Capítulo 22

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Magnólia acordou mais cedo do que o costume. Bocejou, esticou os braços, olhou para a janela e percebeu que ainda lhe restavam algumas horas de sono. Ficou um tempo de olhos fechados na esperança do sono voltar. No entanto, havia perdido qualquer vestígio dele. E não demorou muito para o dia anterior lhe vir à mente, acompanhado de um sorriso tímido cheio de ternura.

Sr Arthur que também havia perdido o sono, abriu os olhos na escuridão do quarto, respirou fundo e tentou compreender o que havia acontecido no piquenique. E por mais que pensasse e repensasse sobre tudo o que viu e ouviu, não chegou a nenhuma conclusão que acalmasse seu coração aflito.

A temporada de bailes em Florência estava se aproximando. A Sra. Santiago havia recebido o convite para o baile branco. E isso a deixou radiante de felicidade e embora Sofia fosse um pouco jovem, sua idade era adequada. Uma carta foi escrita de imediato e enviada a jovem. Faltavam dois meses e havia muito que fazer e planejar, por isso a sua presença em casa era urgente.

Sófia desceu para o desjejum como de costume, encontrou a carta na mesinha no hall de entrada. O envelope era branco, para combinar com o baile. Isso não a deixou muito contente, pois sabia que depois de se apresentar a sociedade, uma jovem não deveria esperar muito para o noivado e casamento, e embora desejasse casar e ter filhos, não se sentia preparada para isso.

– Bom dia Senhorita – Disse o criado – O que deseja? Café ou chá?

– Não seria mais adequado aguardo meu irmão? – Questionou ela um pouco surpresa.

– O Sr Arthur solicitou que não fosse incomodado e informou que ficará no quarto um pouco mais.

***

"Daniel Defoe ou Charles Perrault?" Questionou Magnólia em busca de uma distração. O livro Roxana de Daniel, parecia adequado no primeiro momento. Mas de contrapartida, O conto da mamãe Ganso de Charles, era muito mais divertido. Principalmente a história do gato de botas, essa foi à distração escolhida, que não durou muito apenas meia hora. Ao terminar a leitura chegou à conclusão de que estava velha de mais para aquelas contos.

Sofia que também tentava ocupar a mente, tinha em suas mãos o exemplar de Camille. E por mais que amasse ler Fanny, as suas preocupações não a deixavam se concentrar nas leituras. Ela olhou para o teto onde ficava o quarto do irmão e decidiu averiguar. O relógio soou às dez horas, o livro foi fechado e deixado na escrivaninha ao lado da carta da Sra. Rodrigues.

Cada passo era bem calculado, os movimentos do corpo eram lentos, para evitar o barulho do tecido. A maçaneta foi virada de forma delicada e a porta aberta com a mesma sutileza, o ambiente estava em total escuridão, aos poucos a sua retina foi se habituando ao ambiente, era possível enxergar a silhueta de alguns moveis, incluindo a cama. A porta foi deixada entre aberta, para evitar qualquer barulho ao fecha-la e para encontrar a saída o mais rápido possível.

Sr Arthur dormia profundamente, ou pelo menos era o que Sofia pensava, parecia bem. Mas só para se certificar, tocou a testa do irmão com o dorso da mão, ele estava um pouco quente, na certa a temperatura estava assim devido a grande quantidade de edredons. Ele não precisava de um medico, só estava um pouco cansado.

Com o coração mais calmo e a mente tranquila, Sofia resolveu voltar para as suas leituras. Segurou a barra do vestido, para evitar tropeçar nela e deu um passo de cada vez, estava quase perto da porta. No entanto, devido a pouca iluminação, tropeçou em uma bota e caiu de joelhos.  Ela ficou imóvel resmungando algumas coisas, olhou para a cama e notou que Sr Arthur não tinha movido nenhum músculo. Suspirou aliviada, no entanto,  seus suspiros de alivio duraram pouco.  Antes que pudesse dar qualquer passou, ouviu o seu nome

MagnóliaOnde histórias criam vida. Descubra agora