Magnólia

Capítulo 58

Quatro dias se passaram e ninguém havia descoberto o paradeiro de Magnólia. Todos os seus amigos e parentes foram informados ou pelo menos era o que todos imaginavam. Telegramas, cartas e mensageiros foram enviados para cada um deles. Cada pessoa do convívio social de Magnólia se empenhava para encontra-la, mas ninguém era tão dedicado e devotado quanto Sr. Arthur que colocou um anuncio em cada jornal de Florência e em cada jornal das cidades vizinhas.

O anuncio não informava a sua fuga, apenas o seu desaparecimento misterioso. Havia um esboço do seu rosto, feito com muito carinho por Sofia. Foram incluídos no anuncio informações a respeito do seu pai, a última roupa que provavelmente ela estaria usando e uma recompensa generosa para quem informasse o seu paradeiro. E graças aos esforços incansáveis de Arthur e dos seus trinta e sete anúncios o esconderijo de Magnólia seria revelado em breve.

Ninguém informou a Srta. Alves do desaparecimento de sua amiga, foi enviado um telegrama com urgência para a sua casa em Albuquerque, mas ela estava em Cecilia sendo tratada como uma rainha por todos os empregados do Sr. Gregório, seu atual noivo. Narciso simplesmente se esqueceu que Sr. Theodor Gregório havia voltado para sua residência e que não estava mais em Albuquerque. Assim ele também não foi informado do desaparecimento de Magnólia ou melhor de sua fuga. Os pais de Vitória Alves sabiam que a filha voltaria em alguns dias e não queriam preocupa-la, por isso aguardaram o retorno dela e não enviaram nenhum bilhete, carta ou telegrama a respeito de Magnólia.

A srta. Vitória Alves, estava amando a hospedagem na residência dos Gregórios. O seu quarto de hospede era de um luxo e de um conforto sem igual, tinha sido redecorado a pouco tempo, para ficar do agrado da senhorita. Além dessa regalia, foi lhe oferecido uma das camareiras como sua criada pessoal, a jovem Eliza, que havia se apegado a Vitória com grande facilidade.

Eliza deu leves batidas na porta do quarto onde Vitória estava hospedada. Na bandeja do desjejum havia todo tipo de frutas e bolinhos. O desjejum era levado ao seu quarto como se ela fosse a senhora de daquele lar.

– Eliza, estava pensando no meu desjejum e no meu passado também. Como gostaria de voltar no tempo e mudar alguns detalhes desagradáveis da minha vida – Confessou Vitória se levantando da cama. – Se eu soubesse que seria tão feliz com Theodor, teria feito de tudo para nunca ter me envolvido com Sr. Rodrigues.

– A senhorita só é o que é hoje, pelas coisas que viveu e fez. Alterar o passado poderia modificar todo o seu futuro e sejamos honestas, deve ter algo na sua vida que compense cada decisão ruim do passado.

– Sim, existe uma coisa muito boa que eu não trocaria por nada, nem por um bom passado. – Disse Vitória pensando em seu atual noivo – Mas eu fico imaginando como fui tola por sofrer tanto por alguém que não me amava. Sabe, eu derramei lagrimas por Sr. Rodrigues. Porque eu não conheci Sr. Gregório antes de Sr. Rodrigues?

– Sr. Gregório é um homem tão simples, de aparência tão comum. Talvez a senhorita não se apaixonaria por ele se não tivesse acontecido tudo que aconteceu em sua vida. É como a minha mãe sempre diz...

– Seja grata pelo seu passado, aproveite o seu presente e comemore o seu futuro. – Disse as duas juntas.

– Acho que estamos passando muito tempo juntas Eliza, já estou decorando as frases da sua mãe. – Brincou Vitória admirando a bandeja do seu desjejum

– A sabedoria dos antigos é um tesouro de conhecimento. – Disse a jovem criada separando o vestido de Vitória. –Vou deixar o vestido pendurado e volto para te ajudar a se trocar quando terminar o seu desjejum.

Vitória tomou o dejejum, enquanto admirava a paisagem. Cecilia era uma bela cidade, maior que Albuquerque e por tanto mais movimentada. A residência da família Gregório ficava distante do centro da cidade, então a vista do quarto de hospede onde estava Vitória, era belíssima, a natureza a sua volta acalentava qualquer coração e todas as manhãs ela era presenteada com o canto do rouxinol.