25. Fuga

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Hendry foi o primeiro, e talvez o único amigo que fiz na Califórnia. Foi ele quem me ensinou a enxergar a vida de outra maneira, foi ele que me ensinou a fazer uma "laranjada docinha de um limão azedo"(O quê? Vocês acham impossível? Não, não é!). Era para Hendry que eu corria toda vez que meu vagabundo coração queria trair minha razão. Quando mencionei para mamãe que viajaria nesta semana, ela já sabia que não tinha nenhum trabalho envolvido e que eu correria para os braços de Hendry.

"- Vida minha, estou indo até um trabalho na Califórnia amanhã"
"-Entendo...esse trabalho começa com H e termina com y?"
"- Garota esperta!"
"- Já sei, sem mais palavras!"

Sorri ao lembrar das palavras de D. Evandra que neste momento olhava entre mim e Rafael com olhar especulativo. Olhei para Hendry e o abracei forte. Ele retribuiu. Hendry é alto, forte, pele bronzeada, romântico, carismático, sorridente, sempre disposto a me ajudar e completamente gay...mas meu "irmãozinho", convenhamos, não precisava saber esta última parte!.

- Bilycat, o dog ali não pára de nós olhar! - Ele falou em meu ouvido me abraçando ainda mais apertado - Vamos dar um show para ele?
- Amo você, sabe disso? - Gargalhei alto - Só espero que As não estrague essa parte! Ela é team dog!
- Se eu não  conhecesse tão bem esse seu coraçãozinho... - Pôs a mão no meu coração - ...Eu também seria! Esse homem é uma chama!!
- Até você, Hendry?
- Bilycat, sou seu amigo, mas não sou cego e estou bem vivo!
- Eu sei, mas preciso de você! - Abracei ele novamente.
- E o que eu não faço por essa carinha de gata abandonada? - Beijou a ponta do meu nariz.

Quando voltamos à mesa Rafael não estava com cara de muita conversa. Ok! Era o que eu queria, não era? Mas porquê já começava a doer??. Hendry sentou ao lado de Rafael e tentou entabular uma conversa, mas foi mal sucedido. Então, virou para minha mãe e começaram a conversar animadamente e mesmo sabendo que minha mãe o avaliava, (Bom, a única que sabia de sua orientação sexual era eu, mas D. Evandra não era boba.) não se intimidou.
Enquanto conversávamos, perdi Rafael de vista. Em algum momento ele saiu da mesa e eu não vi.

- Com licença! Vou ao banheiro.
- Companhia, Bilycat? - Hendry me perguntou
- Não, meu amor! - Beijei sua testa - Volto logo!

Eu deveria ter deixado Hendry me acompanhar...esperto que só ele, provavelmente viu a direção que Rafael tomou quando saiu da mesa, diferente de mim.

- Você é mesmo bastante volúvel, não é mesmo, "irmãzinha"? - Ouvi a voz um pouco enrolada de Rafael ao sair do banheiro. "Ele estava bêbado??"
- Você está bêbado??? - Me ouvi perguntando
- Não o quanto gostaria... - Ele se aproximou e dei um passo atrás - ...Esse é seu novo "aleatório"?
- Hendry? - "Se ele soubesse!"
- Quem mais? - Me vi presa novamente entre a parede dura e a parede humana a minha frente.
- Sim! Ele é! E pelo que me consta você não tem muita coisa haver com isso, não é mesmo? - Encarei aqueles olhos que me faziam tremer e chorar na calcinha.
- Não, não mesmo! - Ele se afastou - Boa noite, Amabily.

Fiquei parada por alguns minutos encostada na parede, depois que ele se afastou, sentindo frio. Era como se tivesse passado a noite embaixo do cobertor e ele ter sido retirado de cima de mim enquanto estava nua e a neve caia. "Ok! Melhor assim! Meu coração está seguro!"

- Cadê o Rafa? - Bruna perguntava enquanto eu me aproximava.
- Ele foi embora, Bru, disse que estava cansado e que tem muito a fazer nesse fim de semana. - Minha mãe respondeu.
- Muito a fazer? - Perguntei como quem não queria saber.
- Ué? Ele já está se mudando, Bily! Achei que soubesse. - Bruna comentou - Segunda ou terça feira acho que já não estará em casa.
- Ah! - Senti mais frio e me abracei - Vamos, Hendry? - De repente a noite perdeu a graça para mim.
- Se quer ir, vamos, Bilycat! - Ele se levantou imediatamente. Sabia que eu precisava ir embora naquele momento.

Fui para o apart hotel de Hendry. Passei a noite deitada no colo do meu amigo olhando para o nada, enquanto ele só acariciava meus cabelos, como fez anos atrás. Eu não precisei falar nada, meu amigo já sabia que eu estava irremediavelmente apaixonada por Rafael.

- Sabe, Bilycat...eu sempre estarei aqui para você, sempre!... - Ele continuou acariciando meus cabelos
- Mas? Não esqueça que te conheço Hendry!
- Você também não esqueça! E por te conhecer...tem um "mas" sim e ele é moreno, alto, lindo e não desviou o olhar de nós a noite toda! Ele gosta de você.
- Ele quer me comer, Hendry! - Levantei rápido já irritada.
- Não, ele não quer só isso. Uma coisa é você não querer lutar contra outra coisa é não saber e, Bilycat, você sabe...
- Eu sei que estou muito perdida!!!! - E então às compotas se abriram.
- Só se você quiser se perder! Os homens até são iguais como você diz, mas a gente não manda nisso aqui - apontou para o meu coração - E não vivemos sem eles! Isso é um fato.
- Claro que não! Viver sem sexo a gente não vive! - Levantei para fazer um drink
- Pára agora, Bilycat!!! Me diz o que prefere: Sofrer sem ele ou ter um sexo maravilhoso com ele e se nada der certo você sofrer bem comida?? - Gargalhei
- Você tem um ponto!
- Eu sempre tenho! E acerto!

Vai ter volta!Onde histórias criam vida. Descubra agora