Destino Infeliz

Capítulo final.

16 anos depois

Ao fechar a boca seca e mexer levemente os dedos dos pés, Killian inspirou fundo e sentiu seu próprio cheiro azedo, enquanto movimentou os olhos por baixo das pálpebras, acordando de mais um sono pesado, mas que não fazia sua mente descansar. Era só esse sono que ele vinha tendo desde que sua vida virou o mais puro desgosto. Mais um dia idêntico ao anterior. Mais um dia afundando-se em arrependimento e rum. Mais um dia desejando mudar o passado.

Seus olhos, após muito esforço, conseguiram abrir e percebeu como seu quarto estava escuro, contrastando com um único raio de sol que teimava sair pela fresta da janela, que havia sido fechada com madeira há 2 anos.

Killian não suportava mais o sol e seu brilho estonteante.

Não quando ele havia perdido a sua estrela mor.

Emma faleceu há 10 anos, por culpa de seu egoísmo exacerbado. Jones estava tão preocupado em tê-la sempre consigo, que nem cogitou as consequências de tais atos. Seu desejo de amá-la e de torná-la a mulher mais feliz do mundo o cegou e colocou Swan em perigo.

Ele havia a matado. Sua imprudência a levou a morte.

Todo dia Killian ficava em seu quarto, sem contato com luz solar ou ar fresco, lamentando a perda de sua Emma e sua grande estupidez. Nunca sentiu tanta raiva de si mesmo antes, nunca desejou tanto se lançar aos lobos famintos da floresta fria, acabando de uma vez com sua dor e remorso. Infelizmente, havia alguém que o impedia toda vez que tentava: ou seu servo e amigo Smee, ou sua irmã Regina, que fazia questão de visitá-lo todo maldito dia.

- Bom dia, bela adormecida. -  ele ouviu vindo da porta de madeira, revelando a imagem de sua irmã, invadindo seu quarto como sempre. Killian revirou os olhos e bufou:

- Regina, você não pode me deixar em paz um único dia? – a caçula abriu as janelas e jogou a garrafa de rum, que estava pela metade, para encontrar o chão no jardim dos fundos do castelo:

- Você pensa que sou idiota? Sei muito bem que se eu não vier, ninguém vem. – Jones se revirou na cama suada:

- Smee aparece. – Regina riu:

- Até parece que ele tem pulso suficiente pra lidar com você. – ela bateu em seu pé desnudo levemente. – Vamos, saia daí. Temos que sair.

- E quem disse que quero ir a qualquer lugar?

- E quem disse que você tem que querer alguma coisa? – a irmã puxou Killian pelo braço e ele acabou cedendo, ficando de frente para ela. – Jesus Cristo de Nazaré, Killian, faz quanto tempo que você não toma banho? – o mais velho respirou fundo e quase sentiu saudade de quando gostava e tinha energia para tal atividade.

Quase sentiu saudade de quando gostava de si mesmo.

Estava usando o mesmo camisão e calça há, pelo menos, uma semana, sentindo prazer em se punir dessa forma.

- Veio aqui pra ficar me enchendo a paciência? – disse ele, num tom nada agradável. Ela, já conhecendo o irmão, não ligou:

- Não, vim te tirar desse ninho de ratos. Agora, pedi para prepararem um banho pra você. Sairemos em duas horas. – Regina avisava, enquanto abria a porta e deixava Smee e outro servo entrarem com dois baldes de água escaldantes.

- Para onde iremos? – Jones perguntou e Regina abriu um sorriso de orelha a orelha:

- Você verá.

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