Aidan e eu

035

Quebra de tempo

Aidan pov

Já faz quatro anos dês de que a Julie se foi.

Eu e a Samantha decidimos nos apagar da vida da Julie e do Marcos. Por quê? Julie tem um futuro brilhante pela frente. Qualquer um que passe dois minutos com ela consegue ver isso. Eu devo tê-la deixado arrasada, se ela me amasse tanto quanto me dizia pelo menos. Eu não podia atrapalhar a Julie. Eu não vou deixar acontecer com ela o mesmo que aconteceu com a Hannah. Falando na Hannah...

-Aidan, não estou achando minhas roupas... vou ter que pegar uma blusa sua...

-Você acha que eu não percebo que você escomde as roupas debaixo da minha cama pra tentar pegar uma minha?

-Eu não entendo... antigamente você amava que eu pegasse suas blusas. E se eu aparecesse só de lingerie perto de você IGUAL estou nesse exato momento você já me jogava na parede...

-É. Mas agora decidi que quero ser a primeira freira trans da história. Primeiro passo: não me sentir sexualmente atraído por você. Feito.- Fiz um gesto com as mãos como se estivesse marcando algo numa lista.

-Você não era assim

-Correção: eu não sabia que você só queria fama.

-Ai Aidan, está nessa até agora?

-Acho que já está na hora de você ir.

-Mas são só oito horas...

-Vai em bora. Pelo amor de Deus.

-Não sei por que aceitou voltar comigo se mal me atura.

-Como se você não tivesse enchido meu saco por dois anos inteiros. Só... sai daqui. Quero ficar sozinho.

Fiquei num estado quase de depressão nos primeiros dois anos sem a Julie. Me mudei da casa dos meus pais, não fui mais tão ativo nas redes sociais... não vou mentir, tudo é uma merda sem ela. Nesses dois anos a Hannah percebeu que ela havia voltado pro Brasil e voltou a me estressar diariamente. Então entramos numa espécie de relacionamento movido a interesses sociais e econômicos. A Hanna ganharia fama e provavelmente muito menos haters. E se a Julie viesse a me procurar perceberia que eu "estava" com a Hannah e se afastaria.

Chego na janela do meu quarto, observando Hannah entrar e ir em bora num carro até que muito bonito. Ckm um motorista dentro. Um motorista que cumprimenta ela com um beijo na boca e a mão em seus seios. Isso já está acontecendo a um bom tempo. Definitivamente não ligo.

Olho para o calendário em minha parede. 20 de março. Aniversário da Julie.

Sussurro "feliz aniversário"  para as estrelas, na esperança de que elas mandem o recado. Estou num tédio terrível então ligo a TV num canal que nunca havia assistido antes.

"E entramos agora com a mais nova estrela-revelação-juvenil. Hoje vai fazer sua primeira entrevista. Estamos ansiosos para fazer perguntas um tanto... específicas pra ela. É ou não é platéia?"

A platéia do programa explorade em gritos.

"Eu sou Caesar Flickerman e esse é o seu, o meu, o nosso... ESTÁ NA MODA"

Toda a platéia grita o nome do programa junto com o apresentador, um homemde cabelo colorido, roupas brilhantes e uma risada contagiante.

" vocês a conhecem como a garota em chamas da vida real. O tordo em pessoa. A princesa guerreira em 3D. A defensora de tudo oque é justo... vocês sabem o nome dela, eu sei que sabem..."

A câmera se afasta, revelando uma outra cadeira de veludo vermelha identifica a dele com ninguém mais ninguém menos que...  Julie Key num vestido tubinho verde escuro que favorecia seu corpo perfeitamente estruturado e agora mais evoluído com a idade. Nesse momento toda a plateia vai a loucura enquanto meu coração pula duas batidas. Julie? Num programa de entrevista? Mas...? O que...?

Julie pov

Minhas mãos estavam suando, meu coração era como um tambor em meu peito. Essa era minha estreia na TV. Minha primeira meta cumprida. Uma das, pra ser mais exata.

Vamos voltar um pouco no tempo.

Quando voltei de Los Angeles, Aidan tinha decidido que não queria nada comigo, me apagou completamente da vida dele. A esse ponto eu já estava bem conhecida. O choque do que havia acontecido durou alguns meses. Meses longos e sofridos. Mas eu não podia me deixar abalar. Resolvi que ficaria famosa. Não para que Aidan se arrependesse. Isso é só um bônus. Estou fazendo isso por mim. Por que é oque eu amo fazer.

Eu recebi uma proposta quase irrecusável de um empresário famoso. O nome dele é Collin, e eu não estaria aqui hoje se não fosse por ele. Ele estreou minhas músicas, até mesmo os covers fizeram sucesso. Ele contruiu minha carreira do 0. Sem Aidan Gallagher. Só eu.

Atualmente eu moro numa cobertura que divido com Marcos. Somos dois ex-intercambistas melhores amigos de corações partidos, o que seria mais natural?

Minha vida está excelente. Não que eu não sinta falta dele, claro que sinto. Mas tem coisas mais importantes que isso. Foi assim que me tornei defensora ambiental. E embaixadora da boa vontade americada. Sim, eu sei que Aidan também é embaixador. Me certifiquei de que ele nem desconfiasse de que eu participava do movimento. E de que nunca nos emcontrassemos.

-Então, Julie. De amigo pra amigo. De estrela ao vivo que não pode explanar segredos do governo pra outra. O que você acha que te levou ao sucesso? Qual foi o passo decisivo?

-Então, Ceasar, com certeza eu não estaria aqui se não fosse meu empresário bonitão, Collin.- uma salva de palmas ecoou pelas paredes do enorme estúdio- mas acho que se eu não tivesse entrado no The-Voice ninguém me perceberia. Claro que só entrei no programa por influência do Collin. E do meu melhor amigo: Marcos.

-A, com certeza, acho que falo por toda a plateia quando digo que você simplesmente brilhou cantando "drivers license" naquele palco. Falando em cantar... por que não mostra do que é capaz?- Ceasar aponta para uma pequena elevação no chão, em formato de círculo, com um microfone em cima. Vou até lá rezando para não tropeçar nos saltos agulha, e depois começo a cantar alguma das minhas músicas, escolhida pela banda do programa.

Essa é minha vida agora, e só a ideia de ser assim todos os dias da minha vida me fascina. Eu amo isso, amo viver essa realidade.