Capítulo 41

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- Pra onde será que vamos quando a gente morre? - Henry solta de repente, pegando-me de surpresa. Estamos na frente da casa dos Jones, esperando que abram a porta para que os pequenos se encontrem. Seguro sua mão com carinho.

- Ninguém sabe, meu amor, porém, quando chegar a hora, saberemos. - seu cenho se franze levemente.

- Mas se só saberemos a verdade no momento... - seus olhos castanhos viram-se para mim, indignados. - Como que vamos avisar ao resto do mundo o que há depois da morte? - rio e solto seus dedos, bagunçando seu cabelo.

- Não avisaremos, Henry. Somente quando se morre, se sabe. - e, então, o silêncio se instala, mas não por muito tempo.

- Todo mundo morre?

- Sim, senhor. - ajeito alguns fios de sua cabeleira que desordenei. Sinto sua mãozinha em meu pulso, fazendo-me olhá-lo e parar o movimento.

- As mães também morrem? - nunca o vi tão horrorizado, encarando-me como se tivesse ouvido a maior calúnia da história. Respiro fundo e toco seu nariz com o dedo indicador.

- Todo mundo morre um dia, Henry. Até as mães. - digo simplesmente, voltando a endireitar-me e mirar a passagem de madeira. Ouço algumas risadas desconhecidas e me questiono se devo estar atrapalhando alguma coisa. Antes que eu possa cogitar possibilidades, Albert abre a entrada para a casa e sorri amorosamente.

- Emma! Que bom vê-la novamente. - dou um passo e acaricio o braço do mais velho, começando a entrar na casa.

- Nos vimos ainda essa semana, querido.

- Sim, eu sei. Mas sua companhia é sempre muito apreciada. - abro um sorriso e aperto sua mão, mas, antes de respondê-lo, um fungar e alguns soluços invadem nossos tímpanos, o que nos faz olhar para o rapazinho ainda parado do lado de fora. Sua cabeça estava abaixada, porém era muito visível seu rostinho vermelho e ensopado de lágrimas. Agacho em sua frente e levanto seu queixo.

- Ei, meu amor, o que houve? - seus olhos, cheios de água, tornam-se ainda mais desesperados, assim como a tremedeira em seus lábios. Henry soluça e seca as bochechas, o que é em vão, já que elas ainda teimam em cair.

- V-você não pode morrer! Quem vai cuidar de mim? - a voz embargada de meu filho pergunta, agarrando meus ombros como se eu fosse cair dura no chão a qualquer momento. Pisco e miro Albert, recebendo um gesto que dizia por si só: "A cria é sua, não minha!". Abro a boca e afundo minha íris no castanho mel de Henry, que continuava chorando.

- Meu lindo, você não precisa se preocupar com isso agora. A mamãe ainda vai ficar muito tempo aqui pra cuidar de você, ta bom? - mesmo que ainda tremendo e oscilando, ele assente, abraçando-me apertado. - Não vou à lugar algum.

- Promete não morrer cedo? E ficar aqui por muitos e muitos anos? - o pequeno desvencilha-se do aconchego e ergue o mindinho, pedindo-me uma promessa. Sorrio e agarro o seu dedo com o meu semelhante.

- Prometo.

- Vamos logo, Regina, você enrola demais. - uma voz feminina aproxima-se da saída da residência, levando um pequeno susto ao nos ver. Levanto-me rapidamente e aliso a saia do vestido, me sentindo envergonhada de repente. A mulher, apesar de não tão nova, é belíssima e traz consigo uma postura e confiança invejável. Com seus olhos e cabelos castanhos, ela encara-me com curiosidade genuína, não chegando ao ponto do nojo ou desprezo.

- Perdoe-me, mãe. Liam queria muito conversar hoje. - outra morena, acredito que Regina, entra no meu campo de visão, fazendo-me piscar algumas vezes. Eu duvidava que houvesse outra mulher tão ou mais bonita quanto a Senhora Jones, porém acho que acabei de conhecer a vencedora. Com órbitas de jabuticaba, grandes e convidativas, a garota é ornamentada por um vestido vermelho lindo, realçando sua cor branca, seus traços e todas as suas curvas, o que me faz perceber o quão encorpada é.

Destino InfelizOnde histórias criam vida. Descubra agora