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Marcos pov:

-Ah, Julie, o que aconteceu ontem? Ví você chorando horrores no banheiro.- Samantha vira o celular para minha melhor amiga, revelando provavelmente uma foto da cena deplorável de ontem à noite, depois arrasta para o lado, eu não conseguia ver a tela mas o gemido desesperado que saiu do aparelho era perturbador, eu sabia que era Julie gravada. Eu via o ódio no olhar da menina, que tinha as mãos entrelaçadas nas de Aidan, numa tentativa de buscar apoio, em Sam, eu só via o deleite com a situação. Seu veneno praticamente escorria pela boca, por isso não impedi de primeira quando Julie voou por cima da mesa como um tigre e puxou Samantha pelos cabelos.

Cat ficou desesperada, primeiro tirando a amiga (Liliam) do caminho, o restaurante todo parou, algumas pessoas até se enfiaram debaixo da mesa, meio exagerado, eu acho. Depois de algumas unhadas aqui e alí, uma boca sangrando e um hematoma na maçã do rosto de Sam, Julie se levanta, a ex amiga ainda no chão, se contorcendo com alguma dor muito forte no local entre seu ombro e seu pescoço, logo depois posiciona o salto na garganta da outra, então dá um leve pulo, parecendo perceber que haviam mais pessoas alí, Aidan- que eu tinha me esquecido da existência- é o primeiro a envolver Julie com os braços e a conduzir para fora do salão, poucos segundos antes de dois seguranças suados irromperem pelas portas do local.

Eu ofereço minha mão à Cat, que recusa, se abaixando para ajudar a Sam a se levantar, ela não parava de perguntar se a garota sangrando estava bem, se podia falar, se mecher, essas coisas básicas. Ví no olhar profundo da Cat que ela estava furiosa com a Julie, talvez por ter feito uma cena. Quando ela me lançou um ríspido "pega as coisas dela", percebi que aquele ódio todo era direcionado à mim. Eu não sabia bem o por que, talvez por não ter contado a história toda pra ela, talvez por não ter impedido a Julie, do jeito que ela estava, eu é que não ia perguntar.

Contudo, obedeço. Pego a bolsa da loira e algumas coisas que tinham caído (inclusive a carteira dela, o que só adicionava mais uma mentira para a lista aparentemente interminável da Samantha). Quando pego seu celular e o ligo pra ver se continua funcionando, o aparelho abre direto numa página muito familiar, no mesmo tom de rosa choque e desenhos de frascos de veneno, caveiras kwai e corações partidos pra todo lado. Era a página da Sam. Então ví a foto da Julie sentada no chão do banheiro feminino da boate em que fomos ontem, com a maquiagem borrada, as roupas amassadas e os olhos vermelhos, indicando que estava chorando daquele jeito já a um bom tempo. Tirei print da página toda (já renovada, com todas as publicações antigas que a garota fora obrigada por uma multidão furiosa de fãs da Julia, repostadas), mandei para o meu número (antes bloqueado) e tive o bom-senso de apagar a página do mata digital.

Depois de ter visto a página, eu mesmo não me importaria de dar um soco na Sam.

Aidan e euOnde histórias criam vida. Descubra agora