Capítulo 2

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Após o chá da tarde, Magnólia foi cavalgar como havia planejado. O dia estava lindo e os campos sempre a alegrava. Depois de se afastar da propriedade, galopou o mais rápido que pode, adorava sentir os ventos nos cabelos. O ar da cidade pequena era uma das melhores sensações da vida. Em menos de vinte minutos chegou à cachoeira mais próxima.

Albuquerque era repleta de pequenas cachoeiras e lagos. A cachoeira cristalina era a mais próxima da propriedade de Magnólia, e a mais longe dos outros condados. Assim era muito raro encontrar outras pessoas. Esse era o esconderijo de Magnólia. De longe ela avistou as quedas de águas e pensou: "A solidão me faz muito bem".

A viagem foi bem longa, a discussão com o pai foi estressante e o jantar com a família Motta um tédio. Tudo que ela almejava era paz e sossego, mas para a sua surpresa ela não estava só.

Magnólia amarrou o cavalo e tirou o chapéu. Deu alguns passos e escutou risos. "O que? Tem pessoas na cachoeira?" Pensou ela andando lentamente "Mas, essa é uma cachoeira distante dos condados".  No inicio Magnólia pensou que eram apenas crianças, acompanhadas pelos pais, fazendo uma bela bagunça. Porém, na cachoeira havia três rapazes. E aquela cena paralisou a pobre moça por alguns instantes.

"Preciso voltar para meu cavalo, o mais rápido possível." Quando estava voltando, ela avistou um cavalo preto.

- Oh! Que criatura magnífica – Sussurrou ela enquanto se aproximava do animal.

O cavalo permaneceu quieto e permitiu que ela o toca-se, entretanto algo perturbou o animal. Seu dono um quarto rapaz que Magnólia não viu percebeu a agitação.

- Xi! Fiquei quieto – Murmurou ela.

Se o cavalo continuasse agitado, chamaria a atenção dos rapazes. E tudo o que Magnólia queria era ir embora sem ser vista. Apesar de todos os seus esforços o cavalo continuava cada vez mais impaciente. Assim ela foi se afastando aos poucos.

-Parada, não se mecha! – Gritou o quarto rapaz.

Magnólia ficou imóvel. – Eu não estava tentando roubar seu cavalo! – Disse espantada.

- Cuidado, qualquer movimento será seu fim – Respondeu ele com mistério na voz.

"Ah meu Deus. É agora que eu morro."

Uma flecha passou entre os cabelos de Magnólia. 

- Mas um pouco e a cobra picava você ou o meu cavalo – Disse ele passando ao lado de Magnólia e pegando a flecha e o animal morto.

"Ainda estou viva". Pensou ela aliviada passando a mão pelo corpo.

O rapaz não percebeu o seu medo e continuou falando enquanto se vestia.

 - Perdoe meus trajes de banho. Meu criado disse que ninguém vinha a essa cachoeira, então eu e meus amigos ficamos bem à vontade.

Magnólia não teve coragem de olhar nos olhos do rapaz. Permaneceu de cabeça baixa o tempo todo.

- É melhor eu partir – Disse ela concentrando-se para não transparecer o medo que sentiu.

-Espere! – Antes que Magnólia conseguisse se afasta, ele pegou em sua mão – Apenas me diga, qual é o seu nome?

Magnólia respira fundo, levanta a cabeça e sorri. O rapaz não era apenas dono de uma beleza hipnotizante como também tinhas lindos olhos verdes. Verdes como os campos ao redor de sua casa.

- Meu nome é...

-Arthur! – Gritam os amigos do rapaz que saem a sua procura. Ele solta a mão de Magnólia, ela vê a oportunidade perfeita para ir embora.

***

-Você viu Charles? – Disse Magnólia conversando com o cavalo no estábulo – Que rapaz belo e que olhos encantadores. Verdes como a vegetação dos nossos belos campos, mas dono de tamanha beleza deve ser o maior galanteador de todos os tempos. Deve ter partido bilhões de corações inocentes e veio ate Albuquerque para aumentar a sua coleção. Os amigos devem chama-lo de Artur o cortejador, ou Arthur o conquistador... Arthur... Arthur... Arthur – Repetiu ela diversas vezes, enquanto tirava a Sela do cavalo.

-Arthur? - Perguntou o Senhor Santiago – Quem é Arthur?

- É – respondeu Magnólia espantada – Um personagem de um livro escrito por Thomas Maroly - Respondeu ela rapidamente.

- O Rei Arthur e Os cavaleiros da Tabula redonda?

- Esse mesmo.

- Mas porque estava pensando nesse livro?

- Nada - Respondeu Magnólia um pouco corada – Apenas deu vontade de ler um pouco.

Sr Santiago ficou um pouco desconfiado. Ele sabia que alguma coisa a fez pensar nesse livro e pelos seus gestos e expressões faciais, foi algo fora do comum. Mas o que seria?

- Cachoeira - Sussurrou ele ao encontrar a resposta.

- O que o senhor disse? - Pergunta Magnólia intrigada,

- Nada - Disse ele com um sorriso no canto da boca.

MagnóliaOnde histórias criam vida. Descubra agora