Capítulo 42

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As palavras de Estevão "nova fase da vida", "Senhora Garbin" e "Elas sempre ficam mais felizes que o marido" deixou evidente que o noivado de Magnólia se concretizou em um casamento. A dor daquela noticia se tornou pior do que a dor do noivado. Se tornou cada vez mais inevitável tirar os olhos de Sr. Garbin. Sr. Arthur buscava uma forma de justificar a escolha dela, queria entender o que a levou a se apaixonar, nenhuma ideia era suficiente. Enquanto analisava a situação. Heitor se aproximou por trás do amigo e lhe deu uma chave de braço.

– Agora quero ver você escapar dessa – Disse ele rindo como um lunático.

– Heitor seu moleque, é por isso que Catharina ainda não se casou com você – As palavras de Sr. Arthur não apenas desarmaram o amigo, mas também o feriu.

Catharina era uma moça muito bonita, que almejava grandes fortunas. E isso era exatamente o que Heitor não possuía. Ele não tinha títulos, posses ou meios ambiciosos de vida. E o seu noivado se tornava cada vez mais prolongado. Se tudo dependesse apenas de Heitor eles já haviam se casado. Mas a jovem adiava cada vez mais, na esperança de encontrar um casamento mais vantajoso. E tudo o que ela tinha além do medo de ficar só era um casamento com um homem comum, que apensar de poucos meios, sempre a amaria. Catharina era tola de mais para ver isso e em breve notaria o quanto foi estupida.

Heitor abriu o coração para o amigo e lhe disse que tentou marcar o casamento diversas vezes, mas sempre existia algo que o impedia e com total firmeza enfatizou que jamais desistiria dela. Sr. Arthur não prestou atenção a conversa do amigo. Ele apenas encarava sr. Garbin e tentava entender em que momento da sua partida ele se casou com Magnólia.

Sr. Garbin do outro lado do teatro e distante o suficiente de Sr. Arthur, sentiu que estava sendo observado, incomodado com tal situação, olhou em volta e ficou um pouco temeroso ao notar o jovem Rodrigues lhe encarando. Na tentativa de fugir da sua mira caminhou em direção ao Hall de entrada, brincando com algumas pessoas e cumprimentando outras.

Heitor falou por mais ou menos uns vinte minutos, acreditando que estava sendo ouvido e que o amigo lhe daria uma boa solução. Mas nenhuma palavra foi lhe dirigida.

– Arthur! – Disse Heitor entrando no seu campo de visão do amigo – O que você me diz?

– Digo?

– Diante de tudo que lhe contei.

– Me desculpe, não prestei atenção... o que você dizia?

Heitor não ficou bravo e em vez de fazer uma versão curta da história repetiu tudo de novo. Segurando o amigo por mais tempo e o impedido de ir embora cedo.

O teatro estava bem iluminado e muito bem aquecido, devido ao calor humano. O equinócio do inverno estava se aproximando e em breve o teatro seria fechado. Era sobre isso que as amigas de Magnólia conversavam, sobre como o inverno era deprimente e tedioso. Toda a diversão ao ar livre era inadequada, a menos é claro que alguém desejasse pegar um resfriado.

– Se for para pegar um resfriado que seja em Netherfield e aos cuidados de Mr. Bingley – Brincou Magnólia citando orgulho e preconceito;

– Onde fica Netherfield? – Questionou Arlete.

– Não sei, mas esse Mr. Bingley deve ser um inglês muito atraente, pois chamou a atenção da Lia – Debochou Coralina, que estava louca para ver a amiga casada.

– Gostaria de conhecer esse inglês – Disse Berenice, a mais desesperada para se casar – Mr. Bingley está em Florência para a temporada de bailes?

– Mr. Bingley é um personagem de um livro – Respondeu Virginia – Embora eu prefira Mr. Darcy.

– Você o prefere pela personalidade ou pelas dez mil libras? – Perguntou Magnólia um tanto curiosa.

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