O tecido branco pesado estava incomodando minha pele, malditos saltos, o buquê de tulipas vermelhas e amarelas em minhas mãos pesava cada cez mais e eu não sabia se devia colocá-lo na geladeira ou algo assim antes que murcharsem. Eu sabia que Aidan estava lá, no início do tapete de veludo vermelho, com seu segundo melhor terno, me esperando com o pensamento "será que ela vêm?" invadindo sua mente.
Ninguém falava comigo, talvez por eu estar mais afobada que todos alí e olhando com ódio para todo aquele que ousasse me incomodar com mais alguma coisa para eu me preocupar. Eu sabia que tudo estava deslumbrante, as rosas cor de chá espalhados por todo lado, o altar enfeitado com flores silvestres brancas e pétalas caindo de quando em quando por todo o salão, o bolo enorme sendo o centro das atenções na mesa de comida, taças em cada um dos assentos das mesas... tudo estamente como o planejado. Seria, sem sombra de dúvidas, um casamento no mínimo inesquecível.
Chamo o carro que me levará do salão de beleza à igreja e me despeço de Cat com um abraço antes de ir, chego ao meu lugar no tapete bem à tempo de ouvir a música suave começar a tocar, as portas enormes de madeira se abrirem e ter um vislumbre da quantia absurda de pessoas dentro da igreja, um membro da equipe de fotógrafos passa correndo do meu lado, invadindo furtivamente a igreja e tirando fotos do primeiro casal da fila, uma outra fotógrafa chama a minha atenção, me fazendo olhar pra ela e tira uma foto, bem quando um par de mãos masculinas encontram minha cintura, abro um sorriso sincero e deixo que a fotógrafa siga com seu trabalho.
-Achei que não viesse mais.- Aidan diz, me virando de frente pra ele e estudando meu vestido bordô, como de todas as outras madrinhas.
-E te abandonar no altar? Foi tentador, mas eu não estragaria o casamento do meu melhor amigo, não é?
-Haha. É melhor irmos pra o nosso lugar.- E assim o fizemos, eu com meu vestido colado da cor requisitada pena noiva e Aidan com sua gravata do mesmo tom, meu cabelo preso num coque elaborado, ambos de braços dados, um sorriso simpático e a disposição de cumprimentar com um aceno rápido qualquer um que olhasse diretamente em nossos olhos.
Por mais que cada um dos casais estivesse deslumbrante com suas cores combinando e passos ensaiados, todas as atenções foram voltadas para a noiva assim que ela apareceu. Logo depois de eu lamcar uma piscadela para Marcos e tomar meu lugar do lado extremo esquerdo do altar, a música mudou para uma versão mais lenta da clássica música de entrada da noiva, as portas voltaram a se abrir, todos os convidados se levantaram e uma garotinha (irmã de Marcos) com vestido branco com flores douradas bordadas apareceu, jogando pétalas de rosas de cores diferentes de sua cestinha, logo depois, a estrela da noite.Por mais que eu já tivesse visto e ainda companhado sua transformação, Cat arrancou um suspiro meu ao entrar com seu vestido branco dramático (perfeito para uma atriz), seu buquê de tulipas e seus saltos feitos sob medida e as pérolas em seu cabelo, mas o que mais chamou à atenção foi o sorriso que ela não tirava do rosto. Enquanto desfilava pelo tapete vermelho, arrastando as pétalas com seu véu esvoaçante, mandava beijos para seus parentes e colegas da turma de teatro. Ví com a visão periférica Marcos limpando seus olhos marejados enquanto os fotógrafos bombardeavam Cat com flashes sem parar. Eu entendia sua emoção. O casal da noite, então, se juntou ao altar, deram as mãos, pronunciaram seus votos depois de um garotinho-furacão vir correndo com as alianças do casal em uma cestinha de tamanho quase insignificante.
Tinham muitas crianças e adolescentes que participaram do casamento, eu realmente queria saber de onde tiraram tantas crianças, todas tinham detalhes em bordô em seus trajes e lágrimas nos olhos ao final dos votos do casal.O beijo entre eles foi longo e cheio de ternura, sendo aplaudido com assobios e gritos entusiasmados. As crianças então já haviam se dispersado e voltado para seus devidos pais, os casais de padrinhos se uniram novamente depois de quase uma hora em pé apenas apreciando o amor entre Cat e Marcos, voltando pelo mesmo tapete vermelho e ganhando uma rosa branca ao fim do percurso de duas adolescentes facilmente confundidas com princesas com aqueles vestidos idênticos.
Fomos para o salão de festas logo em seguida, não tinha um tema definido mas estava deslumbrante com muitas pedras transparentes caindo dos lustres e flores perfumando o ambiente. As mesas redondas estavam com os nomes demarcados, minha mesa continha Aidan, minha mãe (tenho certeza que só fora convidada para que Marcos pudesse provar que não é gay) e outros membros da família do noivo, incluindo um primo também advogado, uma prima de uns 17 anos e seus dois avós, que precisavam de ajuda para ir tirar fotos com o casal. Haviam alguns tipos diferentes de pratos em cada lugar à mesa e três taças diferentes também, uma para vinho, outra para champanhe e uma terceira para drinques especiais. Guardanapos com formatos em origami, o forro acetinado e perolado, o arranjo de flores silvestres no centro das mesas, tudo nos devidos conformes.
Estava feliz da vida conversando com Aidan sobre tudo e nada ao mesmo tempo quando a mãe de Cat me chama até o local onde a própria Cat estava. Quando chego lá a pobre coitada estava andando de um lado para o outro abanando o rosto com as mãos, parecia estar segurando pra não chorar.
-Meu Deus o que você fez Cat?
-N...nada. Eu estava tirando as fotos no meio daquele mato alí e alguma coisa garrou no vestido sem eu ver- Soluços e mais soluços- E RASGOU A BARRA DO VESTIDO JULIEEEE- E a garota de debulhou em lágrimas, me abraçando. Eu tentava respirar fundo e manter a mente calma enquanto me lembrava que a maquiagem da noiva era à prova d'água.- E meu buquê caiu no laguinho- Agora quem estava prestes a chorar era eu...
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Aidan e eu
FanfictionA intercambista Julie Key, uma antisocial apaixonada por livros, por coincidência do destino, é abrigada pela família Gallagher, sua consideração e sua estima por Aidan parece um pouco mais além do que a relação anfitrião-intercambista permite. Em r...