ANNE

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- Você sabe que vai ter que voltar a estudar, não é mesmo?
- Sei, mãe...mas não quero soltá-la! O que posso fazer?? - Minha mãe sorriu e acariciou a bochecha rechonchuda da minha filha.
- Ela vai fazer um ano! Está na hora de ver a cara do mundo novamente! Aliás, já passou da hora!!
- Eu sei mãe...mas ainda falta alguma coisa...ainda não sei, mas vou descobrir e logo te falo!
- Só espero que isso não seja desculpa! Olhe para você, está diferente!
- Não é, mãe! Só preciso pensar mais um pouco!
- Ok! Amanhã é o aniversário da bebê, tem até lá para pensar! - Diz isso apontando o dedo fino no meu nariz e sai do quarto.

É... não teve jeito! Vocês já devem estar entendendo que Júnior me engravidou e agora aqui estou eu! Mãe! Essa criaturinha linda na minha frente merece todo o meu amor, mas tenho alguns entraves para resolver.
Minha mãe é a minha grande amiga! Me apoia em todas as minhas decisões e sem pestanejar me diz sim. Já meu pai...bom, ele é um desses entraves que preciso resolver.
Depois da conversa com mamãe comecei a pensar em mil maneiras de recompensá-la por me ajudar tanto e agradar meu pai em seus pedidos.
Acreditem em mim: Adolescente grávida não tem voz e nem vez em uma família tradicional como a nossa e tenho que escutar tanta coisa que meu peito vive apertado. Não interessa se fui ingênua, burra e tudo mais, a única coisa que enxergaram foi a barriga crescendo. A excessão da minha mãe e da minha irmãzinha eu não tinha mais ninguém porque "dei e engravidei"!. Assistindo toda essa hipocrisia familiar como se estivesse fora do meu corpo, sentia raiva daquele garoto, muita, muita raiva e jurei, no dia do parto em meio a dor:  "Vai ter volta!"

- Mãe!!!!! - Gritei da porta do meu quarto - Não precisa esperar até amanhã! Já tenho a sua resposta!!! - "E a minha" - pensei.

Vai ter volta!Onde histórias criam vida. Descubra agora