Capítulo 59

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Magnólia não disse nada, apenas leu e releu algumas vezes o anuncio. Ficou claro que Sr. Arthur Rodrigues faria de tudo para encontrá-la. Era nítido a sua preocupação e o seu interesse no bem estar dela. Arthur não descansaria até saber que sua queria Meg. Estava a salvo.

– Quando vi esse desenho e os dados da pessoa que está te procurando, ficou claro duas coisas, que o desenho foi feito pela Sófia Rodrigues e que a senhorita fugiu. – Disse Vitória. – Por isso, Theodor pediu para os criados e as crianças saírem da sala, precisamos entender o que está acontecendo. Porque a senhorita fugiu? Não me diga que é por causa da minha carta ou por causa do meu noivado, porque agora sabemos que não é.

– Senhoritas. – Disse Theodor – Peço que fiquem calmas e conversem com tranquilidade, para facilitar vou deixar as duas. Tenho muita coisa para resolver e sei que como boas amigas chegaram ao entendimento juntas. Se por ventura precisar de qualquer coisa, eu estarei por perto. – Theodor saiu da sala e pediu para os criados não incomodar as jovens e disse o mesmo para a irmã e os sobrinhos que ouviam na porta

Magnólia amassou o jornal e segurando as lagrimas explicou para a amiga toda a verdade. Contou como estava animada com o fim do inverno, contou sobre o convite para assistir a um concerto com Sr. Arthur, Sófia e seus amigos. Confessou que passou horas pensando no que vestir e no que fazer com o cabelo. Até que encontrou uma carta, em baixo da cama da irmã, ela tinha se abaixado para pegar um objeto, que agora não lembrava mais qual era. Quando viu no remetente e destinatário os dados do seu pai e do Sr. Rodrigues, soube de imediato que precisava ler aquela carta.

– Quando descobrir toda a verdade, me senti tão traída, tão enganada, tão manipulada que o meu desejo naquela hora era pôr um fim a tudo. Então gritei, esbravejei e assustei todo mundo. – Confessou Magnólia de imediato. – Quando vi Sr. Arthur saindo da carruagem, a imagem que eu tinha dele se destruiu. Quando descobri que ele era um Rodrigues me assustei um pouco e cheguei à conclusão que ele era como todos os outros. Mas depois de conversar com a Nani, percebi que estava sendo boba e voltei a encarar ele como antes. Mas depois da carta, toda a boa imagem dele se quebrou. Era como se eu tivesse me apaixonado por um reflexo, e não era um reflexo nítido, era um reflexo distorcido e bem distante da realidade. Então na minha cabeça o Sr. Arthur que saiu daquela carruagem era um belo de um golpista, um picareta, um trapaceiro, um ganancioso doido para pôr as mãos no meu dote. Toda a imagem odiosa da família dele se materializou nele. – As primeiras lagrimas começaram a surgir e entre elas, Magnólia continuava – A carta mudou tudo, não consigo olhar para ele, não consigo ver o rapaz de antes. O rapaz da cachoeira, que amava livros, que era tão bondoso e dedicado a irmã. Não consigo ver ele como eu via antes. Eu não sabia o que fazer e pensei que ficaria louca se permanecesse um minuto a mais em Florência. Então fugi, não sei se fugi dele, da minha raiva ou dos meus sentimentos. Só sei que fugi. Não consigo encarar a realidade, pelo menos não agora. Não consigo tirar da minha cabeça a ideia de que fui manipulada pelo meu pai, pelo Sr. Rodrigues e pelo Arthur. Odeio saber que fui enganada, odeio saber que meu pai me enganou, odeio saber que Arthur está envolvido nessa trama.

– Mas ele sabia de tudo? Sabia que era teu noivo? Sabia que deveria te conquistar? Ele sabia desde o início? Os pais de vocês contaram todo o plano para ele?

– Mas é claro que ele sabia, a carta estava com ele.

– Ele confirmou isso? Ou a senhorita gritou com ele e não o deixou se explicar?

– É impossível que ele não soubesse do plano.

– Mas Lia, quando Arthur estava em Albuquerque, lembra os boatos a respeito dele? Aquele boato do noivado planejado? Que ele fugiu de um noivado planejado? Isso não deixa claro que ele não sabia que era a senhorita?

MagnóliaOnde histórias criam vida. Descubra agora