra para mim quando o pequeno não está chorando por leite. Olhei-me hoje no espelho e vi olheiras fundas, confirmando minha inexperiência como pai. 

E agora cá estou eu, ouvindo a Senhora Jones falar animadamente sobre o pinguinho de gente na casa, quando meu maior desejo era uma soneca de meia hora. Além de tudo, estou sendo obrigado a fingir cortesia para com um dos homens que mais detesto nessa vida, vendo-o ficar tão à vontade quanto ficaria na sua própria residência. Analiso-o por um momento e percebo que Bealfire está interessado demais na decoração, não colocando nem o mínimo de atenção nas mulheres presentes no cômodo. 

Não como se eu estivesse dando tudo de mim agora para ouvi-las. 

Os meus últimos sete meses foram totalmente sobre Liam, fazendo-me pensar mil e uma vezes sobre tudo e sobre como eu quero fazer isso da forma certa. Quero ser um bom pai, quero ser presente e amá-lo. Ser para ele que o Brennan não foi para mim. Penso se conseguirei, já que não tive base paternal alguma e, no mesmo instante, lembro-me do que minha mãe costumava dizer: "Tudo que é feito com amor, é bem feito. Não se compare com seu pai, você é maior que isso." Ela é meu maior guia, agora e sempre. 

- Como tem sido para você, Killian? - pisco e saio de meus devaneios, deparando-me com Emma olhando para meu rosto com curiosidade e a maior casualidade possível. 



Incrivelmente bela. 



Afastei-me por completo dela depois da nossa discussão, deixando tudo mais do que bagunçado. Mergulhei de cabeça no assunto "bebê" e tentei esquecer-me de Swan, empurrando para o lado todas as nossas memórias, momentos, beijos, toques e palavras, sendo impossível a possibilidade de superar o que tivemos. O que mais desejei em meses foi um antídoto, um remédio para curar essa doença maldita chamada amor, que destrói e mata tantos. 

Lia, resolvia questões financeiras e problemas da família, encontrava meu pai, andava a cavalo, pensava na minha futura criança, bebia, fumava, conversava com Albert e absolutamente nada parecia funcionar. A todo momento seu nome latejava em minha mente, seus olhos invadiam meu subconsciente e seu cheiro era recordado pelo meu corpo, porém nunca o suficiente. Quanto mais eu tentava apagá-la, mais colada em mim ela estava, mais presente tornava-se para mim. 

E, depois de um tempo, apenas abracei a dor. 

A dor de não tê-la em meus braços, de saber que outro alguém a segurava, a beijava, que outro homem dizia que a amava e que a fazia feliz. Tinha dias que a dor era tão grande, que eu trancava-me no seu antigo quarto e chorava, esperando que colocar para fora ajudasse. Nunca ajudava. Parecia que a agulha enfiada meu peito só afundava, como se eu fosse um maldito boneco vodu. Eu me abraçava e a agonia alastrava-se pelo meu corpo como um veneno, me matando aos poucos. 

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