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Que merda é essa?

Acabo de adentrar o restaurante do hotel, com a roupa do corpo mesmo, logo depois de me despedir de Aidan quando encontro uma mesa pra seis pessoas depositada bem no centro do estabelecimento com quatro cadeiras ocupadas por ninguém mais ninguém menos que Marcos, Cat, uma garota que reconheci por uma foto que meu melhor amigo havia me mandado como Liliam e Sam. Em carne e osso. Um misto de emoções tomou conta de mim, a fúria e o constrangimento denunciados pelo vermelho-vivo em meu rosto.

Antes que eu pudesse sequer ser avistada, me sentei numa mesa vazia atrás de uma árvore artificial para não ser vista e estudei a expressão de todos eles. Marcos estava rígido, sua respiração falhava constantemente e seus olhos arregalados não se desviavam do guardanapo dobrado cuidadosamente em seu prato. Samantha estava levemente desconfortável, mas focava na mão entre as cochas da namorada, que conversava animadamente com Cat. Ambas tinham as expressões leves, se bem que Cat demonstrava um pouco de confusão pela reação de Marcos.

Não foi difícil somar dois mais dois: é óbvio que Cat e Liliam eram amigas. É óbvio que Marcos (muito menos eu) contou em detalhes o que a Sam fez. É óbvio que Samantha nunca admitiria o erro para a namorada. Deu tudo errado.

Eu não podia me apresentar naquele estado para o quarteto, e obviamente não podia deixar que a Samantha pensasse que venceu, de algum modo.

Saio furtivamente pela porta de vidro, entrando na recepção luxuosa fo hotel e depois indo para a calçada novamente. Corro pelas mesmas ruas percorridas poucos minutos atrás, em busca da cabeleira acastanhada e dos olhos verdes que me dariam o apoio necessário, encontro-os caminhando arrastadamente a ponto de virar a esquina seguinte à que eu havia me despedido do garoto.

-AIDAN!- Gallagher se vira, instintivamente cobrindo o rosto com a mão enquanto a outra ia em direção aos óculos escuros que sempre andavam grudados a ele, quando ele percebe que sou eu sua expressão oscila entre preocupação e confusão e ele interrompe os movimentos.

-Julie? Aconteceu algo?

-Mais ou menos... preciso de você.- Pego a mão do mesmo e o guio até o hotel. Prestes a entrar novamente no restaurante me lembro que ainda estou com aquele moletom desnecessariamente grande, então desvio e levo o garoto ainda confuso até meu quarto.

Chegando lá corro para o banheiro e tento lutar contra meu cabelo. Eu perdi a luta. Faço um coque relativamente bom, me deixando satisfeita, então troco o moletom e a roupa neon por um vestido casual e sandálias combinando. Lembro da presença de Aidan quando ele limpa a garganta, escorado no batente da porta que dá entrada ao quarto, no exato momento em que eu fecho o zíper da bolsa.

Explico toda a situação para Gallagher enquanto descemos as escadas rumo à provavelmente pior provação social de toda a minha existência, Aidan compreende tudo muito bem e promete se esforçar pra fazer Sam se sentir desconfortável e sair dali, eu apenas agradeço, sabendo que Samantha nunca vai ceder sem lutar. Chegamos à porta de vidro que nos separa do quarteto, exito mais do que o necessário, Aidan percebe minha angústia, então segura minha mão e deposita um beijo na ponta do meu nariz, sinto o rubor se espalhar por meu rosto.

-Vou estar aqui o tempo todo. Eu prometo.- já ouvi isso antes.- Eu não vou te deixar sozinha.- isso também. Mas não estou em posição de negar, de modo que suspiro e entrelaço nossos dedos.- Pronta?- não.

-Sim.

Aidan e euOnde histórias criam vida. Descubra agora