Prólogo.

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Clara desembarcou no aeroporto de Metropolis. Ela caminhava, olhando para todos os lados, procurando por um rosto familiar, embora soubesse que não fosse encontrar algum.

Talvez fosse o nervosismo, a tristeza, a frustração... precisava desesperadamente de conforto, não estava pensando com clareza.

Esbarrou em algumas pessoas pelo caminho, enquanto caminhava empurrando a única mala que trouxera, olhando para tudo ao redor, mas sem focar em nada, perdida em pensamentos.. 

Pensou em trazer mais bagagem, contudo decidiu que não seria necessário, afinal, ficaria apenas alguns dias.

Era nisso que ela se agarrava, no fato de que logo aquele pesadelo terminaria e ela estaria de volta à Londres que era seu lar, seu verdadeiro lar. Em seu apartamento minúsculo, deitada em sua cama, assistindo televisão e pensando no próximo dia de trabalho na escola. Ansiava até mesmo por rever seus alunos teimosos e mal educados.

Sim, logo tudo voltaria ao normal.

Do lado de fora do aeroporto,
avistou um homem recostado em uma limousine, segurando um papel com o seu nome. Ela caminhou em direção a ele, forçando um pequeno sorriso ao cumprimentá-lo.

— Bom dia, Srta. Luthor! — Ele também sorriu.

— É Srta. Oswald — ela corrigiu sem pensar.

— Me desculpe — o homem pediu visivelmente constrangido.

— Sou eu quem peço...

Ele lhe dirigiu um pequeno sorriso, antes de abrir a porta do veículo para que ela entrasse.

Enquanto era levada para Smallville, Clara observava a paisagem de Metropolis através da janela do carro. Seus olhos se perdiam em meio aos grandes edifícios do lugar, enquanto a sua mente viajava para longe.

Ela se lembrou das poucas vezes em que esteve ali. Poderia contar nos dedos. Alguns natais, dias de ação-de-graça... apenas datas específicas e nunca permanecia mais do que alguns dias. Não era de se admirar que nunca tenha se sentido parte da família.

Não poderia negar que por muitas vezes desejou ter um relacionamento mais estreito com sua família paterna, contudo nunca teve coragem ou disposição para mudar as coisas. E para ser sincera, acreditava que nem valesse a pena.

Ela sabia como era ter uma família e tinha convicção de que os Luthor poderiam ser tudo menos uma. 

Contudo, por mais que não se sentisse uma Luthor, eles eram, se não sua família, seus parentes e por essa razão não poderia lhes negar apoio nesse momento difícil. Sua consciência não permitiria que negasse.

Gostaria de ter ido antes, mas não foi fácil conseguir uma licença em seu trabalho e acertar os detalhes da viagem, mesmo com a ajuda e influência de um Luthor.

O veículo parou e o motorista abriu a porta para que ela saísse, informando que levaria a bagagem dela para a Mansão Luthor.

Clara pensou em recusar, dizendo que ficaria em um hotel, pois se sentiria mais confortável se ficasse. No entanto, se conteve por perceber que não fazia sentido. No mais, nem sabia se existia hotel em Smallville.

Ao entrar no hospital, ela perguntou por Lex Luthor e foi levada até ele por uma das recepcionistas.

O irmão a recebeu com um sorriso cordial.

— Clara... fico feliz em vê-la, embora as circunstâncias não sejam as melhores.

— Lex — ela retribuiu o sorriso —, onde ele está?

Clara entrou no quarto com passos relutantes, o pai estava dormindo, foi o que Lex lhe disse, não queria acordá-lo. Arrastou devagar uma poltrona que havia no quarto, tencionando sentar-se perto da cama onde ele estava deitado.

Ao se acomodar, observou o homem ao seu lado: havia curativos no rosto, braços e mãos dele... Estava pálido e fragilizado. Clara nunca imaginou vê-lo assim: o Grande Lionel Luthor tão vulnerável.

Ela sentiu uma certa tristeza ao observar a maneira frágil em que ele se encontrava, principalmente por saber o que ele teria que enfrentar. Não podia dizer que o amava, não tiveram tantos momentos juntos para que existisse tal sentimento entre eles, mas sentia afeição por ele, não poderia ser diferente.

Tomou a mão dele e entrelaçou os seus pequenos dedos aos grandes e frios dedos do homem que começava a despertar, sentindo o toque reconfortante da filha.

Ele abriu os olhos.

— Clara? — ele chamou por ela, demonstrando surpresa. — É você?

— Olá, papai...— ela respondeu acariciando a mão dele.

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