5. Mudança

3 1 3
                                    

Um mês já havia se passado do casamento de mamãe e Susano. Eles decidiram morar em nossa casa, mas Bruna ficou com o avô na antiga casa do pai, o que na verdade achamos uma grande bobagem já que nossa casa tinha espaço para mais uma sete pessoas! Sempre gostamos da bagunça, do falatório, de muita gente reunida e festa, e entendi o lado do seu Antônio e consequentemente de Bruna.
O pai de Susano, é um velhinho fofo, muito sábio e que logo adotei como meu avô também, já que não tinha mais os meus. Ele gosta de paz, de ouvir os pássaros e ficar na sua cadeira de balanço e não aguentaria mesmo a orgia verbal dessa casa. Bruna por sua vez não deixaria o avô sozinho e deixou seu apartamento para morar com ele.
Mas...isso não impediria em nada que continuássemos nos vendo todos os dias, pois não seria D. Evandra se não arrumasse um jeito de unir todo mundo e ainda assim respeitar a privacidade de seu Antônio.
Depois da primeira reunião familiar de sábado, (sim, minha mãe amava uma DR familiar, e bem, nós também!) com Susano fazendo parte desse hábito antigo, mamãe propôs usarmos o charmoso bangalô de hóspedes que ficava bem no final do nosso extenso terreno, onde imperava o cheiro de grama cuidada e o canto dos passarinhos para que seu Antônio morasse, se ele quisesse, e ficasse perto de nós.
Como sempre, nossa querida e sem filtro, Ninah deixou sua marca na reunião.

- E se vocês se separarem um dia? Aí seu Antônio tem que procurar outro lugar, né?
- Ninah, gatinha...cala sua boquinha, vai! - Lyz quase gritou da ponta da mesa
- Por acaso você desejaria isso, lindinha? - Susano perguntou com sua calma habitual e um sorriso sereno.
- Não, não, é que...
- Desembucha, Ninah! "É que o que?" - Mamãe perguntou
- Não é nada, mamãe...pensei em morar lá um dia...bobagem. - Gelei e olhei para mamãe que desviou o olhar e respondeu mais calma.
- Ah! Isso? Essa casa é bem grande, filha! E mais tarde, se quiser mesmo se afastar de nós, terá seu próprio lugar.
- Moderninho como você, Ni! - Lyz também se acalmou e respondeu enquanto eu permaneci calada.
- Evandra, leve em consideração isso, Ninah tem direitos, nós estamos chegando agora - Susano falou como o advogado que era.
- Não, não, Susano! Bobagem da minha cabeça, não pense que eu estou desejando que se separem, não quero isso, mamãe é muito feliz com você.
- Que bom, lindinha! Porque pretendo estar com a sua mãe até meu último suspiro! - E Susano fez nós quatro suspirarmos também com a declaração.
- Me desculpe! Foi uma ideia boba.
- Não tenho que desculpar nada! Ora, essas reuniões não são para esse objetivo?
- Sim, são e estamos ajustados?? - Mamãe levantou da cadeira e deu um caloroso beijo em seu marido.
- O que você não ganha com um beijo desses?? - Susano tinha o olhar apaixonado.
- Ai, meu Deus!!! Vocês dois são uma cola!!!! Eeeeeca!!! - Falei brincando, mas amava ver todo aquele amor. D. Evandra merecia cada grama daquilo.

E foi assim que a casa que um dia tinha sido dos meu avós paternos e que chegamos a morar também, começou a ser reformada para seu Antônio que aceitou muito bem o convite. Bruna foi um pouco mais resistente em ficar conosco, porque seu Antônio dispensou a neta com todo carinho dizendo que ficaria muito bem sozinho e que só estaria há alguns metros de todos.

- Faltam só alguns ajustes e acredito que semana que vem ele já pode se mudar! - Mamãe nos falou na mesa do café da manhã
- Que bom! Em breve vamos estar todos juntos!
- Bom...isso vai depender da moça aqui! - Minha mãe beijou a testa de Bruna que se uniu à nós naquele dia para o café da manhã.
- Ai..Evandra...tenho meu canto...sei lá!
- Se está falando dos seus casos de uma noite, pode manter seu apartamento, filha!
- Uau! O apê da foda! Mamãããe...tô pensando seriamente! - Gritei do meu lugar
- Essa não tem mais jeito, Susano! - Minha mãe levou a mão a testa.
- Me ganhou nessa, irmãzinha! Não vou perder essa balbúrdia nunca nessa vida!!!! - Bruna falou e gargalhou alto - Vou alugar o apê e tô me mudando!!! E pai: Te amo!
- Eeeeee!!! É isso!!! - Lyz fez uma dancinha na cadeira.
- Deus, Evandra! O que você foi arrumar? - Susano disse rindo - Essas quatro juntas ninguém vai segurar, nem nós, meu amor!
- Adoro!!! - Ninah bateu palmas.
- Só vai faltar o Rafa... - Bruna falou deixando de sorrir, ela amava demais aquele irmão, dava para notar.
- Sobre isso... - Ele olhou para minha mãe - ...temos algumas novidades para a  reunião de amanhã.
- O quê?? Ah pai, fala logo! Não vai me dizer que o Rafa e aquela intragável vão vir visitá-los?
- Venha amanhã, Bru! - Mamãe convidou - Já que se decidiu, já participa.
- É, Bru! Bem vinda a louca família!

E enquanto Lyz falava eu já imaginava mil trotes para o casalzinho " intragável", como Bruna mesmo disse.

Vai ter volta!Onde histórias criam vida. Descubra agora