Capítulo L - How Insensitive.

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How Insensitive
I must have seemed
When she told me that she love me
How unmoved and cold
I must have seemed
When she told me so sincerely
Why she must have asked
Did I just turn and stare in icy silence...

(Frank Sinatra & Tom Jobim: How Insensitive.)

- Clara...

Ele chamou por ela, não suportando a ansiedade.

Ela estava pensativa, distante. Precisou chamá-la outra vez, para que ela o ouvisse.

Clara piscou os olhos algumas vezes, antes de começar a falar:

- Confesso que estou chocada com o que você me contou. Vou precisar de um tempo para assimilar tudo. - A voz dela era incerta. - Nada justifica uma agressão, mas você já sabe disso, eu não preciso dizer. - Encarou ele nos olhos - John, eu olho para você e vejo um homem bom, gentil, incapaz de agredir alguém. Sei que você mudou, vejo isso nos seus olhos. Você é um homem com defeitos, que errou muito! Mas você quis mudar e se empenhou nisso. - Levou as duas mãos até o rosto dele. - Da minha parte, meu querido, tudo continua o mesmo. Eu amo você, Doutor e conheço muito bem o homem que você é, a sua bondade, a sua compreensão.

Não conseguiu conter as lágrimas, sentindo o toque das mãos dela no seu rosto, contemplando a proporção do amor que os unia.

- Eu tive tanto medo...

- Não deveria! - Ela o interrompeu, beijando os lábios dele. - Você devia confiar no que eu sinto por você, no que sentimos um pelo outro.

- Eu confio... - Ele também beijou ela nos lábios.

A Clara foi sincera, ela precisaria de algum tempo para se acostumar com o que ele contou. Reconhecia que era uma história absurda. Era a parte vergonhosa do seu passado, a parte que ele gostaria de esquecer.

O amor que os dois estavam construindo era sólido, baseado na sinceridade e na confiança. Teve medo de que o seu passado acabasse por separar os dois, mas enquanto a beijava, ele soube que tudo era insegurança sua. Nada era capaz de abalar o que existia entre eles.

Se orgulhava muito de si mesmo por ter esperado por ela, por continuar sonhando em encontrar a pessoa certa, mesmo depois de tantas decepções.

A Clara era a prova de que ainda existiam pessoas que faziam a vida valer a pena - sempre existirá pessoas como ela. É preciso manter o coração aberto para conseguir identificá-las.

Quando os dois se afastaram, John procurou pelos olhos castanhos dela. Ela desviou o olhar, um tanto apreensiva.

- Mesmo que tenha compreendido a situação, vejo que você está decepcionada. - Ele falou, acariciando o rosto dela.

- Não com você. - Ela disse, assumindo um ar sério. - Não consigo acreditar que o meu pai investigou o seu passado em Gallifrey.

- Ele fez isso para saber se eu realmente era uma boa pessoa. Não foi para me prejudicar, ele estava cuidando de você. Honestamente, eu entendo ele.

- Mas eu não entendo! - Clara exclamou, irritada. - Se a Chloe não tivesse interferido, nesse momento, a sua história estaria na internet e isso prejudicaria você! Se isso acontecesse, eu não perdoaria o meu pai!

- Clara...

- Ele precisa entender que não se pode controlar tudo! Ele não tinha o direito de te investigar, nem de interferir nas nossas vidas! O que ele planejava fazer, caso não te considerasse uma boa pessoa? Me afastar de você? John, você percebe como isso é ridículo?!

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