Capítulo 57

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O teatro já estava bem vazio quando os três amigos concordaram em partir. Inácio saiu do camarote para solicitar a carruagem a um criado. Enquanto Arthur e Heitor permaneciam sentados. O primeiro estava perdido em seus pensamentos e o segundo com o binóculo analisava sua ex. noiva, buscava um traço de infelicidade, porque no seu íntimo acreditava que talvez ainda lhe restasse uma pequena chance. A jovem Catharina não demonstrava nenhuma tristeza ao lado do seu novo noivo, pelo contrário ela irradiava alegria.

Arthur não precisou perguntar para quem o amigo olhava pois o modo como ele franzia o cenho o denunciava. Enquanto observava Catharina, Heitor recordou do modo desdenhoso com que os pais da jovem lhe tratavam, ele sabia que a sua pouca herança e o pequeno legado da sua família incomodavam os pais da jovem. Tais pensamentos despertaram uma ira ardente em Heitor que após um longo suspiro jogou o binóculo longe e o partiu em dois.

– Foi melhor assim Heitor. – Disse Arthur se recuperando do susto.

– Eu teria feito ela feliz, eu tenho certeza que teria feito – Confessou Heitor pegando os restos mortais do binoculo e o apoiando na mesa.

– Seria uma felicidade passageira, após alguns meses ou quem sabe anos, ela se sentiria infeliz, depois de comparar toda a riqueza e conforto das amigas com a...

– Com a migalha que eu teria dado a ela.

– Não era isso que eu ia dizer, mas ela talvez chegasse à essa conclusão. Para alguns status e fortuna é mais importante do que amor e respeito.

– Então foi melhor assim.

– Se você der uma olhada sincera nas pessoas que estão no teatro talvez encontre alguém de valor. Como a Srta. Ribeiro.

– Quem? – Perguntou Heitor olhando para as poucas pessoas que ainda restavam no teatro.

– Srta. Ribeiro – Repetiu Arthur o sobrenome da jovem, mas Heitor não sabia de quem o amigo estava falando. – A Srta. Madalena Ribeiro. – E mesmo mencionando o primeiro nome da garota, ele ainda não sabia quem ela era. – Por Deus Heitor, você só tem olhos para Catharina? Estou falando da jovem que veio conosco na carruagem a amiga de Sófia. Eu poderia mostrar no binoculo quem ela é, mas você fez questão de quebra-lo.

Heitor ficou parado por um breve momento tentando recordar do rosto da Srta. Ribeiro, mas ele realmente não havia reparado nela. Madalena era uma jovem muito simples e muito comum, lhe faltava verdadeira beleza e Heitor não tinha olhado para a jovem, não recordava do som da sua voz e definitivamente se a encontrasse em outro lugar não recordaria que um dia foram apresentados.

– Como você não notou a garota? – Perguntou Arthur – Ela foi a primeira a aceitar o convite de ouvir uma boa música. Por favor, me diz que você se lembra que naquela carruagem haviam cinco pessoas e não apenas quatro.

– Mas é claro que eu lembro de que havia uma outra moça na carruagem, mas eu não recordo do seu rosto, da sua voz e muito menos do seu nome.

– Se um dia você desejar ficar noivo e se casar, precisa olhar atentamente para outras moças.

– Não estou nesse clima de seguir em frente e reparar em outras moças.

– Diferente da Catharina que não perdeu tempo e já está noiva. – Disse Inácio entrando no camarote e sentando ao lado do amigo – A carruagem está nos aguardando.

Heitor fez questão de segurar os amigos por alguns minutos até que sua ex. noiva não estivesse mais por perto. E para segura-los fez diversas perguntas sobre a Srta. Ribeiro, perguntou sobre a sua família, em qual ramo de negócio eles estavam envolvidos, que tipo de pessoa ela aparentava ser, se ela já havia se apresentado a sociedade, se tinha irmãos. Inácio ficou bem animado em responder cada uma daquelas perguntas, como a Baronesa havia tomado chá com Madalena e a sua mãe, ela descobriu muitas coisas interessante a respeito da jovem e compartilhou cada descoberta com o filho.

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