40. Destruídos

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Fazia uma semana que Amabily tinha saído do hospital e não permiti que ela fosse para casa. Ela ficou em meu apartamento que mais parecia roleta do metrô de tanta gente que chegava para visitá-la. Mas a pessoa que mais queríamos que viesse, simplesmente não vinha. Ninah estimava as melhoras para o bebê e só. E isso destruía minha baixinha cada vez mais...bom, a mim também. Saber que tinha uma filha que completaria 19 anos e outro a caminho me enchia de felicidade, mas por outro lado, ver Amabily chorando a cada vez que alguém aparecia e ela sabia não ser Ninah, sugava todas as minhas forças.

- Baixinha, você está bem para a DR de sábado na mansão? - Perguntei inseguro
- Se eu te disser que sim estaria mentindo vergonhosamente, mas não consigo mais, Rafael! Preciso contar a Caçulinha tudo que escondi por todos esses anos.
- Te consola dizer que estarei com você, segurando sua mão por todo o tempo?
- Consolar não é a palavra. Você será a minha força.
- Eu serei!

Todos os dias à noite eu ligava para Evandra. Foi difícil para mim contar que eu fui o pivô de tudo que se desenrolou naquela família e muito mais para ela, que se ressentiu muito e não me encarou por dias dentro daquele hospital, mas depois de minha mãe, Evandra é a mulher mais generosa que conheci.  Ela conseguiu entender que eu era um moleque arrogante e eu entendi, não seria diferente, que mesmo sendo a mulher foda que é, precisava do seu tempo para encaixar as coisas em sua cabeça.

- " Oi, pessoinha!"
- " Preciso ser direto! Sábado estaremos na reunião da família e contaremos tudo a Ninah! Me mata cada dia ver Amabily chorar!'
- Certo, meu querido...isso também está me matando...
     
                            ***

E no sábado, sem rodeios nem prêambulos, sentamos lado a lado no grande sofá e cada parte da família foi deixando a sala até restarem apenas eu, Amabily e Ninah.

- Já senti que a conversa é comigo! Todos saíram mais uma vez achando que eu sou uma grande idiota!

Ninah bufou e cruzou os braços como uma menina mimada. E quando eu abri a boca para falar alguma coisa, minha baixinha se levantou, estufou o peito e disse:

- Sim! A conversa é com você e somente com você! Querendo ou não você ficará de boca fechada e irá me ouvir até o ponto final!!

Ninah arregalou os olhos, abriu a boca em um O perfeito e...se calou.

Vai ter volta!Onde histórias criam vida. Descubra agora