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Aidan's pov

Eu estava na casa dos meus pais às oito para um jantar em família, estava relutante sobre aceitar o convite já que eu evitava conversar com meus parentes sobre o assunto favorito deles: Hannah. Já expliquei tudo centenas de vezes, expliquei que não era feliz com ela e que não estávamos mais juntos.

Observando todos em volta da mesa retangular, comendo da farta refeição que minha mãe havia acabado de preparar, percebi o quanto sentimentos são imprevisíveis...

Antes eu adorava estar perto de todos alí, agora, a ideia de aguentar um jantar me apavora.

Sentimentos são como ondas, indo e vindo, as vezes até fazendo nos afogar... as vezes recuam por um breve período de tempo e depois volta gigantesca e ameaçadora, arrastando consigo tudo oque vê pela frente. Foi assim com a Julie.

O amor ardente que sentia por ela deu espaço a uma raiva, irritação e ansiedade quando ela parou de me responder, mas depois o amor ridiculamente avassalador que sinto por aquela garota voltou com força total assim que ouvi sua voz arrastada pronunciando meu nome.

Ligação on

A: alô?
J: Aidaaaann
A: Julie? Está tudo bem?
J: Sim... eu acho... eu só queria que soubesse que eu estou *soluço* muito gostosa. E que você está perdendo tudo isso.
A: Ju você está bêbada?
J: que naaaaada... só... tomei um pouquinho... daquilo lá.
A: onde você está, Ju? Está acompanhada? Precisa de ajuda?
J: não seja tão chato lindinnho. Eu tô ÓTIMA. Sem NINGUÉM.
Julie começou a soluçar muito no microfone do celular, isso me preocupou.
A: você não está bem... onde você está Julie?
J: Boardner's by La Belle
A: é perto. Estou chegando.

Falei com minha família que precisava tratar de assuntos urgentes, eles obviamente não acreditaram por conta do horário, minha mãe apenas parou o garfo no meio do caminho entre o prato e a boca, fez uma cara de decepção e depois um gesto com as mãos para que eu fosse. Falei que voltaria no dia seguinte. Ninguém acreditou.

Eu não tinha tempo para aquele drama familiar, peguei as chaves do meu Volvo XC60 e praticamente vôo em direção à boate. Soube mesmo que haveria uma festa lá, mas não estava com vontade de ir. Chego ao endereço que o gps indicava em poucos minutos, adentro e começo a procurar por Julie desesperadamente. Não a acho em ligar algum, dou um encontrão com um cara mais ou menos da minha altura, peço desculpas e continuo olhando em volta.

-Aidan Gallagher?

-Uhum...- Não estava prestando muita atenção.

-Está procurando a Julie?

-Você conhece a Julie? Quem é...

-John. Você não deve me reconhecer, eu estava naquele bar com a competição de músicas e tal... não importa, a Julie é bem fraca pra bebida né? Ví ela indo trocando os pés naquela direção.

-Obrigada.- Tinha uma vaga lembrança das características daquele garoto, mas não me recordava o suficiente para saber se deveria ou não puxar uma conversa, mas eu não estava com cabeça para regras etiqueta no momento.

Andei na direção em que John me apontou e dei de cara com a porta do banheiro feminino, duas garotas com vestidos combinando saíam de lá rindo e dizendo o quanto a garota lá dentro estava acabada e horrível. Abro a porta meio relutante e quando me certifico que ninguém está nos boxes, percebo uma pequena criatura encolhida no canto do banheiro. Julie estava alí, linda como sempre, sua roupa neon brilhante amassada, seu penteado desfeito, suas unhas lascadas e roídas, sentada no chão, abraçando as próprias pernas. Não sabia o que a havia deixado assim, mas o meu primeiro impulso foi confortá-la. Me agachei ao seu lado, puxei-a pra perto enquanto a abraçava e nos guiei até meu carro, quando chegamos ela já havia parado de soluçar, suas feições emitiam vergonha e ela se abraçava, com frio, coloquei minha jaqueta sob seus ombros e nos levei até minha casa.

Aidan e euOnde histórias criam vida. Descubra agora