Capítulo 13

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Estou completamente destruída.


Papai e eu sempre tivemos uma conexão muito forte, como se eu sentisse a mesma vontade de projete-lo que ele sente desde que nasci, reafirmando a todo momento que mataria sem pensar duas vezes quem me fizesse chorar. Mesmo antes da mamãe morrer, nosso laço era maior e bem apertado. Agora, pelo o que eu fiz e disse, tenho a impressão que o afrouxei.

Nunca pensei que ele fosse capaz de gritar comigo, assim como eu também não sabia que tinha essa força. Meu coração e minha mente estão pesados, sinto que posso cair a qualquer momento e chorar até morrer. Odeio decepcionar ou brigar com quem amo, tanto que, quando eu era menor, colocava-me ao lado de meus pais depois uma bronca e dizia: "Papai/mamãe, você está feliz?". Eu queria uma confirmação de quer ainda me amavam, que eu não havia estragado tudo e que não me colocariam na carrocinha. Nesse momento, tenho a impressão de que não serei embalada por seu abraço tão cedo.

Meu peito quer gritar em raiva, tristeza e agonia, não necessariamente nessa sequência. Eu só queria chorar até perder a consciência, até dormir, desmaiar, desidratar... Qualquer coisa. Qualquer coisa que me faça esquecer, que deixe-me aquietar os fortes sentimentos. Queria sentir menos. Ser menos.

Assim que a carruagem entra em movimento para voltarmos para casa, sinto meus olhos se encherem de lágrimas, mas tento a todo custo não deixá-las cair. Queria não querer chorar, gostaria de ser orgulhosa e fria o suficiente para não importar-me com o que acabou de acontecer, virar as costas e ir embora sem desmanchar.

Claro que isso não funciona.


Estou olhando para os pés dos Jones, que apenas observam-me, esperando alguma reação. Arrisco-me e miro o casal sentado em minha frente, que transparece um olhar de pena. Simplesmente a última maneira que eu gostaria que me olhassem. Depois de vê-los, sinto toda a minha armadura e força irem embora, soltando minhas lágrimas junto com um grunhido de choro.

- Oh, minha querida...- Milah senta-se ao meu lado e me abraça, acariciando meus cabelos, permitindo que eu chore em seu ombro. Meus soluços aumentam e Killian senta em minha direita, pegando minhas mãos e as acariciando, tentando passar conforto com um sorriso pequeno. - Sentimos muito por você, pequena. Pode chorar, estamos aqui para cuidar de você. - com isso solto mais palavras incompreensíveis e gotas grossas, esquecendo-me que ela usava um vestido novinho. Jones passa as costas da mão em minha bochecha novamente naquele dia, secando minhas lágrimas e logo depois beija minha mão esquerda.

- Pode contar conosco, Swan. Não vamos te deixar sozinha. - ele afirma, com um sorriso um pouco maior. Após mais alguns segundos, endireito-me no banco, ficando bem nomeio deles. Olho para Killian e depois para Milah, sentindo-me grata por ter ombros para chorar. Meu bico se torna maior e ambos sussurram palavras de conforto, abraçando-me pelos dois lados. - Sanduíche de Emma! - o moreno exclama, conseguindo tirar uma leve risada de nós duas.


Agora sim, eu estou em casa.

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No dia seguinte, acordo sem ânimo algum. Minha vontade era de ficar quietinha na cama e continuar chorando, rezar e lamentar tudo o que aconteceu. Meus olhos estão inchados e pesados, estou cansada de toda a adrenalina que suportei ontem.O dia estava nublado e chuvoso, assim como meu humor. Não quero comer, não quero falar e muito menos ver alguém. Quero ficar sozinha.

Infelizmente, como sei que não é dessa forma que funciona, levanto-me toda mole e caminha até o banheiro para me preparar para mais um dia. Miro o espelho e vejo o estrago que estou, nunca estive tão pálida e com olheiras tão fundas, parece que levei um soco na cara, ou que estou prestes a morrer.

Destino InfelizOnde histórias criam vida. Descubra agora