Aidan e eu

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Acabamos indo pra sala, até dar a hora de eu ir embora. Vai ser maravilhoso eu com aquela roupa neon no meio da rua as 11 da manhã. Me sento de pernas cruzadas no sofá que fica do lado de uma poltrona de couro falso onde Aidan estava, com um violão no colo.

-Me empresta isso.- Estendo a mão e o garoto me passa o instrumento, obediente. Começo a testar as cordas e afinar o violão só pra ter algo pra fazer com as mãos.

-Vai tocar pra mim?

-Hum... não estava nos meus planos...

-Eu te resgatei ontem, pode me agradecer assim.

-Chantagem emocional, Gallagher? Quando foi que desceu tanto o nível?

-Quando eu fiquei mais de quatro anos sem ver você uma única vez...- Nos olhamos fundo nos olhos um do outro, grandes, verdes, misteriosos, profundos. Suas olheiras ainda são profundas e escuras, mas por ironia isso apenas destaca a cor penetrante dos olhos dele. O que toco pra Aidan Gallagher? Eu queria tocar algo que transmitisse o que eu sentia por ele. Que falasse por mim as palavras que eu não conseguia pronunciar. Então "Say you won't let go" começa a ganhar vida enquanto meus dedos passeavam de corda em corda.

Aidan me olhava com um brilho descrente nos olhos enquanto eu soltava a voz e cantava junto com a melodia, talvez a letra tivesse sido um pouco exagerada, mas o que eu sinto pelo garoto (que agora se encontra sentado no chão a minha frente) é tão exagerado quanto.

Termino a música e estudo o rosto de Aidan pela primeira vez em muito tempo, seu bigode havia crescido um pouco, suas sobrancelhas haviam engrossado levemente e sua mandíbula estava ainda mais marcada, rugas de expressão quase invisíveis brotavam aqui ou alí em seu rosto perfeito.

Estávamos nos encarando fixamente e ambos tínhamos plena consciência disso, por que eu deveria parar? Depois de todo esse tempo ansiando para extravasar meus sentimentos para o mesmo garoto que se porta a minha frente, simplesmente me segurar? Isso não é possível. Uma coisa era certa: a saudade e a raiva acumulada de quatro anos não interferiram em nada do amor que eu sinto por ele. Se não contribuíram para o cultivo desse amor.

Eu estou perdidamente apaixonada por Aidan Gallagher. E não há nada que possa mudar isso.

Nossos rostos estavam se aproximando, de vagar, quase imperceptivelmente, só notei essa aproximação quando os lábios tão familiares e receptivos de Aidan estavam roçando os meus. Tinha acabado de juntar a coragem que tinha em mim d estava prestes a beijá-lo quando meu celular avisa que estava na hora de ir encontrar Marcos.

MAS QUE MERDA UNIVERSO.

-Eu... eu preciso ir.

-Uhum...

Me levanto, pesarosamente, amaldiçoando todos os minutos precisos que perdi, aue poderiam ter sido aproveitados por um beijo.

-Eu vou indo...

-Tudo bem.

Aidan sobe as escadas e desaparece em seu quarto, acho estranho mas deixo pra lá, eu omiti algumas informações dele e ele tinha razão em estar com raiva. Saio pela porta da frente com minha roupa que pode ser vista do outro lado da cidade e ando pelas ruas de Los Angeles. Que saudade desse lugar.