Estou completamente destruída.Papai e eu sempre tivemos uma conexão muito forte, como se eu sentisse a mesma vontade de projete-lo que ele sente desde que nasci, reafirmando a todo momento que mataria sem pensar duas vezes quem me fizesse chorar. Mesmo antes da mamãe morrer, nosso laço era maior e bem apertado. Agora, pelo o que eu fiz e disse, tenho a impressão que o afrouxei.
Nunca pensei que ele fosse capaz de gritar comigo, assim como eu também não sabia que tinha essa força. Meu coração e minha mente estão pesados, sinto que posso cair a qualquer momento e chorar até morrer. Odeio decepcionar ou brigar com quem amo, tanto que, quando eu era menor, colocava-me ao lado de meus pais depois uma bronca e dizia: "Papai/mamãe, você está feliz?". Eu queria uma confirmação de quer ainda me amavam, que eu não havia estragado tudo e que não me colocariam na carrocinha. Nesse momento, tenho a impressão de que não serei embalada por seu abraço tão cedo.
Meu peito quer gritar em raiva, tristeza e agonia, não necessariamente nessa sequência. Eu só queria chorar até perder a consciência, até dormir, desmaiar, desidratar... Qualquer coisa. Qualquer coisa que me faça esquecer, que deixe-me aquietar os fortes sentimentos. Queria sentir menos. Ser menos.
Assim que a carruagem entra em movimento para voltarmos para casa, sinto meus olhos se encherem de lágrimas, mas tento a todo custo não deixá-las cair. Queria não querer chorar, gostaria de ser orgulhosa e fria o suficiente para não importar-me com o que acabou de acontecer, virar as costas e ir embora sem desmanchar.
Claro que isso não funciona.
Estou olhando para os pés dos Jones, que apenas observam-me, esperando alguma reação. Arrisco-me e miro o casal sentado em minha frente, que transparece um olhar de pena. Simplesmente a última maneira que eu gostaria que me olhassem. Depois de vê-los, sinto toda a minha armadura e força irem embora, soltando minhas lágrimas junto com um grunhido de choro.
- Oh, minha querida...- Milah senta-se ao meu lado e me abraça, acariciando meus cabelos, permitindo que eu chore em seu ombro. Meus soluços aumentam e Killian senta em minha direita, pegando minhas mãos e as acariciando, tentando passar conforto com um sorriso pequeno. - Sentimos muito por você, pequena. Pode chorar, estamos aqui para cuidar de você. - com isso solto mais palavras incompreensíveis e gotas grossas, esquecendo-me que ela usava um vestido novinho. Jones passa as costas da mão em minha bochecha novamente naquele dia, secando minhas lágrimas e logo depois beija minha mão esquerda.
- Pode contar conosco, Swan. Não vamos te deixar sozinha. - ele afirma, com um sorriso um pouco maior. Após mais alguns segundos, endireito-me no banco, ficando bem nomeio deles. Olho para Killian e depois para Milah, sentindo-me grata por ter ombros para chorar. Meu bico se torna maior e ambos sussurram palavras de conforto, abraçando-me pelos dois lados. - Sanduíche de Emma! - o moreno exclama, conseguindo tirar uma leve risada de nós duas.
Agora sim, eu estou em casa.
———————————————————————
No dia seguinte, acordo sem ânimo algum. Minha vontade era de ficar quietinha na cama e continuar chorando, rezar e lamentar tudo o que aconteceu. Meus olhos estão inchados e pesados, estou cansada de toda a adrenalina que suportei ontem.O dia estava nublado e chuvoso, assim como meu humor. Não quero comer, não quero falar e muito menos ver alguém. Quero ficar sozinha.
Infelizmente, como sei que não é dessa forma que funciona, levanto-me toda mole e caminha até o banheiro para me preparar para mais um dia. Miro o espelho e vejo o estrago que estou, nunca estive tão pálida e com olheiras tão fundas, parece que levei um soco na cara, ou que estou prestes a morrer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Destino Infeliz
RomanceKillian Jones, filho de um grande Senhor, não tem problemas com casamentos arranjados, estava disposto a casar-se de bom grado com Milah, herdeira de um grande título, até que o destino resolve lhe pregar uma peça, mudando completamente seu foco. Ou...