Capítulo 41

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A hospedaria ficava na parte mais alta da cidade e era próxima do centro e do teatro. As enormes janelas dos quartos tornavam a paisagem panorâmica ainda mais bela. O quarto do casal tinha vista para a cidade, enquanto o de Magnólia lhe permitia observar o mar.

Os dias se passavam devagar, todos tinham a sensação de estar ali por meses, mas apenas se passaram dias. Magnólia confinada na hospedaria, já havia lido e relido todos os livros que trouxe. Os jogos de cartas com a irmã se tornavam tediosos e nem as partidas de gamão eram divertidas.

Em uma certa manhã, Magnólia acordou silenciosa, olhava para o horizonte, se perdia em seus pensamentos e suspirava profundamente. Narciso observou a melancolia que rondava a irmã e questionou o motivo dos seus infortúnios. É claro que ela não confessaria com todas as palavras que sentia saudades de Sr. Arthur, em vez disso contou que estava impaciente por estar em confinamento e por não receber nenhuma carta de Sófia.

– Sófia deve estar bem ocupada com os preparativos para o baile, não é fácil ser uma debutante nos dias de hoje. Se já é difícil ser apresentada a sociedade no baile publico da primavera, imagina como deve ser difícil ser apresentada a realeza e a alta sociedade no baile branco. Sófia deve estar extremamente ocupada. Em breve ela vai te responder. Agora sobre o seu confinamento, já lhe disse por milhares de vezes que estou bem e que não preciso de uma babá a todo momento.

– Já foi decidido enquanto Sr. Garbin sair a trabalho eu serei a sua companhia...

– Sabe que eu posso ficar muito bem com qualquer criada da hospedaria.

– Existem apenas três pessoas capaz de cuidar de forma excelente da minha amada esposa – Confessou o marido entrando no quarto – Magnólia, Sr. Rodrigues e eu.

–Eu insisto que vocês saiam e me deixem aos cuidados de uma criada, como faltam poucos dias para o baile seria bom ficar com uma ou duas criadas diferente para no dia do baile já ter uma criada de confiança para ficar comigo.

Sr. Garbin ouviu a esposa e enquanto eles pensavam juntos com quem ela ficaria informou a cunhada que uma jovem estava no saguão da hospedaria esperando por ela. Magnólia sorriu para a irmã e de imediato foi ao encontro da amiga, descendo as escadas o mais rápido que pode.

– Sófia! – Gritou Magnólia ao longe e ao se aproxima foi recebida por um longo e apertado abraço.

– Lia, me perdoe a demora. Estava tão envolvida com os detalhes do baile que fui imprudente. Deveria ter escrito um bilhete, um telegrama ou uma carta.

De todos os dias que esteve em Florência, aquela manhã foi a mais agradável. As amigas se atualizaram de alguns acontecimentos da vida. Sófia falou do pedido que recebeu do Sr. Fernandes, confessou que achou estranho ser notada por ele e que aquilo tudo lhe despertou um pequeno afeto. Magnólia contou o soco que o quase conde de Sazo recebeu do seu amigo Sr. Gregório, e contou da pequena visita a Cecilia. A conversa a seguir manteve o foco apenas no baile. Sófia contou alguns costumes que eram importantes dos quais Magnólia desconhecia. E destacou a importância de todas as debutantes serem anunciadas ao rei e a rainha, na companhia de uma patrona.

– Quem será a sua patrona?

– A Baronesa de Hansen. Como não sou da nobreza e a mãe do Sr. Fernandes não tem filhas, solicitou a minha mãe para ser a minha patrona, desde o dia do meu nascimento. Essa talvez seja a grande razão de ter ganhado o convite para debutar.

– Isso significa que eu estou diante da protegida de Hansen. Que privilégio! – Brincou Magnólia deixando a amiga envergonhada – Mas ser uma protegida lhe dá que privilégios? Além de ser convidada para um baile como esse?

MagnóliaOnde histórias criam vida. Descubra agora