II - The Unforgiven II.

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O que eu senti
O que eu soube
Vire as páginas
Vire pedra
Atrás da porta
Eu devo abrí-la pra você?

Metallica - The Unforgiven II

Lex observava a pilha de papéis à sua frente. Estava exausto e ainda tinha tanto a fazer; relatórios e mais relatórios.

Com seu pai no hospital e incapacitado por tempo indefinido, coube a ele cuidar dos negócios da família. Ter o apoio e a confiança dos acionistas da LuthorCorp trazia orgulho, mas também uma certa insegurança. Não gostaria e nem podia decepcioná-los. Sabia que existia muita expectativa sobre si.

"O herdeiro do legado Luthor", precisava provar o seu valor e acabar de vez com a imagem de riquinho mimado que só tinha chegado até onde chegou por conta do sobrenome.

Nesse ponto, sentia inveja de sua irmã Clara. Ela nunca teve que carregar o peso do sobrenome Luthor e certamente teve uma infância e juventude mais felizes do que a sua. Foi sorte a dela não ter tido que conviver com a tirania do pai, precisado corresponde às expectativas inalcançáveis e lidado com o complexo de Deus dele, além de ter a vida controlada por ele...

Era bem verdade que Lex já não precisava de qualquer aprovação do pai para tomar decisões em sua vida, ainda assim, se pegava ansiando por algum elogio dele. Eles eram raros e sempre vinham acompanhados de uma pequena crítica. Ninguém era bom o suficiente para Lionel.

Sabia que era tolice esperar por alguma demonstração de carinho de seu pai, uma vez que o homem só se importava comsigo. Contudo, não conseguia deixar de esperar...

A despeito de todo o seu ressentimento, Lex amava o pai e tinha a tola esperança de ser correspondido. De fato, uma tola esperança.

Com Clara, Lionel parecia ser um pouco mais afável e até compassivo. Lex tinha certeza de que o pai jamais permitiria que ele vivesse uma vida fora do mundo empresarial. Outro ponto em que sentia inveja de Clara.

Contudo, tinha que admitir que tal compreensão devia-se ao fato de que a irmã não havia sido criada como uma Luthor, sequer tinha esse sobrenome — nunca entendeu a razão — pois se assim fosse, estaria na mesma posição que a sua.

Talvez a amabilidade do pai com Clara fosse uma tentativa dele de trazê-la mais para perto da família. Podia compreender o desejo de Lionel, também gostaria de estreitar a relação com a irmã.

Por muitas vezes desejou ter a irmã consigo, ele se sentia tão solitário e sem ninguém para conversar sobre seus desejos, seus medos... Nunca contou com o amparo de alguém quando se sentia triste - exceto o de sua mãe, mas ela havia falecido quando ele era criança. Sempre desejou ser amado e nunca imaginou que algo tão maravilhoso pudesse acontecer, até chegar em Smallville e se deparar com Clark Kent, a pessoa mais especial que já conheceu na vida...

Seus pensamentos foram interrompidos pela chegada de Clara.

— Me desculpe — ela pediu, observando os muitos papéis espalhados pela mesa de vidro do escritório do irmão. — Não sabia que estava ocupado.

— Eu estava mesmo precisando de uma pausa.

Lex se levantou e convidou ela a se sentar com ele no sofá que havia no cômodo.

— Você parece cansado, irmão.

— E estou... Tenho trabalhado muito desde que nosso pai sofreu o acidente e eu assumi o controle da luthorCorp.

— Eu posso imaginar.

— O engraçado é que sempre sonhei em tomar o lugar dele na empresa, mas agora que estou lá, desejo que ele se recupere logo para que eu possa voltar a cuidar da minha pequena empresa aqui em Smallville, a LexCorp.

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