Capítulo LV - The Unforgiven III.

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Set sail to sea but pulled off course
By the light of golden treasure
How could he know this new dawn's light
Would change his life forever

How can I be lost
If I've got nowhere to go?
Search for seas of gold
How come it's got so cold?
How can I be lost
In remembrance I relive
So how can I blame you
When it's me I can't forgive?

(Metallica:The Unforgiven III)

"Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como os outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar das fontes igual à deles;
e era outro o canto, que acordava
o coração de alegria
Tudo o que amei, amei sozinho..."

Enquanto as palavras do Edgar Allan Poe eram reproduzidas pela voz eletrônica do seu celular, ele se perdia em pensamentos, passando, mecanicamente, o aparelho sobre o livro.

Tinha perdido as contas de quantos livros leu, nos últimos meses, assim como das garrafas de whisky que tinha bebido. Passava os dias assim; lendo e bebendo. Tentando ganhar coragem para tomar uma atitude definitiva em sua vida.

Estava numa apatia nunca antes experimentada por ele. Nem mesmo quando perdeu o amor da sua vida, se sentiu tão exaurido. Na época, se refugiou no trabalho e fingiu para si mesmo que estava tudo bem.

Não estava. Já não estava.

Agora, contudo, nem o trabalho lhe parecia um bom ponto de fuga. Não tinha mais forças, nem disposição para ele.

Sendo sincero, parte da indisposição se devia a vergonha por ter tido sua imagem manchada. Todos sabiam o quão canalha ele era, todos conheciam e apontavam os seus erros.

Sempre deu muito valor a sua imagem. Suportou dez anos de um casamento infeliz, com uma mulher que lhe despertava somente pena, para manter a imagem de homem respeitável.

Também não seria injusto com a Lillian e dizer que a culpa do fracasso daquele casamento foi inteiramente dela - embora ela estivesse longe de ser a mulher boa e amorosa que o Lex acreditava que ela fosse -, não se esforçou, nenhum pouco, para tentar ter uma relação, ao menos, afetuosa com ela. No fundo, culpava ela, por ter perdido a mulher que amava, mesmo sabendo que foi uma escolha sua.

Era frustrante saber que, depois de tudo o que suportou, seu maior pesadelo se tornou realidade: todos sabiam a verdade.

Mas o declínio da sua imagem pública era apenas parte da indisposição. Também havia o total desânimo.

Recebeu um comunicado dos acionistas da LuthorCorp, preocupados com a imagem da empresa. Já tinham pensado num plano, é claro; ele deveria dar o controle de tudo ao vice-presidente e se afastar, até que o incidente envolvendo o seu nome fosse esquecido.

Não reagiu com indignação, nem tampouco impôs à sua vontade, soberana, sendo ele o acionista majoritário da empresa que ele fundou. Apenas deixou que fizessem o que consideravam o melhor.

Recebeu muitas ligações, que não atendeu, de alguns dos acionistas, certamente, arrependidos da decisão. Ele poderia até se sentir orgulhoso, mas não sentia nada, era completamente indiferente.

Se eles levassem a LuthorCorp à falência, ele não moveria um dedo para tentar reverter a situação. Não se importava, não mais.

Dedicou a vida toda aquela empresa, tinha tanto orgulho do império que construiu, do nome que fez. Mas no final, terminaria totalmente sozinho e esquecido.

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