Aidan e eu

038

Eu estava sentada na minha cama, engolindo barras e mais barras de chocolate para o desgosto da minha renomada nutricionista, quando meu celular vibra do meu lado.

Número desconhecido:

"Corredor."

Ih ala, atiçou minha curiosidade. No meu roupão de cetim abro a porta do quarto com o máximo de cuidado, as luzes estão todas acesas já que os hoteis precisam ficar abertos a noite toda, então não foi difícil ver o garoto de roupa preta e cabelo no comprimento da mandíbula. A princípio pensei que era Timothée, então fui em direção à silhueta, mas quando o tal garoto se vira e os olhos verdes cercados por olheiras escuras e profundas de Aidan me encaram, eu percebo que estava enganada. Meus pés param por conta própria, o rosto que antes aquecia as maçãs do meu rosto agora me faz enrigesser e empalidecer de pavor e medo. Medo de que ele me deixe de novo, medo de que aquelas mãos macias acariciem o meu rosto e depois se afastem novamente. Medo de mergulhar no mais profundo desespero como nos primeiros meses da nossa "separação".

Aidan me encarava, parecia estar juntando coragem para começar a falar, eu me agarrava ao corrimão como se fosse minha última pontinha de esperança antes que eu voltasse a estaca 0: me apaixonasse por Gallagher novamente.

Flashback on

-Já está em outra, Key?- Acabava de chegar de um encontro no meu novo apartamento, que eu ainda estava me acostumando, as vezes esqueço que o divido com Marcos.

-Como assim?

-Não se faça de boba. Ví um cara de deixando na porta do prédio. Já esqueceu o senhor perfeitinho?

E então, naquele momento, de uma hora pra outra, eu entendi a diferença entre superar e esquecer. Eu obviamente não havia esquecido Aidan, e talvez nunca aconteça, mas eu o havia superado. Já havia colocado na cabeça que ele não quer nada comigo.

-Não... mas não posso ficar sentada olhando para a vista, esperando que eu o esqueça como mágica, não é?

Flashback off

Aidan estava estragando tudo.

-Me...

-Não. Eu... eu não posso fazer isso. Não posso deixar que entre de novo na minha vida. Não aguento mais despedidas.

-Não quero que me aceite de volta. Eu não mereço isso. Quero que me perdoe. Eu fui um babaca...

-É. Foi. Um babaca, um escroto, um cretino, um idiota completo. Escuta aqui Aidan Gallagher, no nosso relacionamento de um ano tudo o que você fez foi começar a me ignorar do nada e voltar quando sentia ciúmes. Quando via que eu ficava bem sem você.

-Eu errei. Quero apenas que você saiba que eu me arrependo por tudo. E que cada dia depois do que eu fiz tem sido uma tortura. Eu sinto que poderíamos ter dado certo se eu não subestimasse você... e sua força.

-VOCÊ NÃO PODE ENTRAR E SAIR DA MINHA VIDA QUANDO BEM ENTENDER COMO SE EU FOSSE A PORRA DE UMA ESTAÇÃO DE TREM AIDAN GALLAGHER.- Eu gritei sem pensar, tampando minha boca com as duas mãos enquanto as portas dos quartos mais próximos de nós acendiam suas luzes.- Desculpa... eu...

-Eu mereci essa.

Eu não podia mais ficar alí, precisava desesperadamente de álcool. Aceno com a cabeça pra Aidan, andando de costas em direção ao meu quarto. Enquanto eu entornava vodca pura sem parar garganta a baixo, a imagem arrasada de Gallagher voltava a minha msnte. Suas olheiras, seu cabelo mal penteado, suas roupas antes alegres e coloridas agora substituidas por pretas, o jeito que ele fechou a mão num punho quando gritei com ele... eu não posso lidar com isso.