Benjamim é um homem marcado pelo seu passado doloroso, algo que ele guarda para si, dentro da grande geleira que cobre seu coração.
Júlia, a moça doce e sonhadora, sente-se atraída em desvendar o segredo por detrás da frieza do irmão do seu...
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Fico diante do espelho por um bom tempo após o banho, estou aqui tentando me convencer de que a entrevista fluirá tranquilamente e que desta vez não farei nada de errado. Tenho a impressão de que sou uma iludida completa.
Samuel disse que seu irmão me daria uma chance, porque seu pai diria boas coisas sobre mim, mas a questão é que ele não sabe como foi meus primeiros encontros com Benjamim, e nem nunca vai saber, existem certas vergonhas desta vida que nunca precisamos contar.
Basicamente, preciso mostrar a ele que mesmo sem ter tido experiencia alguma no ramo, posso ser uma profissional bem útil. Mas antes de tudo, preciso me convencer disto também.
Vesti a roupa mais formal e apresentável que encontrei, um vestido tubinho preto e sapatos de saltos baixos. Penteei meus cabelos de todas as maneiras possíveis, e então eu me lembrei de que uma vez assisti a um programa de moda, onde uma especialista havia dito que mulheres de cabelos presos e bem arrumados, são pessoas determinadas e confiantes. Não posso dizer que sou as duas coisas, mas vou utilizar esse método e quem sabe aumentar minhas chances.
Ouço meu celular tocar, ele me desperta dos pensamentos, Samuel está ligando, acho que ficou preocupado, afinal, quase não consegui dormir, fiquei a noite toda assando bolinhos para amenizar a ansiedade.
— Estou saindo da sala, logo passo aí... como você está?
— Prefere que eu seja sincera ou minta?
— Julia, eu sei que disse a você várias vezes o quão insensível meu irmão pode ser, mas não acredite totalmente, você sabe que sou exagerado. — Tecnicamente descobri ontem que ele estava bem certo.
— Eu não sou boa, Sam. — Jogo uma fatia de pão de volta no saco.
— Você não é boa, é ótima! Ele vai te adorar.
— Você bem que podia entrar comigo e segurar minha mão o tempo todo, acho que eu me sentiria mais segura.
Ouço seu riso.
— Não seja boba, mas, de qualquer forma, estarei do lado de fora te esperando, deixe de bobagem e comece a acreditar mais em você. Também não é algo definitivo, é só até você conseguir juntar um bom dinheiro e montar sua loja de doces. — Acabo sorrindo. — É tudo pelo seu sonho, Ju, dê o máximo de si e verá que tudo vai fluir.
— Sam, você é basicamente meu coach, e eu nem preciso te pagar!!
Ele ri.
— Vou ligar o carro, conversamos assim que eu chegar. Beijo.
— Beijo, dirija com cuidado, não vá correr feito um louco!!
— Como quiser, mãe.
Nem tenho tempo de reclamar e a ligação se encerra. Sam tinha razão em algumas coisas que disse, é tudo pelo meu sonho, e se não der certo, continuarei tentando. Permaneço firme na decisão de nunca desistir.
