Capítulo XXXIX - Ride.

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I hear the birds on the summer breeze, I drive fast
I am alone in midnight
Been trying hard not to get into trouble, but I
I’ve got a war in my mind
So, I just ride, just ride...

( Lana Del Rey: Ride )

Clara passou pela biblioteca. Sua intenção não era entrar. Ela estava um pouco cansada.

Chegou do Talon, teve um encontro com o Doutor lá. Foi muito bom vê-lo. Era sempre muito bom estar com ele.

Conversaram sobre a primeira sessão de terapia dele. É claro que ele não lhe contou detalhes, nem poderia. Mas ela ficou tranquila em ver que ele estava levando o tratamento a sério.

Clara nunca duvidou que o John fosse uma boa pessoa. Ela confiava completamente nele! Contudo, não podia negar que ele tinha um comportamento problemático - ou que poderia vir a ser se não fosse devidamente tratado. Ele estava disposto a isso. Ela decidiu apoiar ele. Ficaria ao lado dele.

Afinal, quando você ama alguém, você apoia essa pessoa em todos os momentos. E ela amava o John, verdadeiramente.

Sua intenção era subir para o seu quarto e descansar. No entanto, quando passou pela biblioteca e viu que o seu pai estava lá, decidiu conversar com ele.

Havia uma ópera tocando, num volume baixo. Ele estava no sofá. A postura demonstrando cansaço. Ele tinha os cotovelos apoiados nos joelhos, as mãos sobre o rosto.

Ela se sentou ao lado dele. Ele só se deu conta da presença dela quando a Clara colocou a mão sobre o ombro dele.

Ele afastou as mãos do rosto e ergueu a cabeça na direção dela.

- Meu anjo. - Disse, com um sorriso.

Clara o observou. Estava abatido, os olhos irritados, como se ele tivesse chorado.

- Cheguei a pensar que você estivesse me evitando. Não nos encontramos mais. Nem parece que moramos na mesma casa.

- Eu estou muito ocupado com o trabalho.

- É por isso que você está com essa expressão tão abatida? - Perguntou, passando a mão sobre o rosto dele.

Ele assentiu.

- Você me evita, porque não consegue mentir para mim. - Disse, num tom irritado.

- Clara...

- Eu pensei que nós dois estivéssemos próximos. Mas vejo que me enganei.

- Você não se enganou...

- Então, por que você não me diz a verdadeira razão de estar assim, tão triste?

Num gesto inesperado, ele abraçou ela. Clara retribuiu o gesto, bastante preocupada. Ele parecia estar tão fragilizado.

- Estou me dando conta de que sou uma pessoa muito ruim. - Ele repousou a cabeça no ombro dela. - Eu sempre soube, mas eu gostava de fingir que era superior a isso.

- Eu não vejo você assim. - Passou os dedos sobre os longos cabelos dele.

- Você é a única.

- Não sou. Você tem tantas pessoas que se importam com você.

- E eu retribuo esse afeto, ferindo essas pessoas. - Disse, se afastando. - Eu fiz isso com a Ellie.

Clara ficou dividida entre o desejo de dar conforto a ele, pois ele obviamente estava passando por uma crise. Ou a vontade de se afastar, porque aquele assunto lhe trazia muita mágoa.

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