8. Chegada

2 1 1
                                    

Meu pai me ligou avisando que eu tinha casa e um novo emprego no Brasil. Fiquei entre feliz e irritado, porque meu orgulho ainda não tinha me largado totalmente. Ainda demorei mais duas semanas para juntar minhas coisas e sair do país.
Desembarquei no Brasil em um  sábado ensolarado e fui direto para a nova casa do meu pai. Após passar pela portaria do grande condomínio e ser anunciado, meu pai e sua esposa me aguardavam no portão.

- Filho!! - Meu pai estava visivelmente emocionado - Faz tempo...
- Pôrra,  Seu Susano! Que primeira impressão vou passar para sua nova família me fazendo chorar? - Larguei a mala pesada e abracei forte meu pai.
- Nossa família, belo homem! - Evandra disse ao nosso lado e entrou no abraço também emocionada e isso já me fez gostar dela de cara. - Venham, vamos entrar! E antes de qualquer coisa, Rafael, vamos levá-lo até Seu Antônio.
- Ele vai ter um troço, Evandra!
- Que nada! Aquele velho sabido 3 mais forte do que eu e você juntos, marido! - Evandra deu um tapinha no ombro do meu pai
- Marido? - Arregalei os olhos ao ouvir o apelido."Ela sabia?". Meu pai me olhou e ali entendi que aquilo era natural. Evandra corou - Desculpe, era como minha mãe o chamava...
- Ele nunca me contou...- Evandra baixou os olhos envergonhada e tratei de consertar. "Ótimo, Rafael! Nem cinco minutos e você já manda uma gafe"
- Isso não é uma coisa ruim, pelo contrário - Eu sorri e dei um abraço nela. Íamos nos dar bem.

Fui ao encontro de meu avô, que primeiro me deu una tapas por passar tanto tempo longe, depois vieram os abraços e horas depois entrei na grande casa principal, com Evandra fazendo questão de me mostrar tudo e me acomodar no grande quarto de hóspedes no segundo andar daquela mansão.

- Daqui a pouco vamos servir o jantar, descanse menino, porque essa casa não é tão tranquila quanto aparenta! - Evandra gargalhou - Depois que as meninas chegam, acaba a paz!!
- Se você diz... então vou mesmo descansar um pouco.
- Elas devem estar voltando para o jantar. Pela hora o desfile já terminou. A única que não conhecerá hoje é minha mais velha, Amabily. Ela precisou viajar mas dentro de dois dias estará de volta.
- Acho que vocês vão se dar muito bem, pelo que já pude conhecer da Bily! - Meu pai disse sorrindo.

Tomei um banho, me joguei no colchão macio e quando abri os olhos ao ouvir meu pai me chamar, a sensação que tinha era que apenas pisquei e acordei, mas já tinham se passado duas horas e ao descer as escadas pude ouvir um falatório de vozes femininas. Realmente, Evandra não mentiu.  "Deus!! Vou aguentar esse bando de mulheres? E ainda faltava uma!!"

- Surpresa!!!! - Evandra gritou ao me ver no último degrau da escada.
- RAFA!!!!! Puta que pariu!!!!! - Bruna correu e se jogou no meu colo.
- Tá pesada, hein, irmã! Anda ingerindo o quê? - Pirracei e abracei a doida da minha irmã
- Leite, irmão! - Ela disse rindo no meu ouvido
- Ahh, merda, Bruna!! Poupe-me disso!!! - Soltei ela no chão e fiz cara de nojo
- Ué? Você perguntou? - Ela deu de ombros rindo - Vem, vem conhecer nossas novas irmãs.
- Certo! - Olhei para frente e me deparei com duas mocinhas loiras me encarando de boca aberta. A que parecia mais nova soltou rápido.
- Caralho, mãe! Minhas amigas vão pirar!!!
- É... não são só as suas amigas que vão pirar não... - A outra retrucou - Irmão, você é gato demais!!!
- Obrigado, irmãzinhas! Você é a Lyz! - Apontei para a mais velha que sacava o celular no bolso
- Ah, pôrra! Vou ligar pra Bily e dizer que você está aqui. E sim, sou eu.
- E você é a Ninah?
- Presente! - Ela levantou a mão e veio me abraçar - Seja bem vindo!

Jantamos e depois nos reunimos na sala.  Eu fui a estrela da noite. Bruna queria saber de tudo que tinha acontecido entre eu e Juliana, mas não me senti à vontade para falar de modo que apenas me limitei a dizer que o amor acabou. Ninah ouvia tudo atenta, mas vira e mexe parava para falar ao celular. Lyz perguntava algumas coisas, mas de cinco em cinco minutos ligava para a irmã mais velha que não estava atendendo.

- Deixa isso, Lyz! Essa hora nossa querida irmã está bêbada em alguma festa.
- Ou dormindo em algum hotel, caçulinha! - Lyz estrilou - Vai pra tuas bonecas!
- Acompanhada com certeza! - Bruna continuou.
- Vocês vão assustar o Rafael, meninas de mamãe! - Evandra riu e se virou para mim - Ainda bem que te avisei!
- Tudo bem... não posso dizer que estou acostumado, mas posso fazê-lo.

Conversamos, bebemos vinho e rimos um pouco e quando fui perceber já passava meia noite e meu corpo começava a dar mais sinais do Jet Leg.

- Vocês vão me perdoar, mas preciso dormir.
- Claro! Que cabeça a nossa! Você deve estar mega cansado. Vá, filhão! Vá descansar.

Evandra se levantou e me deu um beijo na testa. O que me fez gostar mais dela. Pude perceber o carinho genuíno da mulher até com os funcionários da casa. Estava muito feliz por meu pai.
Deitei na cama e apaguei, mas no meio da madrugada, ao ouvir alguns barulhos que não estava acostumado, aproveitei para levantar e botar o vinho para fora numa mijada.

Vai ter volta!Onde histórias criam vida. Descubra agora