Capítulo XXII - Noctume op. 9 no. 1

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Martha e Clara eram levadas para Metropolis na limousine do Lionel, pelo motorista dele.

Ela tentou recusar o transporte, não gostava de dar trabalho ou se sentir inconveniente, mas a Clara insistiu e, honestamente, ela não se sentia bem para dirigir. Estava nervosa. Por isso, acabou cedendo.

Gostou muito quando a Clara se ofereceu para ir até a sua antiga casa com ela. Era mais fácil encarar a situação tendo alguém ao seu lado para transmitir apoio.

A Clara era a única que sabia sobre o seu plano de ir visitar o pai. Pensou em contar ao Clark, porém desistiu. Achou melhor contar apenas quando soubesse o que resultaria desse encontro.

Ligou para o escritório do seu pai para dizer que pretendia fazer uma visita. Ele foi bastante cordial, mas não demonstrou qualquer emoção em reencontrar a filha.

Tal fato deixou Martha ainda mais nervosa.

Ela sabia que não seria fácil. William Clark nunca foi conhecido por ser uma pessoa afetuosa.

- Você está bem? - Clara perguntou, pousando a mão, gentilmente, sobre a dela.

Martha pensou em dizer que sim, mas não gostaria de mentir para ela. Clara estava sendo a pessoa que mais a estava apoiando. Apesar de ainda ser jovem, ela era bastante madura e sensata.

- Eu estou muito apreensiva. - Admitiu. - Você se sentiu assim quando reencontrou o seu pai?

- De certa forma, sim. Mas a minha apreensão era mais por conta da espectativa de saber como as coisas seriam dalí por diante. Eu já conhecia o meu pai, sabia como lidar com ele. Para você a situação é mais complicada.

E era mesmo. Há mais de vinte anos não falava com o pai. Já não fazia ideia se ele era o mesmo homem que conheceu ou se havia se transformado com o tempo. As duas possibilidades a assustavam.

- Eu fico observando você e o seu pai. Vocês se dão tão bem. Nem parece que ficaram tanto tempo separados.

- Nem sempre foi assim. Nós nunca tivemos uma discussão séria, mas a nossa relação era muito fria. Ele demonstrava indiferença e eu fingia não me importar. As coisas só mudaram quando eu vim para Smallville. Ele estava vulnerável porque perdera a visão e não tinha alguém para apoiá-lo e eu fiquei compadecida por ele, senti como se precisasse ficar ao lado dele, como se precisasse proteger ele. Nós dois baixamos a guarda e os sentimentos, com o passar do tempo, foram se transformando. Hoje, me sinto mais próxima dele do que jamais estive.

Martha sorriu, sinceramente feliz. Ela conseguia perceber o amor que havia entre eles.

Desejou que acontecesse o mesmo entre ela e o seu pai.

Elas chegaram em seu destino.

Martha deixou o veículo, as mãos trêmulas, a respiração pesada.

Clara veio logo atrás. As duas contemplaram a casa.

Nada mudou na faxada da grande propriedade, tudo estava como Martha se lembrava. As lembranças retornaram vividas em sua mente. Os bons momentos que passou alí, no lugar que foi, durante muito tempo, o seu lar.

Contudo, logo que adentraram à casa, as lembranças dos momentos ruins retornaram também. Tratou de afastá-las, mas não conseguiu.

Elas foram levadas a sala-de-estar onde permaneceram esperando pelo Sr. Clark. Enquanto aguardavam, foi oferecido chá a elas. Martha aceitou, embora estivesse sem condições de beber ou comer.

Não demorou muito até que o dono da casa fosse até elas. Martha não ficou surpresa com a aparência envelhecida do pai, pois havia visto algumas fotos dele na internet. Fez as suas pesquisas antes de decidir visitar ele.

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