Vai ter volta!

7. Reunião

Estava sentada na sala de casa  finalizando o look do dia no meu aplicativo de moda e pensando na ong que abri há dois anos quando Bruna entrou dando seu solar "Bom dia" e tive uma ideia, mas deixaria para a hora da DR familiar.

- Cheguei cedo demais, né? - Ela se jogou no sofá ao meu lado - Tô ansiosa! Papai não correu nada sobre o Rafa!
- Você ama demais esse irmão, não é mesmo? - Parei o que estava fazendo e encarei Bruna - Posso entender!
- Bom, não estou falando com ele desde o casamento, mas sim, amo muito meu irmão.
- E porquê isso?
- Por que ele é um ridículo! Não veio ao casamento por causa daquela intragável! Parece que ela ficou doente. Duvido nada que foi uma desculpa grotesca, ela nos odeia.
- E a recíproca?
- Muito verdadeira! Já deu para perceber. - Ela gargalhou e eu também.
- E o que acha que seu pai vai falar?
- Que eles agora estão vindo nos visitar, o que mais?
- Bru...pensei em umas coisas...
- Topo!!! Já sei da sua fama de aprontar por aí! - Gargalhei alto
- Não era isso que ia sugerir, mas guarde a sua resposta, ok?
- Não entendi?
- Vai entender!

Minha mãe e Lyz desceram as escadas acompanhadas por Susano e Ninah que desciam abraçados. Ninah gostava mesmo de Susano e eu estava achando ótimo ela ter uma figura masculina tão boa quanto meu padrasto. Ela precisava disso. Lyz foi em direção à cozinha pegar sua caneca de café senão seriam patadas grátis para todos os lados. Minha mãe beijou minha testa, abraçou Bruna e se sentou ao lado de Susano. Ninah encolheu as pernas no sofá em frente ao nosso e quando Lyz retornou, Dona Evandra abriu a cena:

- Bom, pessoas da minha vida, temos muito o que falar hoje!
- Calma aí, vida! - Falei com mamãe, puxando meu terço do bolso da calça.
- Ok, a primeira graça do dia!
- Seria eu se não tivesse?
- Claro que não!!! - Lyz gargalhou espirrando café para os lados enquanto Ninah revirava os olhos.

Mamãe começou falando da casa que seu Antônio ocuparia e informando que a mudança já aconteceria na próxima semana. Depois pulou para a repaginada que ela queria dar na Évora o que me deu brecha para soltar a minha ideia.

- Mamãe, sabe que meu projeto social está crescendo cada vez mais, né?
- Sim, isso é ótimo!
- Aislin me contou, Bily! Sua iniciativa é linda! - Bruna sorriu ao falar e foi a minha deixa
- Gostou? Estou mesmo precisando de uma advogada!
- Não acredito que essa filha de Evandra passou minha frente, Susano!!! - Mamãe falou sorrindo.
- Pensou nisso também, vida? - Perguntei a ela.
- Um pouco mais, um pouco mais!
- Sério??? - Eu e minha mãe tínhamos uma conexão perfeita.
- Deixe-me entender, pessoas! Tô vagando aqui! - Bruna soltou
- Gostaria de ser a nova advogada da Évora, Bruna?
- E do meu projeto também?
- O quê?? Papai, olha isso!!! Claro que quero!!!! - Ela levantou e deu um soco no ar - É isso!!!

Susano já havia falado que Bruna estava insatisfeita no escritório que trabalhava. Ela era a segunda melhor advogada, mas perdeu o páreo de sócia para um playboyzinho que se achava, e detalhe: Já tinham dormido juntos. A nossa advogada na Évora engravidou e decidiu parar tudo para se dedicar ao filho, ela dizia sempre que quando engravidasse se tornaria "do lar" em tempo integral. "Creio em Deus, Pai!!!!!" Ficar sem trabalhar??? Uó total!!.
O meu projeto social consiste em  elevar a auto estima de mulheres com truques de maquiagem e roupas que valorizam cada corpo e além dos desenhos,  isso é o meu xodó e está crescendo cada vez mais.

- Pronto! Tudo certo! Cumpra o que tiver que cumprir com aqueles sanguessugas e vem pra Évora, garota!!!
- Acabou? Marquei com as meninas no shopping, mamãe.
- Ainda não, gatinha! - Susano falou calmamente e Ninah se sentou sem fazer um muxoxo sequer.  "Impressionante" - Pois bem, família! Receberemos visita em breve
- Não falei? - Bruna me cutucou e revirou os olhos.
- Bruna, me deixe terminar... já conversei com Evandra, mas queria saber a opinião de vocês sobre meu filho ficar conosco.
- O QUÊ??? - Bruna pulou do sofá me assustando e fazendl Lyz quase derrubar a xícara de café no tapete. - Pelo amor de Deus, papai!! Não faça isso com essas pessoas aqui!! Aquela mulher, aaarght!!
- Rafael vem sozinho, Bruna! - Susano disse calmo e com um sorriso nos lábios.
- Ah tá, que aquela bestinha não vai vir atrás! Evandra, não permita isso! Aquela insuportável vai acabar com essa alegria que reina aqui! Existem hóteis, cacete!!
- Bruna!! - Susano elevou o tom e eu puxei Bruna para sentar novamente olhando firme para ela, procurando passar telepática e milagrosamente que, sim, poderíamos trollar a mulher até a morte! - Rafael virá sozinho!!! Ele se divorciou.
- Não acredito!!! - A boca de minha irmã fez um "O" gigante e logo depois ela se levantou dançando. - Deus ouviu minhas preces!!!! É sério mesmo isso, paizinho?? Uhhuuu!!!
- Meu Deus, Bruna! - Minha mãe ria - Assim vou acreditar que a mulher é mesmo um monstro! Então, não foi tão mal ele se divorciar, não é mesmo?
- Ahhh, isso sim!!! Foi ótimo!! Ele se libertou!!! Vai, seu Susano! Pode dizer que ficou feliz, hein!
- Não posso dizer que não... - Ele sorriu com satisfação - E aí, minhas filhas? Ele pode morar conosco por algum tempo?
- Peraí? Morar um tempo? -. Bruna estalou mais uma vez.
- Sim, por algum tempo. E já tenho outra ideia em mente! - Mamãe se levantou - Rafael virá morar conosco enquanto monta seu apartamento e  ainda ganhamos um arquiteto para remodelar a Évora!!!
- É sério isso, esposa?? - Susano perguntou emocionado.
- Ah, muito sério!!
- E esse nosso irmão? Ele é legal? - Ninah falou pela segunda vez em toda a reunião.
- Ele é! Um cara sério, mas legal.
- Ah, qual é pai? - Bruna gargalhou - Não iluda ninguém! Rafa é um chato! Metódico, sarcástico, azedo!
- Nossa! - Ninah sibilou
- Mais sarcástico do que Amabily?? Duvido! - Lyz estrilou e gargalhou - Tô querendo é ver!!
- Que coisa feia, carinha de mamãe! Eu não sou chata e azeda! - Gargalhei também e junto comigo veio Bruna e até nossa caçula.
- Essas não tem mais jeito não, Susano! - Minha mãe levou a mão a testa
- Vamos pagar e ver o que vai rolar! - Ele disse com mansidão e até riu um pouco também - Acho que essa alegria vai contagiar Rafael.
- Assim espero!

E se não contagiasse...bom, sempre se tem umas boas marmotas a serem realizadas! Pensei e sorri.