Capítulo LII - No One.

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I know some people search the world
To find something like what we have
I know people will try, try to divide something so real
So 'til the end of time, I'm telling you there ain't no one

No one, no one
Can get in the way of what I'm feeling
No one, no one, no one
Can get in the way of what I feel for you...

(Alicia Keys: No One.)

Lex ainda repassava os últimos acontecimentos em sua mente, tentando entender como ele pôde agredir o próprio pai, ainda mais sendo ele um homem com deficiência - não que isso diminuísse o Lionel, de forma alguma, mas tal condição tornava um confronto físico entre os dois completamente injusto. Tinha consciência disso, mesmo assim, partiu para cima do homem, com fúria e desferiu socos no rosto dele, sem se importar com o que poderia acontecer.

E o que teria acontecido se o Doutor não chegasse?

Ele sentia um arrepio lhe percorrer o corpo, toda vez que essa pergunta surgia.

Durante a sua vida toda, em todos os anos em que esteve nessa batalha constante com o seu pai, nunca cogitou a possibilidade de agredir ele fisicamente, nem o Lionel demonstrou qualquer intenção nesse sentido.

Era triste perceber que foi ele a tomar a iniciativa de romper essa pequena parte respeitosa que existia entre eles. Por mais defeitos que o Lionel tivesse, foi ele quem agrediu covardemente uma pessoa. Ele, que sentia orgulho em dizer que se tornou um homem melhor.

Que tipo de pessoa agride um homem cego?

Ele poderia dizer que a raiva o dominou. Que enquanto escutava o Lionel falar, com tanto desdém, sobre a sua mãe, ele revivia todos os momentos em que assistiu a ela definhar, numa cama, completamente inerte em tristeza, e isso o levou a perder o controle.

O mesmo argumento que usou para se explicar para o Clark. Perdeu o controle, porque se deixou dominar pela raiva.

Estava claro que ele tinha um temperamento explosivo e isso estava o levando a fazer coisas ruins. Não importava o quão canalha o Lionel era, ou o quanto o Jonathan era preconceituoso, nada justificava agressão, ou expor um segredo que não era o seu.

Era humano, como a Martha disse, uma pessoa sujeita a cometer erros. Mas não podia continuar cometendo os mesmos erros. Precisava mudar sua atitude.

Talvez devesse seguir o exemplo do seu amigo, John, que também possuía uma tendência ao temperamento agressivo, e fazer terapia.

Sim, ele faria isso.

Contudo, apesar da consciência do seu erro, ele sentia uma raiva enorme do seu pai, não apenas pelas coisas horríveis que ele falou e fez com a sua mãe, mas também por ele ter partido o coração da Clara.

Há três dias, desde que tudo aconteceu, ela não falava, ou esboçava qualquer reação, além de chorar, silenciosamente.

Ele estava preocupado.

Era como assistir, mais uma vez, à sua mãe, deitada numa cama, consumida pela tristeza e, tal qual naquela época, ele não podia fazer nada para ajudar.

A sua irmã, uma das duas pessoas que ele mais amava, estava sofrendo, e ele apenas assistia, impotente, frustrado, com raiva.

Sentia raiva de si também, porque sabia que isso aconteceria, desde o começo. O Lionel sempre partia o coração de quem se importava com ele: sua mãe, a mãe da sua irmã, a Chloe e agora a Clara.

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