Capítulo LVIII - Electrical Storm.

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Let's see colours that have never been seen
Let's go to places no one else has been

You're in my mind all of the time
I know that's not enough
If the sky can crack
There must be someway back
To love and only love...

(U2: Electrical Storm)

Nunca se sentiu tão solitária.

Era curioso se sentir assim, quando finalmente a sua vida estava entrando nos trilhos. Mas era como se toda a alegria que ela deveria sentir fosse encoberta por esse sentimento de solidão.

Não podia dizer que estava infeliz - muitas coisas boas estavam acontecendo para que ela se sentisse deprimida -, mas também não podia dizer que estava feliz.

Sentia a falta dele.

Desde que se conheceram, há pouco mais de dois anos, nunca aconteceu uma separação tão longa entre eles. Mesmo depois do acidente de carro que ele sofreu, quando se afastaram, durante o período de adaptação dele à deficiência, ela ainda se mantinha por perto, acompanhando a vida dele, mesmo que de longe.

Agora, no entanto, nem esse pequeno conforto ela tinha.

Já não estava consumida pela preocupação, como quando não sabia notícias dele e ficava o tempo todo se perguntando onde e como ele estaria, além de se culpando pela separação entre a Clara e ele.

Ela sabia que ele estava bem, ao lado da filha, em Londres. Recebia essas notícias pelo Doutor. Apesar de as novidades a deixarem feliz, preferia que ele tivesse contado.

Uma contradição, pois ela, há alguns meses atrás, decidiu que o melhor para ela era se afastar dele. Pela primeira vez, o Lionel estava respeitando um desejo seu, mas ao invés de isso lhe trazer algum bem, a deixava desapontada.

Desejava que ele viesse até ela, sem pedir por permissão e a envolvesse num abraço apertado e num beijo quente, como costumava fazer.

Ela repelia esses desejos, dizendo, constantemente, para si que não era certo pensar assim.

Decidiu por se afastar, porque aquele relacionamento não era saudável e realmente não era! Não se deve perder completamente a razão e se entregar, sem reservas, a alguém.

Sua total incapacidade de manter o controle diante do que sentia por ele era o que a tornava tão vulnerável aos jogos de manipulação do Lionel.

Já tinha ultrapassado esse limite, sabia que já não era capaz de tudo para estar ao lado dele. Não enganaria, não iria contra as suas convicções para ter a atenção dele. Essa distância entre eles deixava claro que o que sentia por ele não era mais uma obsessão cega,  porém era algo que também a deixava assustada.

Ela amava aquele homem e a incerteza sobre o que ele sentia  a deixava confusa e angustiada e a falta que ele lhe fazia era a razão da sua solidão.

Ele prometeu que seria sincero com ela, quando retornasse de Londres e ela acreditou na promessa. Se por um lado estava aliviada por saber que, finalmente, ele deixaria ela ter certeza sobre os sentimentos dele, por outro estava com medo de que ele lhe dissesse que não sentia nada, além de atração e que o melhor, realmente, era a separação.

Desejou se afastar dele antes, mas a verdade é que nunca esteve preparada para lidar com essa decisão.

A distância a fez perceber que, mesmo que tudo estivesse indo bem em sua vida, ela era triste sem ele. Em retrospecto, ela pôde dizer que, apesar de todas as complicações, ela se sentiu viva, realmente viva, enquanto os dois estavam juntos - a ausência dele a deixava entorpecida, enquanto tudo ao redor acontecia.

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