Capítulo 38

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Ao deixar Cecília os viajantes seguiram o caminho para Florência e a cada distancia sentia a temperatura cair um pouco mais. O vento gelado do Oeste era muito persistente e apesar do conforto da carruagem era possível sentir o seu toque gelado. Além do chato vento, uma chuva franca e copiosa acompanhou o grupo até o fim da viagem.

Magnólia esfregava as mãos e sorria o tempo todo, mesmo com luva seus dedos pareciam congelados, a bota que era de couro e impermeável não era suficiente para aquecer os pés, as vezes ela tinha a sensação de que já não sentia os dedos.

A reta final da viagem deveria ser mais fácil que todo o caminho já percorrido, mas infelizmente não foi. Naquele momento, Magnólia não desejava chegar ao seu destino, seu desejo era de voltar toda a viagem e confrontar o pai, dizendo que os seus argumentos sobre boa viagem, melhores médicos e parteiras não valiam todo aquele sofrimento.

"Será que pode piorar?" Questionou ela.

Para sua surpresa ou azar, surgiu uma pequena goteira dentro da carruagem, bem no meio deles. A chuva engrossou um pouco mais e a goteira passou a molhar a todos. Magnólia queria gritar e amaldiçoar os céus e a terra. Quando estava prestes a fazer isso, ouviu a risada de Narciso que aos poucos foi evoluindo para uma gargalhada e em minutos todos começaram a rir.

Ao longo do caminho, fizeram uma pequena pausa em uma pousada, onde conseguiram trocar de roupa, tomar uma refeição e consertar o teto da carruagem. Voltar a viagem após aquela parada foi muito mais fácil. Ao longo da estrada já era possível observar o mar que cercava toda a cidade. O trajeto a seguir era espetacular, logo era possível observar os navios atracados no porto. A chuva e o vento persistiram, assim não era um bom tempo para navegações, o comercio de importações tinha que esperar.

As ruas estavam quase desertas, era possível observar algumas pessoas caminhando com seu guarda-chuva que se curvava com o vento. Enquanto outras estavam paradas na frente de algum comércio esperando a chuva passar ou observando crianças correndo. Ninguém deu importância para a carruagem que passava. Embora fosse uma das mais belas da redondeza. A população estava acostumada com todo aquele trafego. Visto que se aproximava o baile branco, havia visitantes de toda a Brígida, a cidade estava repleta de convidados reais (duques, marques, condes, viscondes e etc...) além de famílias influentes e socialmente importantes.

Passar pela rua principal trouxe a Narciso e a Magnólia lembranças afetuosas e importantes. Cada comercio, cada monumento, cada residência tinha uma história ou acontecimento memorável. Ao passar em frente ao colégio as lembranças não paravam de surgir. E todo aquele transtorno infernal durante a viagem simplesmente perdeu a sua importância.

-Qual é a peça teatral que está em cartaz? - Questionou Narciso ao marido que estava na janela e tinha uma melhor visão.

– Noites de Reis – Disse Magnólia - Gosto muito dessa história.

– É sobre o que? – Perguntou Sr. Garbin.

– Conta a história de um duque que se apaixona pela Lady Olivia. E na história surge uma jovem mulher, que chega a cidade devido a um naufrágio. Ela tem um irmão gêmeo idêntico, que provavelmente morreu no naufrágio. O nome dela é Viola. Viola rouba a identidade do irmão gêmeo e se torna Cesário. E ela Passa a trabalhar como mensageira do duque e manda mensagens para Lady Olivia. A lady se apaixona por Viola, pensando que ela é um homem e Viola se apaixona pelo Duque. E ela não pode revelar o seu grande amor ao duque, pois o duque pensa que ela é um homem.

– Que confusão – Disse ele olhando para o teatro – Será exibida hoje, o que acham irmos ao teatro?

– Estou um pouco cansada e só desejo dormir em uma cama quentinha – disse Narciso.

MagnóliaOnde histórias criam vida. Descubra agora