Capítulo 53

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A bilheteria do teatro já estava aberta. Mas o teatro só estaria aberto para evento em duas semanas. Sr. Arthur encarou a longa fila torcendo para conseguir os bilhetes para o primeiro evento do teatro, não importava qual seria o evento opera, recital, orquestra ou uma peça, aceitaria qualquer coisa. Vinte minutos depois, havia apenas quinze pessoas para comprar os bilhetes a sua frente. Enquanto olhava o movimento a sua volta, notou o amigo Inácio entrando na fila.

Quando Inácio reparou Arthur bem perto da bilheteria, saiu do último lugar da fila e entrou na frente do amigo e disse em voz alta e de modo bem atrevido: – Desculpe a demora, obrigado amigo por guardar meu lugar. Não tinha percebido que você já estava aqui!

Arthur deu uma risada de deboche, mas acabou entrando naquela dança.

– Demorou mesmo, já estava pensando que ia comprar os bilhetes para as quatro estações de Vivaldi sem você!

– O que? – Sussurrou Inácio para ninguém descobrir sua trama. – Eu vou comprar bilhetes para uma comédia qualquer. Música me dá sono, se é pra dormir no teatro prefiro dormir em casa.

– Agora você vai ter que comprar bilhetes para assistir as quatro estações. – Sussurrou Arthur, ele sabia o quanto o amigo odiava concertos musicais e fez questão de obriga-lo a comprar.

– Toda vez que tento ser esperto acabo me dando mal. – Disse Inácio olhando para o final da fila que já estava aumentando. – Agora que entrei neste navio, vou ter que me afogar com a tripulação.

– Compre um bilhete para as quatro estações e depois compre outro pra uma comédia qualquer.

– E desde quando você gosta de Vivaldi? – Perguntou o amigo confuso.

– Desde quando convidei Sófia e Magnólia para um passeio.

Sófia, aquele nome causou uma leve palpitação em Inácio, que não conseguia conter o sorriso. Ele tinha em suas mãos uma oportunidade única, de se encontrar com Sófia longe da sua mãe.

– Podemos ir juntos, neste caso. – Disse ele tentando disfarçar suas segundas intenções.

– Ei! Eu sei o que você está tramando, Inácio.

– O que?! – Perguntou o amigo rindo de nervoso. – Não existe trama alguma. Eu só acho que seria ótimo.

– Ótimo para quem? – Perguntou Arthur cruzando os braços e franzindo o cenho.

– Para o Heitor.

– O que o Heitor tem a ver com essa história?

– Tudo! – Explicou Inácio desviando o olhar do amigo desconfiado. – Heitor foi rejeitado, ficou noivo quase uma vida inteira e hoje está sozinho em casa com um coração partido. Então eu pensei, se você vai ao teatro e vai levar Sófia, eu posso convidar a amiga dela e o Heitor. Lembra o que eu disse? Antes que termine o inverno Heitor e Madalena estarão apaixonados.

Arthur não engoliu a conversa do amigo, mas no fim das contas aceitou dividir a carruagem com eles. Ele pretendia contar a Magnólia toda a verdade e com os amigos ao seu lado, se sentia mais encorajado para enfrentar essa situação.

Inácio voltou para casa com os bilhetes em mãos. Sua mãe o aguardava ansiosa na sala de visitas. Ela tinha certeza que Sófia aceitaria o filho. A baronesa observava aqueles dois a anos e ela sentia em seu coração de mãe, que existia algo entre eles e que o filho confessaria seu desejo de corteja-la em breve. Sófia era uma das poucas moças bem conceituada pela baronesa e uma das poucas que ela realmente amava.

Quando a carruagem passou pela entrada principal, a baronesa queria ir ao encontro do filho e perguntar como a moça havia reagido. Mas conteve sua ansiedade e observou o filho descer da carruagem. Inácio agradeceu aos criados por recebe-lo, pediu para um criado avisar a mãe que havia chegado e que ia caminhar um pouco no jardim.

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