16. Diálogo

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Foi muito difícil me livrar de Niede! Graças ao bom Deus, Lyz não bebeu nada e voltou dirigindo para casa, deixando a ruiva aos cuidados do irmão. Eu segui o carro das irmãs para não correr o risco de me perder novamente e me peguei rindo algumas vezes da loira abusada mexendo com os poucos passantes na rua. "A mulher é louca mesmo!".
Após tomar um banho, deitar e fechar os olhos, imagens de Amabily rebolando a bunda redonda na balada não me deixaram pregar os olhos e ainda podia sentir seu cheiro cítrico em minhas narinas desde a hora que ela me abraçou. " Mas que pôrra está acontecendo comigo? Eu simplesmente detesto a mulher, mas ela parece cada vez mais entranhada em mim!"

- Bom dia, Rafa! - Ninah me cumprimentou quando desci, vindo me abraçar.
- Bom dia, caçulinha! - Beijei sua cabeça e fomos tomar café.
- E aí? Como foi a balada?
- O lugar é legal.
- Me dê mais! - Ela gargalhou - Legal quer dizer que foi chata!
- Até que não! Me diverti.

Ouvi Amabily falando, provavelmente ao celular e senti minha bermuda se ajustar ao corpo.

- Não, Gabe! Ainda não olhei. - Pausa - Sim, saímos todos ontem - Mais uma pausa e uma risada - Foi sim, mas estava acompanhado. - pausa de novo - Garota assanhada! Não, não foi comigo! - Mais uma risada - Não sei, mas posso ver com ele para você, até amanhã, Gabe.

Silêncio. Eu estava atento. Elas falavam de mim??. Terminei meu café e levantei deixando Ninah com seu celular e fui até a sala. Amabily estava sentada mexendo no notebook de cabeça baixa.

- Bom dia! - Cumprimentei
- Uuui! - Ela deu um pequeno pulo e passou a mão à frente do rosto. "Onde eu vi isso??" - Você me assustou!
- Não foi minha intenção! - Falei sincero. - Podemos conversar?
- Oooi?? Você tomou o quê ontem? - Debochou
- Nada, mas vi coisas que me deixaram desorientado.
- Niede dançando, Niede bêbada - Ela riu - É, realmente desorienta. - Acabei rindo também.
- Certo, mas preciso mesmo fechar com você algumas coisas da Évora. Fiz o esboço do teu espaço e já estamos quase terminando a sala de Evandra.
- Ok! Só preciso ver esse bug aqui no meu aplicativo, depois sou toda sua! - Não teve duplo sentido em suas palavras, mas meu pau inchou mesmo assim.
- Vou pegar o projeto!
- Ok!

Mostrei o projeto, definimos algumas coisas, rabisquei outras ideias e percebi que  de cinco em cinco minutos ela coçava os olhos irritada.

- Espera! Já volto! - Saiu em disparada escada acima
- Ok!

Não a vi se aproximar distraído ao celular e quando sentou ao meu lado fui eu quem levei um susto

- Óculos??? -  Pulei ao mesmo tempo que  a imagem de uma pessoa veio forte - Não sabia que usava...
- Acho que não sabe muita coisa de mim, irmãozinho! - Ajeitou os óculos no rosto e senti uma fisgada no estômago - Detonei minhas lentes ontem! Dormi com elas e...bom, não preciso me explicar tanto! Vamos, termine de mostrar.
- Certo...

Terminei de mostrar o projeto, combinando de no dia seguinte dar início e logo depois a loira saiu para ir conversar um pouco com meu avô. Como não tinha conseguido pregar os olhos, fui descansar um pouco e peguei no sono. Ver os olhos azuis de Amabily naqueles óculos de armação preta como uma nerd perfeita, me fez sonhar com Anne, a nerd que tirei a virgindade. "Como ela estaria agora? Talvez casada e com muitos filhos, era tão romântica a coitada!" Não me orgulho hoje de ter feito o que fiz e às vezes fico me perguntando se toda essa merda que aconteceu comigo foi porque lá naquele tempo fui um idiota completo.

                           ***

Cheguei cedo à Évora e fui ver como estava a sala de Evandra. Ela e meu pai chegariam de viagem e queria que ela aprovasse as mudanças que fiz. O mínimo que poderia fazer era deixá-la feliz depois do tanto que me ajudou. Assim que terminei fui até os fundos onde começaria o trabalho com Amabily e precisei parar ao lado de fora ao ouvir a voz melodiosa da loira

Vai ter volta!Onde histórias criam vida. Descubra agora