Capítulo 32

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Um passeio na cachoeira era o que todos almejavam, naquela tarde tediosa de domingo, embora o inverno ainda não havia chegado o dia estava agradável, era o que todos pensavam exceto Sr. Garbin que achou uma péssima ideia sair ao relento com a sua amada esposa.

– Conheço várias pessoas que pegaram uma gripe ao fazer um simples passeio no jardim – Dizia Sr. Garbin – olha para o tempo como está fechado, quem me garante que Narciso estará salva de uma gripe, resfriado ou Deus me livre uma pneumonia?

O tempo realmente estava fechado, mas não havia sobre o céu nuvens carregadas, nada indicava uma tempestade, talvez uma garoa, mas não uma tempestade. O dia estava se arrastando lentamente e não havia nada de empolgante para se fazer, além de jogos enfadonhos de carta ou o aborrecido gamão. Nem mesmo a visita inesperada de Vitória despertou alegria ou distração. Todos estavam sentados olhando para o tempo e insatisfeitos.

– O dia não é dos mais belos – confessou Sr. Gregório – E não está muito adequado para uma jovem mãe, mas acredito que para nós – disse ele se dirigindo a Magnólia e Vitoria – Um passeio não fará mal. Além do mais, alguém me deve um passeio a cachoeira Cristalina.

Magnólia percebeu a indireta de imediato, olhou para o pai que mostrou indiferença ao tempo e a sua saúde. Olhou para a amiga que mostrou grande animação e olhou para a irmã que demonstrou tristeza, pois almejava o passeio mais do que todos e agora se viu obrigada a observar o marido escrever cartas de negócios.

Magnólia pegou sua capa verde musgo e emprestou um azul marinho para a amiga. Ela sentia que o passeio não seria nada agradável, parecia que o tempo feio estava lhe dando algum tipo de pressagio. Considerou a possibilidade de cancela-lo, mas Vitória estava tão contende em frente ao espelho, que parecia um pecado revoga-lo.

A duas amigas estavam no hall de entrada esperando Sr. Gregório que como sempre se atrasava para tudo. Enquanto a Vitoria falava sobre vestidos de musseline, Magnólia ficou imaginando qual relógio o amigo escolheria. Sr. Gregório desceu as escadas colocando o relógio no bolso e para surpresa dela, ele não havia trocado de relógio. Sua demorava foi pelo simples habito de demorar mesmo, ele sabia que isso a deixava irritada e para ele deixa-la irritada era divertido.

O orvalho da manhã estava sobre toda as vegetações da cachoeira, não havia pássaros ou qualquer outro animal ao redor. A luz fraca do sol passava com grande facilidade sobre as árvores que estavam perdendo as suas folhagens. E a paisagem continuava tão bela quanto estava na primavera. Sr. Gregório ficou fascinado com a beleza do lugar, esticou uma toalha de piquenique próximo a agua e recolheu algumas pedrinhas.

– Em Cecília bem na propriedade da Sra. Cerqueira, existe um lago bem calmo. Quando criança eu e meu irmão mais velho juntávamos pedrinhas e passávamos a tarde toda ali. Até a velhota nos encontra e nos expulsar aos berros – Disse Sr. Gregório atirando as pedras recolhidas.

Quando a última pedra foi arremessada Sr. Gregório anunciou que estava na hora de fazer um passeio.

– Preciso explorar este ambiente – Confessou ele ajudando as damas a ficar em pé – Todas as cachoeiras de Albuquerque são tão belas?

– Sim, todas são belas – Disse Vitória.

– Estou apaixonado – Pronunciou Sr. Gregório deixado Magnólia preocupada – Estou apaixonado por este lugar, pela cidade e...

– E pelo clima – interrompeu Magnólia irritada.

Sr. Gregório ficou surpreso com a sua atitude e sorriu, estava evidente o quanto aquele passeio a deixou irritada. Vitória olhou para a amiga e percebeu seu aborrecimento, mas não conseguia compreender a causa. Em busca de respostar encarou Theodor que estava se divertindo.

MagnóliaOnde histórias criam vida. Descubra agora