Capítulo LIII - In My Place.

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I was scared, I was scared
Tired and under prepared
But I'll wait for it
If you go, if you go
Leave me down here on my own
Then I'll wait for you (yeah)

Yeah
How long must you wait for it?
Yeah
How long must you pay for it?
Yeah
How long must you wait for it?
Oh, for it?

(Coldplay: In My Place.)

Era estranho como ela se sentia. Havia tristeza, muita tristeza, mas o sentimento que a dominava era o desânimo. Não tinha forças, nem mesmo para demonstrar o quanto estava ferida, decepcionada, com o seu pai e com si mesma.

Passava os dias deitada na cama, sentindo as lágrimas rolarem sobre o seu rosto, enquanto ela repassava toda a sua trajetória, desde que chegou em Smallville. Os momentos felizes, as pessoas que conheceu, os amigos que fez, o amor que encontrou... Tudo tão inesperado e tão genuinamente bom.

Mas a pequena felicidade que as lembranças traziam, rapidamente era substituída por tristeza, quando ela se lembrava da última imagem que tinha do seu pai: acuado, decepcionado, ferido, física e emocionalmente.

Não negava os erros que ele cometeu, tanto no passado, quanto no presente. Mas ela sempre conheceu os defeitos dele e isso não a impediu de se aproximar. Amava ele, mas isso não foi levado em consideração, quando ela decidiu que ele merecia ser punido por todos os erros dele.

Não admitiu num primeiro momento, porém, agora, era capaz de ser sincera consigo. Ela queria punir o pai, por ter investigado o Doutor, por ter enganado a Chloe, por ter sido um pai ausente para o Lex, por ter abandonado e partido o coração da sua mãe e por todos os anos em que ele não a tratou como uma filha.

Ela guardou toda essa mágoa, durante muito tempo. Devia ter falado sobre o que sentia, devia ter encarado a sua dor e tido uma conversa franca com o seu pai, deixado a sua mágoa vir à tona, numa conversa que seria dura, difícil, mas que não traria tantas tristezas.

Sim, porque ela não prejudicou somente a ele.

Tinha deixado a mágoa vir à tona, mas da pior maneira possível.

Expôs o passado dele para todos e trouxe um caos para a vida das pessoas com quem se importava.

Seu irmão, agora carregava mais uma culpa: a de ter agredido o próprio pai. A Chloe, culpada por ter assinado a matéria. O Doutor, se sentindo responsável pelo que aconteceu, por ter sido a principal motivação para ela ter feito o que fez. Ela mesma, por ter destruído qualquer chance de ter o pai com ela.

Sua mãe também estaria decepcionada, com certeza! Ela, mais do que qualquer pessoa, tinha o direito de expôr os erros do Lionel, mas nunca o fez e nunca faria. Ela amava ele, verdadeiramente e, apesar de nunca negar os defeitos que ele tinha, não deixava de tentar compreender as atitudes dele.

A Ellie dizia que amar é compreender e perdoar.

Clara sabia que ela estava certa. Agora, conhecia o amor. Compreendia os erros do Doutor, assim como ele os dela.

Ficou chocada e até um tanto decepcionada quando soube sobre o passado dele. Afinal, o Doutor, quase assassinou um homem. Mas ele aprendeu com esse erro, quis mudar e estava se empenhando nisso, dia após dia. Ela não o condenaria por um erro de anos atrás. Ficaria ao lado dele, apoiaria ele, porque conhecia o homem que ele era agora. O seu John, gentil e amoroso. Para além de tudo isso, ela o amava e tal qual sua mãe sabiamente dizia: amar é compreender e perdoar.

Então, por que não foi capaz de oferecer a mesma compreensão ao seu pai?

A verdade é que não conhecia o Lionel tão bem quanto conhecia o John. Não tinha certeza se ele aprendeu com os erros e estava disposto a mudar. Mas ele poderia estar tentando e até dava sinais disso.

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