Capitulo 55

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Inácio sempre amou o inverno por vários motivos, mas principalmente por dois, as visitas indesejadas desapareciam e a carruagem ficava a sua disposição. A Baronesa detesta sair de casa em qualquer época do inverno, fosse no início ou no final dele. E a sua carruagem era tão aconchegante e espaçosa que Inácio fazia questão de usa-la ao máximo nessa época. Assim quando os amigos combinaram de ir ao concerto, Inácio fez questão de buscar um por um. A primeira parada foi na residência de Arthur, que estava mais do que decidido a contar toda a verdade para Magnólia e desde o momento que essa decisão se fixou em sua mente, seu estômago não lhe deu nenhuma trégua.

– Hoje contarei toda a verdade a Magnólia. –Disse Arthur sentando em frente ao amigo.

– É um bom dia para dizer a verdade.

– Sim, é um bom dia.

Ao chegar na residência dos Rodrigues. Inácio se posicionou para descer e ajudar Sófia, esse cavalheirismo todo era apenas um disfarce, seu plano era conduzir a jovem para que ela sentasse ao seu lado na carruagem e mais tarde sentar ao lado dela no teatro. Quando a carruagem parou Arthur não só ajudou a irmã a entrar como a fez sentar do seu lado. Inácio não ficou surpreso por uma parte do seu plano dar errado, porque a sua vida sempre foi assim. Mesmo quando uma coisa dava certo, ela dava errado.

Sófia sentiu o clima gelado do ambiente, havia um silencio ensurdecedor pairando no ar, tornando aquele fim de inverno ainda mais sombrio. Os dois amigos nunca ficavam quietos. Parecia que estavam brigados ou muito preocupados.

A jovem Madalena Ribeiro ficou encantada ao ver a carruagem da Baronesa. Ela nunca havia andado em um transporte tão nobre com um nobre. Quando a carruagem parou Inácio não se esforço para ajudá-la. Em partes porque não estava com vontade e porque sabia que Arthur tomaria a iniciativa e foi isso o que aconteceu.

Arthur desceu da carruagem e estendeu a mão para ajudar a Srta. Ribeiro. A jovem usava luvas e estava bem nervosa e ao sentir o calor da mão de Arthur ficou ruborizada. Para um homem como Arthur não significou nada aquele toque, mas para uma jovem sonhadora e romântica, foi um momento muito íntimo. Inácio notou o constrangimento da jovem e imaginou como seria fácil bancar o cupido e começou a rir.

– Não sei qual é a piada – Disse Arthur sentando ao lado do amigo, enquanto Madalena sentava ao lado de Sófia. – E nem quero saber.

– Uma das minhas personalidades me contou uma piada.

– Seu humor me assusta.

– Se serve de consolo também me assusta.

A carruagem era realmente confortável, não havia tanta instabilidade quanto as carruagens alugadas que as vezes os Ribeiros utilizavam com certa frequência. Era possível sentar sem se preocupar em se segurar em algo ou em alguém. Madalena usou seu melhor vestido, mas o seu maior adorno era o seu sorriso, que insistia em permanecer em seu rosto.

A penúltima parada foi na residência do Heitor. Seu semblante estava um pouco melhor, mas ainda havia tristeza em seu olhar. Ele subiu na carruagem com grande facilidade e sentou ao lado das meninas.

– Rapazes, Senhoritas. – Foi tudo o que ele disse até chegar a última parada.

As meninas conversavam sobre o concerto e sobre quem elas provavelmente encontrariam. E os rapazes ficaram perdidos em seus pensamentos. Inácio bolou um novo plano para sentar ao lado de Sófia, ele queria muito falar com ela sobre o seu colar e seu pedido de casamento. Heitor pensava em como reagiria se encontrasse a noiva no teatro, o que dizer e o que não dizer ou como disfarça a sua tristeza e como transmitir a falsa a ideia de que o fim do noivado foi um livramento. Arthur organizava as palavras certas para dizer a Magnólia toda a verdade e tentava decidir se seria melhor se declarar antes ou depois.

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