Capítulo 46

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Sr. Arthur notou o semblante assustado da jovem. A descoberto do sobrenome foi um choque, aquele a quem ela amava pertencia a uma família, que havia adquiriu sua fortuna por meios desonestos. Magnólia não gostou da notícia e a sua expressão facial deixou isso bem evidente. É claro que em algum momento o rapaz revelaria a jovem o seu sobrenome. E a revelação aconteceria de forma sutil. Não lhe causaria nenhum tipo de espanto e ele não correria o risco de perde-la.

O espanto de tal revelação foi tão grande que Magnólia não disse nada. O maior problema não era Sr. Arthur ser um Rodrigues, o maior problema era ela estar apaixonada por um Rodrigues. Magnólia olhou para o nada e tentou absorver aos poucos aquela ideia, a ideia de estar apaixonada por um Rodrigues. 

Por um longo período, os três ficaram em total silencio. Cada um perdido em seus próprios pensamentos. Sr. Garbin ocupava a mente com a esposa e o bebê, enquanto Sr. Arthur tentava adivinhar que sentimentos, a descoberta do seu sobrenome, despertou em Magnólia. Ao passo que ela tentava assimilava tudo aquilo.

– Sr. Rodrigues – Disse Sr. Garbin um tanto curioso – Magnólia o chamou de Sr. Arthur, o senhor é o mesmo Sr. Arthur que estava em Albuquerque no ano passado?

– Sim, sou eu mesmo.

– Ouvir muito falar do senhor, aliás toda a Albuquerque fala de ti. O Sr. Rodrigo Rodrigues é o seu parente?

– Somos primos.

– Ele havia se declarado como o herdeiro dos Rodrigues. Isso procede?

– É complicado. – Disse Sr. Arthur envergonhado – Quando me mudei para Albuquerque, deixei de usar o sobrenome da família, informei ao meu pai que não queria ser o herdeiro e nesse meio tempo aconteceram muitas coisas.

– Eu entendo. – Mentiu ele, pois no fundo Sr. Garbin não entendia nada e também não se importava. Sua mente ainda estava ocupada com a esposa e o filho. Sr. Garbin lutou a noite toda contra essa ansiedade e as suas preocupações estavam lhe deixando louco e a bebida era seu único refúgio – Preciso de um drinque. – Informou ele em busca de um criado.

– Você é um Rodrigues? – Perguntou Magnólia assim que o cunhado deu as costas.

– Não podemos escolher a família que nascemos, não é mesmo?.

– É difícil absorver isso. – Confessou ela se sentindo enganada. – Até ontem, o senhor era apenas o Sr. Arthur e agora é... – Sua comoção era tanta que a impedia de concluir a frase.

Apesar de tudo, Sr. Arthur Rodrigues, ainda era o velho Sr. Arthur que Magnólia havia conhecido na cachoeira cristalina. O acréscimo do seu sobrenome não mudava quem ele era. Mas a jovem não conseguia entender isso.

– É complicado. – Declarou ele cada vez mais envergonhado. –  Não tenho orgulhos do sobrenome que carrego e não apoio o legado da minha família. E eu nem sei o que dizer a senhorita, mas sem dúvida eu ia lhe contar.

Magnólia ficou ainda mais quieta, parecia que o universo lhe havia pregado uma peça, quando na verdade foi o seu pai que criou toda essa confusão. Estar apaixonada por um Rodrigues era um problema pequeno em comparação com a confusão de estar noiva de um Rodrigues sem saber.

A banda fez uma longa pausa e todas as debutantes aproveitaram o momento para conversar, fofocar ou simplesmente flertar. Sófia que estava exausta procurou um lugar para sentar, Inácio como um amigo leal e apaixonado a acompanhou. 

– Tenho certeza que encontraremos um bom lugar para sentar na sala oeste. – Disse ele guiando a jovem.

Assim que entraram na sala Sófia viu de longe o irmão e amiga. Ela soltou o braço de Inácio e caminhou em direção a lareira. Quando Sr. Arthur olhou para a irmã e recordou do acordo do seu noivado, o noivado arranjado pelo pai. Embora nunca tenha visto a moça e embora não soubesse nada a respeito dela, precisava honrar aquele compromisso, pela felicidade da irmã. Assim, Sr. Arthur não poderia cortejar Magnólia. Não poderia revelar seus sentimentos mais profundos e nem dizer tudo o que sentia e o quanto a amava. Era preciso se afastar, mais uma vez.

MagnóliaOnde histórias criam vida. Descubra agora