Capítulo 47

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O inverno se aproximou de vez e tomou conta de toda a Brígida. O reino estava de baixo de uma pequena nevasca. todas as pessoas ficaram ilhas em seus aposentos. As jovens debutantes não foram cortejadas pelos seus pretendentes, o comercio ficou fechado amanhã toda e boa parte da tarde. Apenas no começo da noite a situação melhorou, permitindo que os habitantes de Florência, realizassem algum jantar ou um pequeno sarau.

Magnólia abriu a janela da hospedaria e se deparou com uma Florência silenciosa, dava pra fechar os olhos e imaginar sua pequena cidade, mas toda vez que ela fechava os olhos, Sr. Arthur aparecia. Como era difícil ama-lo, sabendo que ele é um Rodrigues.

– Uma família manipuladora, controladora e arrogante. Eu sempre disse a mim mesma que nunca faria parte de uma família tão abusiva e autoritária, ainda mais eles que encaram o casamento como uma instituição para obter fortuna. Sem contar que a fortuna deles é muito duvidosa, todos aqueles jogos de azar, levaram muitos dos nossos amigos a falência. Sr. Arthur é um Rodrigues. Não posso fazer parte dessa família! – Magnólia se levantou decidida a esquecer aquele assunto. Saindo do quarto bateu duas vezes na porta da irmã.

– Shhh, não faça nenhum tipo de barulho. Carlos está com uma baita dor de cabeça e qualquer som o deixa irritado.

– Sabe o que seria irritante? – Brincou Magnólia.

– Eu tenho até medo da sua resposta – Disse a irmã desconfiando. – Mas me diga o que seria irritante?

– Você dar à luz com ele de ressaca. Imagina seus gritos aos berros e ele sofrendo com dor de cabeça.

– Às vezes você tem umas ideias tão malignas que me assustam. Deveríamos lhe chamar de Mag Maligna.

– Hum... gostei.

– Sua maluca, está na hora do dejejum, preciso muito tomar um bom chá e pedir um forte café para o Marcos.

Sentadas na mesa mais aconchegante de toda a hospedaria, as irmãs tiveram uma agradável amanhã, Magnólia contou da forma mais fiel possível a decoração do palácio e o banquete oferecido. Narciso ficou encantada e lamentou ter perdido tudo aquilo. Quando o dejejum foi servido todos ficaram em silencio e apreciaram o doce sabor e o aroma de uma boa refeição.

Ao lado da xicara de Magnólia, estava a carta destinada a amiga. A neve caia de forma continua, indicando que nenhum comercio funcionária de forma adequada. Levando em conta o estado das estradas e o mau tempo. Srta. Alves, receberia a carta em três dias e se Magnólia tivesse um pouco mais de sorte, receberia a resposta em dois dias ou talvez demorasse mais tempo. Assim ela teria uma semana para resolver as suas questões profundas sozinha.

De volta para o quarto, Narciso deixou algo para o marido. Magnólia reservou todo o dia para as leituras. Mas seus planos foram interrompidos. A irmã ficou o dia todo com ela no quarto, exigindo mais detalhes sobre o baile.

– Mas e quanto a Sófia? O que ela usava? Como foi a sua entrada? Ela dançou com quais pessoas? Quais eram as outras debutantes? Alguém importante de Albuquerque? O Sr. Arthur estava lá?

Magnólia respondeu cada pergunta de forma calma e sem demonstrar nenhum interesse particular. Mas a última pergunta, aquele nome, fez a sua pupila dilatar. A irmã atenta a cada gesto descobriu logo que havia acontecido algo de importante e que era preciso sutileza para fazer a Lia falar.

– Eu sabia que ele estaria no baile – Disse Narciso – A primeira apresentação da irmã a sociedade, como um bom irmão ficaria de olho em cada pretendente. Acha que ele é muito ciumento?

– Ele acompanhou poucas danças da irmã enquanto eu estava lá.

– Como sabe disso?

– Por... porque ficamos juntos uma boa parte do baile, ele ficou...

MagnóliaOnde histórias criam vida. Descubra agora