Capítulo 51

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Magnólia acordou mais exausta que antes, seu corpo todo doía e sua mente navegava nos turbilhões de emoções que a madrugada lhe trouxe. Foi difícil abrir os olhos, mas ela juntou sua energia, para se levantar e para tocar o sino para chamar uma criada da hospedaria, que veio ao quarto com o seu desjejum.

– Recebemos ordem do Sr. Garbin de que deveríamos servir um belo desjejum para a senhorita assim que o sino tocasse. – Disse a criada colocando a bandeja sobre a pequena mesa, que Magnólia usava como escrivaninha. – Posso preparar o seu banho?

– Por favor, estou precisando de um banho aromatizante e revigorante.

Meia hora depois a criada retornou ao quarto, com mais dois criados. O mais forte deles segurava um enorme jarro com apenas água morna, o segundo criado segurava um jarro um pouco menor, com água que foi fervida com lavanda e rosa. A criada dispensou os rapazes e arrumou o quarto de banho. Arrumou a mesa com as toalhas, esponjas, sabonetes e óleos perfumados. No quarto de banho havia uma cadeira sanitária, um bidê, a banheira e uma lareira. Sim, uma lareira. A corrente de ar, era algo temido, que poderia provocar um resfriado que facilmente evoluiria para uma pneumonia.

Após o banho Magnólia admirou a vista da janela e tentou ler um livro. No meio da leitura notou que já passava das duas horas. Saiu imediatamente do quarto doida para pegar sua bela sobrinha no colo, e assim que saiu deu de cara com uma cadeira, a mesma cadeira em que Sr. Arthur passou a noite e enquanto observava o objeto, cada lembranças daquela madrugada vieram à tona, cada gesto bondoso e cada palavra gentil do Sr. Arthur dominou seus pensamentos.

– Finalmente acordou. – Disse Sr. Garbin. – Já estava querendo chamar um médico.

– Não seja dramático. A onde está indo?

Sr. Garbin como todo pai bobo, queria gritar aos céus que sua bela filha havia nascido. Como gritar não era apropriado, passou o dia escrevendo telegramas e alguns bilhetes informais para os clientes e amigos. E naquele momento ele estava indo ao correio.

– A senhorita deveria escrever uma carta para seu pai e para sua amiga a Srta. Alves. Tenho certeza que ambos ficarão contentes. Vamos entre, tenho papel, pena e tinta. – Disse ele puxando a cunhada e a forçando a sentar na cadeira.

Magnólia só teve tempo de dar um bom dia a irmã, mas queria mesmo beijar e segurar a sobrinha. Mas aquele afeto todo deveria esperar alguns minutos. A carta feita ao pai foi bem simples e curta. Quando ela estava terminando, Sr. Garbin solicitou que contasse ao sogro o quanto o Sr. Rodrigues havia ajudado.

– Mas eu já encerrei a carta.

– Não tem problema, coloque um P.S e escreva uma pequena nota do tipo: "Sr. Arthur Rodrigues nos ajudou muito". Tenho certeza que seu pai ficara contente, afinal ele estima tanto esse rapaz. – Magnólia hesitou em acrescentar tal informação, mas a irmã insistiu que ela escrevesse as seguintes palavras

P.S Naquela noite o Sr. Arthur Rodrigues veio ao nosso auxilio como um anjo enviado por Deus.

Depois de toda aquela interferência na carta destinada ao Pai. Magnólia pode escrever em paz a carta para a amiga que foi bem mais longa e cheia de detalhe.

Querida Vitória.

A vida na cidade grande é tão agitada que não tive tempo para te atualizar com todas as minhas bobagens. Tenho tantas coisas para contar que não caberia em uma simples carta.

Fui ao teatro, não mudou muita coisa por lá a não ser a decoração. Encontrei algumas amigas do colégio, matei a saudade e consegui colocar os assuntos em dia. Falando em amigas, Sófia me fez uma breve visita, passamos a tarde juntas e conversamos muito, até contei a ela sobre o soco que o quase conde de Sazo ganhou no baile em sua homenagem.

MagnóliaOnde histórias criam vida. Descubra agora