Destino Infeliz

Capítulo 20

                                                                            3 dias depois

Ainda sem abrir os olhos, sinto os raios de Sol atravessarem a cortina e pousarem nas minhas pernas, criando um calor aconchegante e gostoso. Respiro fundo e viro de lado, com a intenção de cochilar mais alguns minutos. Depois de um tempo, sinto toques quentes e delicados em minhas costas, envolvidos às vezes por dentes e língua. Os carinhos vão do meio da minha coluna à minha nuca, fazendo arrepios percorrerem por todo o meu corpo.

- Amor... -ouço uma voz rouca em meu ouvido, com um tom chantagista e dengoso. - Acorda, vai. - o lóbulo da minha orelha é mordido uma, duas e até três vezes, acompanhado de pequenos beijos. Começo a raciocinar a situação, percebendo que quem beijava-me era Milah, tirando-me de meu sono profundo.

Após boas 72 horas na cama, fui liberado para sair do repouso total, podendo caminhar aos poucos pelo quarto e, até agora, corredor, porém sempre precisando da ajuda de alguém. Minha esposa vinha me ajudando muito, sendo dolorosamente amorosa e paciente comigo, aguentando cada reclamação ou desequilíbrio. Eu não sentia dor, mas meus membros inferiores ainda estavam bem moles, o que me irritava de vez em quando. E isso é o de menos, até porque, ter uma mulher que está preocupada comigo, que me ama e não correspondê-la por inteiro, é o pior castigo. O fato que mais me machuca, é não ter deixado de amá-la. Eu poderia ter, simplesmente, passado toda a atração e afeição que sinto por ela para a Emma e começado a desprezá-la.

Mas óbvio que não seria tão simples.

Estou em uma linha tão tênue entre sentir falta de Swan, de seu calor e, principalmente, de sua companhia, de querer estar perto dela, abraçá-la e beijá-la como naquela noite (talvez até mais intensamente) e fazer jus a minha promessa no altar, amar e respeitar Milah como ela merece. É como um cabo de guerra entre minha mente e minhas emoções, o que é pior, já que as duas não defendem causas definidas. Penso a todo momento em Emma e em como quero voltar a sentar ao seu lado na árvore, rir com ela e, ainda em possibilidade, tornar-me mais que somente um amigo... Ser seu primeiro. Primeiro tocar de lábios, primeiro amante e primeiro toque mais profundo. Apesar disso, meu cérebro e lado racional vivem me relembrando da morena e do quão maravilhosa ela tem sido comigo, respirando fundo e dando-me sorrisos calorosos nos piores momentos. 

E o adicional de sua gravidez não vem colaborando muito.

Na verdade, esse é o motivo que mais deixa-me desconcertado. Milah tem começado a sentir outro lado das consequências de gerar um bebê, que é, além dos enjoos e apetite voraz, o desejo insaciável. As vezes ela pega-me desprevenido e beija meus lábios como se fossem água no deserto, e não que isso seja um problema, minha esposa é espetacularmente atraente, mas agora com Emma em meus pensamentos, sinto-me mal em querer estar segurando a loira e não ela. E isso nos traz de volta aos beijos fervorosos que estou recebendo por todo o tronco. Resolvo virar-me para olhar em seus olhos azuis e, após levantar as pálpebras, os encontro em total estado de paixão e desejo.

- Bom dia, querida. - sorrio e falo calmamente, mas logo sendo arrebatado por seus lábios nos meus, com sua língua explorando minha boca com a vontade de sua vida. Rapidamente, seu corpo sobe em cima do meu, encaixando suas nádegas em meu membro.

- Eu sei que você está se recuperando, mas estou sentindo tanto a sua falta... - seu quadril se mexe, fazendo sua intimidade coberta por um tecido fino roçar em mim, criando uma fricção deliciosa. Nós gememos juntos, e não sei se o barulho que saiu dos meus lábios foi de desejo ou de angústia.

- Milah, eu não tenho certeza se minhas pernas estão fortes o suficiente para...- ela interrompe-me.

- Oh, não se preocupe... - sua voz está ameaçadora e cheia de terceiras intenções. - Fique tranquilo, eu dou conta do recado. - E antes que eu pudesse respondê-la com mais uma desculpa, outro beijo se inicia, acompanhado do rebolar de seus quadris, tornando-se impossível dizer não. Tiro sua camisola enquanto ela morde meu pescoço, descendo as carícias para meu peito. Acho que nunca fui tão beijado na vida. Retribuo no que posso e, em dado momento, a morena cuida de nós dois, estabelecendo um ritmo familiar e prazeroso. Quando estou perto do meu ápice, fecho os olhos e a imagem de Emma sem veste alguma invade minha mente, como se fosse ela que estivesse ali comigo e, quase num reflexo, sucumbo em um prazer e toque que me é negado.